SUBSTITUIÇÃO

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José Vieira Passos Filho.


Nada, nem ninguém, é insubstituível. Pessoas podem fazer falta; fatos, podem ser lembrados, porém, nada, nunca poderá ser permanente. 

Eu lembro com grande ternura a minha mãe. Recordo com admiração meu pai. Hoje, quando chego a Bananal, nos finais de semana, é como se meus avós paternos ainda estivessem lá. A convivência com eles foi tão intensa, que, quando olho para a casa grande, é como se tivesse vendo minha avó sentada numa cadeira, na calçada, vestindo um casaco vermelho e um cachecol protegendo seu pescoço; meu avô, ao lado dela, acocorado, apoiado na parede, fazendo um cigarro de palha de milho, acendendo-o; depois, com prazer, dando uma grande baforada. Hoje, meus avós foram substituídos pelos seus filhos, que, lá no Bananal, aposentados, estão morando. Meu tio Djalma é parecidíssimo com vovô Neco; minha tia Hilda, é minha avó Ismênia, em temperamento.

Quantos parentes já passaram pelo Bananal! E a vida continua. No povoado, temos nosso museu; ele guarda peças antigas, livros escritos por familiares e fotos que pertenceram aos nossos antepassados. Fotografias estão expostas num mural. O Museu do Bananal, conta a história de nossa família e do lugar, que continuamos preservando, há 165 anos.  

Mas a vida continua. Gerações já sucederam nossos ancestrais. Antigamente, o Bananal era um engenho; hoje, é um próspero povoado, que tem a propriedade de reunir, regularmente, dezenas de familiares para se confraternizar. Preservar o passado, viver o presente e pensar no futuro: é o lema dos que fazem a família Passos do Bananal.

Mas, devemos aceitar as mudanças da vida, fazer com que coisas melhores apareçam. O passado deve ser uma lembrança boa (nossa memória é seletiva, só guarda coisas agradáveis). É no futuro que devemos focar; é vivendo harmoniosamente que garantimos nossa felicidade. Por isso, no Bananal, sempre procuramos fortalecer os laços afetivos, com os familiares e com amigos - que sempre levamos ao povoado -, para compartilhar nossa convivência.

O mundo, quase sempre muda para melhor - é um fato. A história é clara. Mas tem intervalos ruins, por isso devemos tomar o que foi danoso, como um aprendizado, pois, quando estivermos subindo o aclive da bonança, saberemos corrigir os erros do passado. 

Por: José Vieira Passos Filho - Presidente da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto 
Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia 
Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio 
Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.


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