Jaboatão estuda barreira subaquática para conter o mar

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A orla de Jaboatão volta a sofrer com o avanço das águas, cinco anos após passar por um processo de engorda. Prefeitura diz que já analisa uma intervenção



No cenário atual, a faixa de areia começa a ser tomada pelo mar novament
Foto: Ed Machado

Mariana Mesquita Cinco anos após ter passado por um processo de "engorda", um trecho da orla de Candeias e Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes, volta a sofrer com a erosão. Em alguns pontos (como o próximo ao Bar do Rafa, perto da foz do Rio Jaboatão), a situação está tão avançada que praticamente já sumiu toda a areia que havia sido recolocada, em 2013. O projeto de engorda custou R$ 41 milhões (verba oriunda do Ministério da Integração Nacional e do próprio município) e durou cerca de dez meses, ao longo dos quais 1,2 milhão de metros cúbicos de areia foram aplicados em 5,8 quilômetros de orla. Em 2016, o trabalho passou pelo primeiro retoque. Atualmente, a prefeitura de Jaboatão estuda a aplicação de uma barreira subaquática para conter o avanço do mar.

"As pedras que ficavam no fundo estão todas à mostra. O mar está arrastando tudo. A obra foi um castelo de areia. Foi muito dinheiro gasto para terminar assim", critica o eletricista e pescador amador Tarcísio Melo, 65 anos. A doméstica Laurinete Borges, 54, considera que é impossível lutar contra a natureza. "Não tem jeito. A obra pode até adiar, mas o mar vem e destrói", afirma. Já o empresário Manolo Cardoso, 52, acredita que engorda foi "totalmente viável e necessária". "Ela deu vida à região, deu praia para as pessoas terem lazer, praticar esportes, tocar seus comércios", aponta.

O engenheiro de pesca e mestre em oceanografia Assis Lins de Lacerda Filho foi o analista ambiental responsável pelo Estudo de Impacto Ambiental e pelo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) necessários para a liberação da obra em Jaboatão, e diz que esta, além de necessária, estava atrasada em vários anos. "Tínhamos uma praia urbana e extremamente deteriorada. Havia trechos onde as ruas estavam erodidas e havia ameaça de prédios ruírem", relembra. Assis frequenta a área de Piedade e Candeias desde 1968, e diz que havia uma situação de emergência instalada, por conta do impacto sobre os patrimônios público e privado. Atualmente, ainda de acordo com ele, muito foi recuperado - não só do ponto de vista econômico e de lazer, mas também sob a perspectiva ambiental. "Estamos percebendo um grande aumento nos ninhos de tartaruga, que voltaram a desovar na região", comemora.

O analista ambiental conta que, em 2013, duas possibilidades foram apontadas em Jaboatão: apenas a engorda utilizando areia, ou a engorda mais a construção de dois ou três espigões para "segurar" a dinâmica costeira. Na época, apesar dos custos serem praticamente equivalentes, optou-se apenas pela engorda, por decisão do Ministério Público. Ele explica que no inverno a força da erosão aumenta, por conta da chuva que aumenta o volume de água na foz do rio e da influência do vento sudeste. "A obra nunca é definitiva, pois demanda ajustes e correções. E se não canalizar e colocar anteparos, vai-se perder areia sempre. Grande parte da que foi colocada em Candeias está sendo levada pela correnteza para Boa Viagem, na altura da pracinha", descreve.

Procurada, a Prefeitura de Jaboatão informou que há estudos em curso para realizar a contenção, mas que os custos são altos e precisam de suporte do Governo Federal. Ainda segundo a assessoria, a área onde está havendo erosão é apenas a que fica próxima da foz do rio, que é naturalmente mais propensa à degradação e já sofre com o problema há várias décadas.

O secretário executivo de Gestão Urbana e Meio Ambiente de Jaboatão, Isaac Azoubel, esclarece que o problema na orla de Candeias, após a Candelária, existe há mais de 40 anos, causado pelo encontro das águas do mar e do Rio Jaboatão. Segundo o gestor, em Piedade, e na grande parte da praia de Candeias, a engorda está estabilizada. “Estamos realizando o estudo e vamos propor uma contenção subaquática que atuará como obstáculo e assim reduzir a energia causada pelo impacto das águas”, explicou Azoubel.


A intervenção em Jaboatão ocorreu em 2013 e custou R$ 41 milhõesFoto: André Nery / Arquivo

Por: Folha PE.


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