Papa pede preservação da natureza e da cultura indígena na Amazônia

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Diferentemente dos protestos e do esvaziamento dos eventos no Chile, ele foi recebido de forma calorosa na região amazônica peruana


Papa Francisco em visita ao Peru
Foto: Ernesto Benavides / AFP
Em sua primeira missa no Peru, o papa Francisco pediu nesta sexta-feira (19) para preservar a Amazônia dos interesses dos "grandes negócios e da ganância consumista" e chamou o tráfico de pessoas de "escravidão". Francisco começou a visita por Puerto Maldonado, a 232 km da fronteira com o Acre. Diferentemente dos protestos e do esvaziamento dos eventos no Chile, ele foi recebido de forma calorosa na região amazônica peruana.

Representantes de povos nativos de todo o Peru entraram no estádio da cidade junto com o pontífice, a maior parte deles usando vestimentas tradicionais, cocares, instrumentos e falando suas línguas nativas. O pontífice chega à região no momento em que ela é afetada pelo crescimento da mineração e da extração ilegal de madeira, que levou ao aumento do desmatamento, da poluição dos rios e do assédio às comunidades indígenas.

"Os povos nativos da Amazônia provavelmente nunca foram tão ameaçados em suas terras como agora", afirmou. "Vemos as profundas feridas que a Amazônia e seus povos carregam. E quis visitá-los para ouvi-los." Francisco criticou a "pressão exercida pelos interesses dos grandes negócios" buscando petróleo, gás, madeira e ouro e afanando "insumos a outros países sem se preocupar com seus habitantes".

"Não podemos usar as mercadorias da forma como dita a ganância consumista. Devem-se estabelecer limites para que possamos nos preservar de todos os planos de destruição em massa do habitat que nos faz ser quem somos." A homilia do papa foi interrompida em diversas vezes por aplausos e o tocar dos tambores. Depois da cerimônia, ele se reuniu com os líderes indígenas, que mencionaram o que chamam de estupro de suas terras originárias.

"Eles entram em nossos territórios sem nosso consentimento e sofremos muito quando os forasteiros cavam a terra e destroem nossos rios, tornando-os águas negras da morte", disse Hector Sueyo, índio da tribo Harakbut. Na sequência, prometeu ouvir o choro dos nativos e prometeu que a Igreja apoiará à defesa da vida, da Terra e das culturas -desde o início do pontificado, Francisco defende a preservação da natureza e a mudança climática.

Tráfico de pessoas


Francisco também abordou uma consequência da chegada de pessoas à região para a exploração ilegal de ouro e da madeira. Em Puerto Maldonado também cresceu a prostituição e o tráfico humano, principalmente mulheres. "Acostumamos a usar o termo tráfico de pessoas, mas na verdade deveríamos falar de escravidão: escravidão para o trabalho, sexual e para o lucro", disse. "As florestas, os rios e as montanhas são usados até o último recurso e depois são abandonados e se tornam inservíveis. As pessoas também são tratadas nessa lógica."

Ele pediu às autoridades e aos bispos que trabalhem para prevenir as condições de semiescravidão e defendam as mulheres e os jovens da violência, além de melhorar a educação e preservar as culturas regionais. O papa volta ainda nesta sexta a Lima, onde se reunirá com o presidente Pedro Pablo Kuczynski. Ele ainda celebrará sábado (20) uma missa em Trujillo, no litoral norte peruano, e outra em Lima no domingo (21), para a qual são esperadas 1 milhão de pessoas.

Por: Folha PE.


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