VIAGEM AO PANTANAL

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Crônicas



Já aposentei meu despertador porque não gosto de acordar cedo, mas quando o senhor Osório, do Hotel Canaã, em Porto Murtinho (MS) me acorda às 5 horas da manhã, levanto imediatamente, e faceiro, enquanto tomo café, fico a imaginar as fantásticas emoções que viverei neste dia. Ao amanhecer, os primeiros raios de sol fazem com que, já embarcados, vislumbremos o Tuiuiú, que é a ave símbolo do Pantanal, além de cardeais, emas, siriemas, inambus, tucanos, araras, papagaios, garças, araquâs, anhumas (que voam e são do tamanho de um perú), jacutingas e outros, cujos sons fazem bem a todos.

AINDA NO PERCURSO RIO abaixo até a foz do Rio Apa, próximo a cidade paraguaia de Puerto Sastre, vimos muitos jacarés, veados, lontras, ariranhas, capivaras, bugios, alguns dos quais se espreguiçando, outros apreensivos com a nossa presença e há ainda aqueles que ficam a vontade sem se importarem com a nossa presença, mas quando o Dago viu uma jiboia pequena de uns três metros, ficou assustado e a foto saiu tremida. Noutro dia, subimos o rio por 70 km até a cidade de Guarani. Ao anoitecer falei com um pescador que havia estado numa lagoa que secou pois o rio estava muito abaixo do normal e nem sempre os peixes encontram uma saída da lagoa para o rio e ali ficam presos e se ninguém cavar uma saída até o rio, morrem na lagoa que seca. Nestas condições ele (o nativo) simplesmente embarcou 43 pintados grandes que recolheu da lagoa que estava secando.

EM SAN ALBERTO, NO PAÍS vizinho almoçamos no restaurante do Sr. Isoldo, que o mantém com o piso de barro. Serve carne de capivara, jacaré porco do mato e outras carnes de caça, saboreadas diariamente por 40 a 60 pescadores de todas as regiões do país que ali se deliciam e o Adair parece que se interessou mais por uma caçada do que pelo almoço. Após degustar aquelas iguarias, deitei no chão, embaixo de uma árvore onde pelo menos uma centena de pássaros entoavam canções com muita alegria, até parecendo uma saudação aos visitantes. É uma sinfonia maravilhosa e que nos embala para um estado de comunhão com a natureza.

PEIXES – OS QUE MAIS BELISCAVAM era Arma e piranha, mas também o piau, pacú, cachará, dourado, piapara e jaú. A pesca deste último é bem diferente e requer equipamento reforçado, pois quando se consegue pegar um destes brutos, a primeira providência é soltar o barco pois daí em diante quem determina a rota é o peixe, que às vezes sobe, depois desce o rio, inverte o rumo, enfim faz de tudo para se livrar do anzol. O Geninho estourou um nylon 120 com um peixe destes, o outro quebrou sua vara reforçada, mas mesmo assim conseguiu ferrar e embarcar um jaú de 23 kg e outro de 38 kg, e nós conseguimos pegar outro de 40 kg.

ESTADO DE ESPÍRITO – PESCAR NO Pantanal não é um mero ato de pescar. Um pensamento Assírio de 2000 AC diz que “Deus não desconta dos dias concedidos à nossa vida, aqueles que se passa pescando”. Estar no Pantanal é um “estado de graça”, um contínuo vislumbrar de belezas e sons da natureza, é estar em comunhão com as maravilhas com que o Grande Arquiteto do Universo nos presenteou, e voltar com as baterias recarregadas.

Por: Marcos Eugênio Welter - Trabalhou como Advogado e Funcionário do Banco do Brasil, 
Presidente da Academia de Letras do Brasil - Seccional de Brusque-SC, 
Membro do Conselho Superior Internacional da ALB.


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