A BANDEIRA DA ESPERANÇA

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José Nivaldo Júnior.


O ser humano é otimista. Por isso, chegou até aqui. O brasileiro, então, é profissão esperança. Dias melhores virão. Durante minha vida profissional, analisei centenas de pesquisas de opinião. Independente das dificuldades do momento, em   nenhuma delas a maioria dos entrevistados achava que a vida iria piorar. Até porque, a despeito de todas as mazelas que persistem, mesmo para os mais necessitados, a vida sempre melhora. 

FLASH DA MEMÓRIA 

Vou apenas registrar alguns aspectos. Na minha infância em Surubim não havia água encanada. Eletricidade era com motor, das 16 às 22 horas. As estradas eram poeira ou lama, conforme a estação. Quando chovia, os riachos não davam passagem por dias. Os pobres moravam em casas de taipa, usavam candeeiro pifó,  bebiam água do barreiro, a mesma dos animais. Dormiam em camas de varas. Comiam todos sentados no chão. A maioria das casas rurais não tinha mesa.  Andava-se léguas a pé para ir à feira. Nunca que um pobre pisava numa agência bancária. Assistência médica era coisa muito precária. Educação além do primário, só para quem podia pagar. Os pobres quando morriam eram carregados em redes e jogados na cova rasa. 

E assim por diante.

PORTANTO

A narrativa que ilustra muitos discursos demagógicas de que a vida só faz piorar é mentirosa, não se sustenta. Apesar dos pesares, o progresso tecnológico e os avanços políticos melhoram as coisas. Vou registrar uma intimidade:  um dia desses fiz o percurso de Casinhas para Surubim. Já vinha de Bom Jardim e Orobó, fiquei, como se diz, apertado. Passei tranquilo por Casinhas, nem procurei algum bar.  Adiante vou “no mato”, pensei.

Qual mato? Casinhas emendou com Surubim de um jeito que só consegui ir ao banheiro, na carreira, no Acácia. Para quem não conhece, é uma churrascaria de estimação,  localizada em frente da antiga fazenda do meu pai, hoje loteamento. 

Lembrei dos anos 50 para 60,  quando vinha do Recife com meu pai dirigindo, à noite. Naquele trecho de ladeiras e altos, entre Lagoa da Porca e Diogo, papai invariavelmente comentava com minha mãe: “Olha quanta luz, Neíse.  Surubim está crescendo e vai crescer muito.”. Não deu outra.

MINHA ALDEIA

Cresceu e melhorou. Ganhou equipamentos e estruturas, coletivos ou individuais  importantes  em quase todas as áreas.  Com os naturais contrapesos do progresso, sendo o banditismo originado das drogas o pior deles. A energia, a água encanada, as cisternas rurais,  a televisão, o celular, as motos, as Toyotas são os agentes mais visíveis de uma revolução que se processou silenciosa no dia-a-dia das pessoas. A vida melhorou.  Como no resto do mundo, tudo isso se vê questionado pela pandemia.

Já falei muito sobre ela. Mais do que devia, certamente. Disse no  começo que ninguém sabia do que estava falando. Acertei. Muitas “verdades” viraram pó. Outras atuais vão virar também. Vou dar dois exemplos, poderia dar 50. Primeiro:  Depois de muitas idas e vindas, as crianças que não pegavam a doença estão sendo obrigadas a se vacinar. Segundo: A vacina que deveria imunizar, precisa reforço, não evita o contágio, como era prometido.  Aparentemente diminui a gravidade, o que já ajuda muito.

E? 

Alguns cientistas conceituados, que já defenderam várias teses equivocadas nesses dois anos, agora defendem uma posição simpática: a de que a Ômicrom é o começo do fim da pandemia. Os mesmos que combatiam a visão (que estava errada mesmo, naquele momento) da “imunidade de rebanho”,  agora defendem que a agressiva Ômicrom, combinada com mais doses de vacina, vai estancar a contaminação. Ou seja, o rebanho vai ser imunizado. 

Eu não tenho conhecimentos na área para acreditar ou não. Muito menos opinar.  Agora que estou torcendo para ser verdade, estou e muito. É a esperança do momento.

Por: José Nivaldo Júnior - Publicitário. Historiador. Da Academia Pernambucana de Letras.  
Autor do best-seller internacional “Maquiavel, o Poder”. 


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