Conquista do Pico Paraná

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Rodrigo Welter - Atleta e Corretor de Imóveis.

No dia 2 de abril de 2021 (sexta-feira Santa, Páscoa), acordei as 2h30 da madrugada, me alimentei, coloquei a mochila com barraca, saco de dormir, comida, água, mantimentos com aproximadamente 15 kg e as botas no meu VW UP, passei na casa do meu amigo Dudu, que fez esta expedição comigo. Saímos de Brusque às 3:30 a.m. rumo a um lugar chamado Fazenda Pico Paraná, distante 70 km de Curitiba aproximadamente, local este onde se encontra o Pico Paraná, ou a maior montanha do sul do Brasil, medindo 1.877 metros de altura, com objetivo de acampar no Cume deste Gigante!!!

Chegamos ao Parque Fazenda Pico Paraná às 6:30 a.m., um local todo gramado, com lagoas, muito aprazível, no qual havia várias barracas com pessoal acampando. Estacionei, trocamos de roupa, vestimos bermuda, camiseta e bota adequada, alongamos e começamos a longa jornada com tempo bom e clima bem agradável, um prato cheio ao ecoturismo. Caminhamos por cerca de uma hora morro acima até chegar à primeira parada, uma pedra tipo mirante, cerca de 3,6 km percorridos, e dali avistamos um belo vale com as represas da serra de acesso a Curitiba, um bom visual já de cara. Paramos cinco minutos e continuamos caminhando por um lugar que parecia um túnel de floresta, trilha bem larga e um cheiro bom constantemente, até chegar à chamada parada do Getúlio, local já bem alto e com espaço para acampar. Descansamos ali cerca de cinco minutos e seguimos, por uma vegetação na altura das canelas, o vento muito suave contra o rosto e o corpo, ali avistei um pequeno arco-íris ao meu lado direito, uma sensação de liberdade e gratidão constante; caminhamos até chegar ao Vale das Raízes. A partir desse ponto a trilha começa a pegar de verdade, o tempo apresentou uma umidade alta, quase uma garoa e os passos ficaram altos e curtos, por cima das raízes. Ao longo deste Vale atravessamos quatro riachos, usando muito os braços e pernas, exigindo bastante fisicamente. Quase ao fim do Vale das Raízes paramos dez minutos numa pedra para comer banana, barras de cereal e tomar água.

A trilha é sinalizada por plásticos e fitas brancas ao longo do percurso. No final do Vale das Raízes tem uma pequena escalada com grampos fixados nas paredes de pedra, bem legal a passagem ali. Seguindo, entramos em um lugar sem raízes, mas com mato até a altura dos ombros, havia uma montanha à esquerda chamada Garatuva e outra à direita chamada Itapiroca; estávamos indo em direção ao centro das duas montanhas, e cerca de 20 minutos depois o tempo limpou bem, tudo muito lindo. Mais cinco minutos caminhando, fizemos uma curva à esquerda e uuuuaaaaaaaauuuuuuuuuuuuu, avistamos o Gigante que realmente impressiona, o Belíssimo Pico Paraná, que visão impressionante, que grandiosidade da natureza, um paredão enooorme em direção do céu. Da metade à direita da montanha dava para ver tudo e da metade à esquerda, onde fica o cume, estava com névoa!!!    Momento de Contemplação...

Descemos um pouco na trilha até chegar aos pés do Pico Paraná, dali até o cume seriam aproximadamente mais 1.200 metros de altitude, onde já começava com uma parede de 80 graus de inclinação, com grampos fixados na parede para escalada. UUuuuuhhhuuulllll é por aqui mesmo!!! Sensação de adrenalina correndo nas veias e um pouco de medo, pois afinal, estávamos sem guia e por conta própria nesta expedição. Escalamos literalmente uma parede, andamos mais um pouco e outra parede de escalada acentuada!!! Passamos, deu certo, uuuuhullllll, deu certoooo, após isso foi morro acima.  Trinta minutos subindo eu olhei e falei para o Dudu: cara, o cume é ali, pois acima daquilo não se via mais nada, por conta da névoa. Chegamos neste lugar e descobrimos que não era o Cume, mas sim um lugar chamado de Acampamento 2. Ali falamos com três pessoas, as quais há tempos atrás, uma das que ali estavam, tínhamos encontrado num outro acampamento, no Cânion Espraiado em Urubici – SC, coincidência demais nos encontrarmos em meio à natureza novamente!!  Perguntei se já haviam subido ao cume, responderam: sim, é bemmmm mais alto e riram. E foram para cima e nós demos um tempo de cinco minutos para descanso. Tomamos água e seguimos, andamos mais 1h30 em meio à névoa por uma passagem estreita, técnica, molhada e muito muuuito alta, e chegamos até um lugar que achávamos ser o ponto mais alto, ali as pernas já estavam bambas!!!  Neste momento o tempo deu uma leve limpada, foi quando eu vi na minha frente uma parede de 90 graus que parecia ir até o céu!!! Era muuuuito alto mesmo, deu uma pouco de vertigem, confesso!! Descansamos e partimos para o verdadeiro cume, fortes momentos de adrenalina serpenteando aquela rocha de granito a mais de 1.700 m de altura com relação ao nível do mar, e depois de quase mais uma hora subindo, uaaauuuuu, o verdadeiro Cume do Pico Paraná!!!!!!  Cansados, adrenalizados, felizes e emocionados. Uuuuufffffaaaaa, uuuuuuuuuhhhhuuuuullllllllllll, conseguimooooooooooossssssssss!!!!!!!! Lá havia duas pessoas acampando, que vieram nos dar os parabéns pela conquista do Cume!!!

