O PAPEL DE CADA UM NA GUERRA CONTRA O VÍRUS

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A guerra planetária contra o coronavírus ainda está longe de acabar.  Tomamos como base para afirmar isso as informações históricas sobre outras pandemias. A exemplo da famosa peste negra, que em cerca de 20 anos, no século XIV, matou entre um terço e a metade da população da Europa. Depois, não desapareceu de todo, ficou voltando periodicamente, em surtos localizados. Ainda hoje morre gente da peste bubônica, a “febre tifo do rato”, na linguagem popular. 

ESPANHOLA

Outra pandemia famosa, que ocorreu 100 anos atrás, foi a denominada Gripe 

Espanhola. Que não se originou na Espanha, registre-se. O vírus uma novidade dessas que a natureza apronta de tempos em tempos, dizimou entre 20 e 50 milhões de pessoas, quando a população mundial era de aproximadamente  1,8 bilhão de pessoas. Hoje, somos cerca de 5 vezes mais humanos na terra. Morreram, até agora, com o coronavírus, mais de 3 milhões de pessoas. Imaginem o impacto que não representou o morticínio do século passado. Uma esperança: apesar de não se ter conseguido vacina nem remédio científicamente comprovado, o vírus desapareceu de forma tão misteriosa como surgiu. E, até onde se sabe, não voltou mais. Talvez tenha funcionado a tão falada atualmente imunidade de rebanho. São especulações. Respostas consensuais mesmo a ciência não alcançou. 

O CASO DA AIDS

As experiências em como lidar com as situações servem como referência porém não podem ser replicadas automaticamente. A aids, que foi identificada no início dos anos 80 do século passado, já matou mais 33 milhões de pessoas. Dez vezes mais que o atual número de vítimas fatais da pandemia.  A ciência não alcançou a vacina, porém parece ter encontrado um coquetel eficaz que permite uma convivência duradoura com a doença e diminuiu consideravelmente o contágio e o número de pessoas que morrem. É, digamos, um vírus domado. O que leva ao relaxamento das medidas de prevenção. O que pode conter armadilhas, contra vírus não se pode relaxar. 

A COVID JÁ TEM HISTÓRIA 

Depois de um ano e pouco do início da “Era Covid”, o vírus já tem sua história. A guerra contra ele é tenaz. Noves fora os erros cometidos por governos do mundo inteiro, que adotaram frequentemente estratégias sem nexo e sem nenhuma base a não ser o achismo de muitos, houve consideráveis avanços. Apesar deles, placar de momento, o vírus continua ganhando a guerra. Esperamos que isso se reverta no mais curto prazo.

TURBILHÃO DE PAIXÕES 

O ser humano é um poço de contradições. O que move o mundo, desde sempre, são engrenagens econômicas poderosas, que moldam a organização social, a política e as próprias formas de pensar e entender a sociedade.  Somos, também desde muito tempo, animais que se apaixonam. E as paixões nos dominam. Na vida pessoal. Na política. No futebol. Nas causas que abraçamos.

Com relação à pandemia não é diferente. Os interesses econômicos estão por trás de tudo. Esses interesses muitas vezes são invisíveis, como o vírus. Mas estão aí. A própria vacina é um encaminhamento indispensável.  Que movimenta bilhões de dólares ao redor do planeta. Em última instância, um negócio como outro qualquer.

TRATAMENTO PRECOCE

Só a paixão, criada por essas engrenagens imperceptíveis, é capaz de justificar o furor com que se combateu e combate o chamado tratamento precoce da Covid-19.  Verdade que alguns políticos, a exemplo de Trump e Bolsonaro, politizaram o debate. Mas remédio até tem cor mas certamente não tem partido. Não pretendo entender nada de remédio. Mas conheço a cláusula da Declaração de Helsinque, o mais importante documento sobre ética médica produzido no mundo desde Hipócrates, o cara que há cerca de 2.400 anos estabeleceu os pilares da medicina tal como é entendida até hoje. Ali está estabelecido que o medicamento utilizado no tratamento de qualquer doença é uma decisão exclusiva da relação médico/paciente. Ponto. 

