O QUE DEVE SER LOUVADO

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José Nivaldo Júnior.


É muito difícil a gente valorizar o que tem ao alcance da mão. Da mesma forma, as pessoas com as quais convivemos na simplicidade do dia-a-dia. A reflexão se aplica tanto a este notável “Terra da Gente” como à sua criadora e editora Maluma Marques. 

Em Surubim, parecem banais como a bolacha da padaria. É preciso se distanciar um pouco para perceber a dimensão do produto e o valor da pessoa que estamos abordando.

Meses antes da pandemia, apresentei ao acadêmico Vamireh Chacon e ao seu filho, Roberto, exemplares do “Terra da Gente” e do “Correio do Agreste”. Os Chacon são dois dos mais reconhecidos intelectuais brasileiros, hoje. Moram em Brasília, São aclamados no ambiente acadêmico  no País inteiro. Pois bem. Ficaram perplexos. Se derramaram em elogios. Pediram para receber sempre as edições. Para eles, era inconcebível que jornais, com perfis diferentes, claro, sobrevivessem com tamanha qualidade gráfica e editorial no interior de Pernambuco. É o caso de invocar o provérbio:  Santo de casa não faz milagre.  

Para não parecer que estou elogiando Maluma por elogiar,  vou citar um exemplo insuspeito: indiquei, cerca de dois anos atrás, Fernando Farias Guerra para fazer uma palestra na Academia Pernambucana de Letras sobre seu belíssimo livro abordando a vaquejada de Surubim. Os debatedores foram o deputado Tadeu Alencar e Wanderson Florêncio.  Por unanimidade, os acadêmicos reconheceram o evento como um dos mais ricos e valiosos dos últimos tempos.  São os talentos maravilhosos que o interior preserva mas, até certo ponto, esconde.

É o caso de Maluma Marques,  empreendedora ousada, corajosa, persistente e criativa.

Sua última façanha é a publicação de um livro espetacular, para o qual tive a honra de escrever as orelhas.

SUAS RAÍZES, SEU LUGAR

No texto , já publicado, registro que o grande escritor russo Leon Tolstói, autor da monumental  obra “ Guerra é Paz” disse, numa frase   muito citada, que se queres ser universal canta a tua aldeia.  A maior qualidade de Maluma é que, sem sair do seu canto,  canta os melhores lugares do mundo. Repito: sem abandonar suas raízes. Sem arredar pé do seu lugar.

Cada qual tem os seus valores. Cada qual  transporta a bagagem das suas qualidades. Cada um  dispoē dos seus talentos. Maluma faz isso com perfeição. 

OS  TALENTOS DE CADA UM

Sem ser religioso, sou profundo admirador da sabedoria dos livros sagrados.  Gosto muito da  parábola dos talentos, inscrita como pregação de Jesus de Nazaré no Novo Testamento. Um dos desperdícios dos bem aquinhoados é abrir mão de suas qualidades. Na parábola citada, alguns, que receberam vários  talentos, trataram de preservá-los. Enterraram  fundo,  com medo dos ladrões. E garantiram seu legado. Só para situar os leitores, a palavra talento tem no caso um duplo sentido. Na época, era uma das moedas mais populares do império romano. Com o tempo, ganhou o sentido que tem hoje. Pois bem, voltando ao texto original: outro, que ganhou um único talento, caiu em campo, acreditou, trabalhou e multiplicou o seu talento. No final, foi o escolhido, o agraciado, o aclamado. Os que esconderam os seus talentos, foram punidos.

VALORIZANDO TALENTOS ALHEIOS

Maluma se aplica, vida afora, a  tirar  proveito e multiplicar os seus talentos. E o mais importante:  agrega muitas outras  pessoas nessa peregrinação. Uma das suas maiores qualidades é revelar e promover talentos alheios. Qualidade combinada com outras,  que são a de somar,  congregar, reconhecer, divulgar.

Nessa linha, participa, estimula, promove entidades literárias  e autores que florescem fora dos cânones acadêmicos tradicionais mas refletindo um espírito  criativo  em ebulição. Agremiações que  emergem do dia-a-dia, do real mundo literário, do quotidiano da maioria.

Nessa linha,  Maluma teve a maravilhosa ideia de organizar uma antologia literária de dimensões nacionais. 

“Ampla Visão” , é o inspiradíssimo título do livro.  O grande encontro dos escritores brasileiros, é o ousado porém verdadeiro subtítulo. Digo na orelha que  escritores de todo o país,  graças a esta iniciativa, passam a ocupar um espaço à altura da qualidade do que produzem. Formando um mosaico de talentos nacionais, multiplicados pelo semear das ideias e pelo plantio de palavras encadeadas com a arte que só o talento multiplicado consegue.

SÓ ELA

Durante uma comunicação privada pelo WhatsApp, sintetizei  o meu sentimento diante da dimensão do trabalho idealizado e realizado por Maluma, repito, raízes fincadas no seu lugar. “Só tu pra fazer uma coisa dessas”.

Reafirmo publicamente a constatação. Só Maluma para, de Surubim, executar tarefa tão expressiva, que vai ficar nos anais da literatura brasileira.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário e historiador. 
Comentarista político. Da direção do jornal 
digital O PODER. Da Academia Pernambucana de Letras. 



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