Chegamos às 2 p.m. ao Cume.  Foram sete horas e 12 km de muitos obstáculos até o ponto mais alto do Sul do Brasil, a exatos 1.877 metros de altura.

Primeira tarefa antes de observar as maravilhas: montar a barraca, organizar tudo e pelo menos uns 30 minutos de descanso, merecidos!

Passado este tempo, com roupas secas e quentes, saí da barraca e fui sentido a uma pedra que ficava a uns 20 metros de distância da barraca, onde tinha uma caixa prateada e dentro dela um livro de registros de quem lá já esteve. Assinei meu nome, guardei o livro dentro da caixa. E fui sentar ali na pedra, fiquei uns cinco minutos orando e agradecendo. De repente começou a dar umas aberturas no tempo, as nuvens começaram a dançar e a serpentear a montanha, parecia que eu estava flutuando, e o tempo abriu brevemente, dando para ver um pouco do litoral do Paraná, as montanhas ao redor do Pico Paraná, era tudo muuuito grandioso e alto, incrivelmente alto!!  O sol deu uma leve aparecida de cinco ou dez minutos e o tempo nublou.  Senti-me abençoado, por ter chegado lá e visto algo tão maravilhoso e imponente diante dos meus olhos. Só agradecer!!!

Logo após o tempo fechou, nublou, ficamos conversando um tempo com o pessoal do Camping de Urubici e mais dois caras muito gente fina, debaixo de chuva e dentro da barraca. Teve cantoria, muitas risadas, até uma pinga teve!!! Foi muito bomm. Fomos dormir, pois no outro dia teria o nascer do sol!!!

03/04/2021

Acordamos às 6:30 a.m., abri a barraca, o tempo estava com neblina e o sol tímido querendo aparecer, esperamos uns 15 minutos para ver se abriria o tempo, melhorou um pouco, mas em função da alta umidade relativa do ar, não limpou como tinha de ser! Desmontamos a barraca e em 20 minutos começamos a descida. Após 30 minutos descendo, começou a chover bem forte. (Antes de ir para esta aventura olhamos a previsão do tempo, que dizia sol e tempo limpo), mas a natureza que manda!! Botei o boné e o capuz na cabeça e pedi a proteção de Deus para a descida, afinal tínhamos que voltar morro abaixo toda aquela parte de escaladas, debaixo de muita chuva. Ficamos em dúvida se estávamos no caminho certo por duas vezes na volta, mas sempre nos achávamos na trilha certa minutos depois. Nas escaladas de morro abaixo achei que seria mais tenso, mas usando a cabeça e a calma, correu tudo bem, graças a Deus!!! Chegamos ao pé do Pico Paraná de novo, uffffaaa, a parte de maior perigo foi deixada para trás, mas a chuva não dava um minuto de pausa, era muita água que caía do Céu. Andamos mais um pouco, passando entre os montes Garatuva e Itapiroca, descia muita água dos morros.  No caminho, tinha uma água que entrava num buraco na terra e era por ali o caminho certo, só que na vinda estava seco e na volta se transformou numa cachoeira: tentamos achar um caminho alternativo, mas não teve jeito, então foi pelo buraco mesmo: pernas para frente, mãos para trás e água correndo por baixo, assim fomos avançando pela trilha certa. Entramos no vale das raízes onde a certo ponto usando muito os braços e pernas, já com quase quatro horas de chuva nas costas, paramos para comer e descansar uns cinco minutos, e dar sequência na descida.  Andamos mais uma hora com o seguinte pensamento: Cada passo que eu dou, estou mais perto de casa!!! Continuamos descendo totalmente encharcados da chuva que Deus mandava, foi quando, ao sair do vale das raízes e entrar no trecho que dá acesso à parada do Getúlio, apareceu o Sooolllll, e começou a esquentar as roupas e o corpo também, o caminho ficou mais plano, mais fácil de andar, e ali a quase duas horas de chegar ao fim da trilha, me bateu uma sensação de alegria, de gratidão, de fortaleza, por ter passado por isso com saúde e força, e de ver o quão grandiosa é a natureza. Fomos descendo mais e mais. Paramos no último mirante com vista panorâmica da linda natureza para apreciar uns cinco minutos.

Partimos para o trecho final, caminhamos mais uma hora e finalmente chegamos onde estava estacionado o carro. Ver o Carro ali parecia uma miragem!!! A mochila encharcada que tirei das costas devia pesar mais de 20 kg. Tirei as botas, calça, camiseta; só deixei a cueca e deitei numa pedra, oooooo que leveza, aquela pedra parecia uma cama quentinha e confortável naquele momento. Com o meu corpo cansado, mas o espírito leve, leve, e grato sem medida por tudo o que tinha acabado de acontecer.

Saímos lá de cima do Cume do Pico Paraná às 7:00 a.m. e chegamos ao carro às 2:00 p.m. Ali no parque o seu Arlindo fazia um pastel de carne, delicioso, àquela altura do campeonato!!! Comemos e às 15h pegamos o carro e partimos de volta para nossa querida Brusque. Paramos na serra de acesso a Curitiba para um gostoso caldo de cana e às 18h estávamos em Brusque, sãos e salvos, com mais uma aventura espetacular na bagagem da vida.

Obrigado, Senhor Deus, pela proteção e pela conquista do Imponente Pico Paraná. Valleeeeeuuuu!!!!!! 

Nem me passava pela cabeça publicar esta aventura, de tantas que já fiz, mas meu pai, que faz parte da Academia de Letras do Brasil, ao ler, achou que vale a pena ser publicada, será que vale?

Por: Rodrigo Welter - Atleta e Corretor de Imóveis.



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