OPINIÕES LIVRES. TRATAMENTO, IDEM

Qualquer especialista na área de saúde tem direito de externar livremente suas opiniões sobre as receitas da sua preferência. Mas ninguém, absolutamente ninguém, tem a prerrogativa de se meter na liberdade do médico indicar e do paciente aceitar qualquer prescrição razoável. O debate, nesse nível, nem deveria existir. É incrível que aconteça. E que A opinião restritiva permaneça dominante na mídia mundial.  Embora essas tentativas de proibições  não sejam muito levadas em conta por quem está na frente de combate. Na prática, cada médico decide.  

GOVERNOS INEFICAZES

Também fico perplexo com o comportamento dos governantes é parlamentares no mundo inteiro. Em certos momentos, por desinformação, arrogância, má fé ou interesses escusos, parecem no mundo da lua. Apenas como exemplo, recentemente no Brasil a preocupação maior era com o orçamento. Dizem que um certo teto de gastos não pode ser ultrapassado no combate à pandemia e no socorro aos mais necessitados. Dá vontade de chamar um palavrão bem vulgar. Nem parece que estamos enfrentando uma guerra planetária.  No meu entender, não adianta preservar índices econômicos saudáveis e sacrificar as pessoas. Quando vier a paz, trataremos de resolver outros problemas. Antes disso, temos que vencer o inimigo invisível.

LIBERDADE AINDA QUE TARDIA

Minha defesa da aplicação irrestrita do Documento de Helsinque foi, maldosamente, contestada como se eu fosse mais um desses negacionistas de plantão. Sou a favor da ciência, sempre. Mas não me engabelam os que usam o seu nome para defender o verdadeiro negacionismo.   Patrulhamento, comigo, não costuma funcionar.  Lutei para que a liberdade de expressão fosse reconquistada no Brasil. Vencemos. Pretendo vigiar por ela até enquanto tiver forças e condições. E utilizar as suas prerrogativas. Não fujo ao combate de ideias. Acho o contraditório fundamental e enriquecedor. Divergir é fundamental na sociedade plural e complexa na qual vivemos.

O MEU CASO

Quando tive a Covid usei o coquetel com Cloroquina, Ivermectina, Azitromicina e outros reforços. Comigo funcionou. Conheço várias pessoas, inclusive familiares, que não tomaram nada e o nada funcionou. Já tomei as duas doses da vacina. Tenho um amigo que tomou as duas. Acabei de saber que, mesmo assim, pegou a maldita. Está internado e, enquanto escrevo esse artigo, sendo intubado. Ou seja, mesmo vacinado é importante manter o distanciamento, usar máscara, higienizar. Festa e folia até dá rima mas não combina com pandemia.

É COM VOCÊ...

Você, que está me lendo agora, tem um papel muito mais importante do que imagina nessa guerra. Os governos do mundo inteiro estão falhando na comunicação. Há exceções. Em Pernambuco, nas últimas semanas, tanto o Governo do Estado como as mais importantes prefeituras, encontraram um bom rumo para a propaganda. O caso da vacina exige sutileza. Ela, como falei, é a principal arma. Mas não resolve tudo. Estou sentindo um grande descaso por parte das pessoas. Adultos agindo como crianças trelosas e teimosas. Correndo para aglomerar na primeira oportunidade, sem consciência de que neste caso específico, o papel de cada um é fundamental.  Parafraseando John Kennedy, o ex-presidente norte americano: não pergunte o que o governo pode fazer contra o vírus. Pergunte o que você mesmo pode e deve fazer. Essa reflexão vale inclusive para mim, não me excluo de certos relaxamentos desnecessários. 

A guerra é de todos nós.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário. Historiador. Da Academia Pernambucana de Letras.  
Autor do best-seller internacional “Maquiavel, o Poder”. 


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