A INTERESSANTE HISTORIA DA ARISTOCRATA PROLETÁRIA, GEORGE SAND

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DRª Virginia Pignot.


I A história das origens

A escritora e jornalista francesa do século XIX George Sand merece ser conhecida. Ela nasceu aristocrata por parte do pai, mãe de origem proletária, os pais tinham se casado escondido, fazendo o amor vencer a barreira de classe imposta pelas famílias. Seu nome de batismo era Aurore Dupin.

Perdeu o pai quando tinha 4 anos, acabou ficando com a avó paterna, em bela propriedade no centro da França, pois a mãe e avó não se entendiam, e a mãe preferiu voltar para Paris. Aceitou a proposta da avó de cuidar da educação de Aurore, achando que a pequena teria assim mais oportunidade na vida. A separação foi difícil para ambas, mas a mãe pôde escolher, enquanto para Aurore foi uma imposição. 

Cresceu na extensa propriedade da família, tomando banho de rio, brincando com filhos dos camponeses, andando de cavalo. Desde cedo se afirmou, e pôde exprimir seu desacordo ou oposição à avó conservadora. Ambas tinham personalidade forte, e apesar dos desacordos, havia muito amor entre elas. Teve uma sólida e rica educação por um preceptor amante do conhecimento, das artes. Ele lhe transmitiu boas bases em vários domínios (calculo, história, astronomia, literatura…). Aos 14 anos, foi completar sua educação em uma instituição escolar religiosa em Paris. Gostando de escrever desde a infância, se tornou escritora e jornalista na idade adulta, adotando então a identidade de um homem, pois na época, na França, nenhuma mulher publicava livros reconhecidos ou escrevia nos jornais. Só depois de já ser ‘reconhecido’ e ter sucesso com a venda de livros, as pessoas ficaram sabendo que George Sand era uma mulher.

II Vestida de homem, ou não, defendia os direitos da mulher, dos oprimidos.

“Eu só tenho uma paixão, a ideia da igualdade, mas é um belo sonho cuja realização eu não verei.” George Sand

George Sand teve muitas paixões, pelo ideal da igualdade, pela luta por direitos para as mulheres, pelas classes populares contra a violência e opressão, pela politica, literatura, jornalismo. Usou também o teatro como meio de formação de consciência e instrumento de transformação social…

 Na sua vida pessoal, suas relações amorosas antes e depois do casamento e separação foram guiadas pelo amor, pelo instinto, fazendo pouco-caso das convenções sociais para seguir o seu desejo. Se vestia de homem, com calças, botas, casacão e chapéu amplo para sair tranquila e aquecida, ir a teatros, ir debater com amigos políticos, etc em Paris, inclusive à noite.

Lutou pela República, mas quando viu Napoleão Bonaparte, general do exército republicano, e o governo pelo qual lutara trair os ideais que os guiavam, e massacrar manifestantes que lutavam por melhores salários, se afastou, e depois entrou na resistência em relação a esse governo.

Teve uma relação durável com Frederic Chopin, que compôs belíssimas sonatas quando vivia e era muito bem cuidado por ela. 

III A literatura como arma, além de ‘ganha-pão’

George Sand escrevia muito e obteve sucesso desde o seu primeiro livro. Seus personagens, camponeses espirituosos cheios de sabedoria popular; mulheres infelizes no casamento, sob o domínio de homens maus ou ignorantes... Foi o seu caso, mas ela conseguiu sair desta relação. Nos jornais, denunciava com seu talento de escritora a injustiça e a violência social, escrevendo sobre desprotegidos vítimas de abuso. Tocava nas pessoas fazendo-as sonhar, rir, se indignar. Seus livros ainda hoje estão nos programas de formação, no vestibular. 

George Sand diz que era “um operário da escrita”. Foi com esse trabalho que conseguiu manter a propriedade burguesa que tinha herdado, educar seus filhos. Ela levantou assim a bandeira das pessoas do povo que tanto alimentaram seus escritos, e das raízes maternas de origem proletária.

Por: DRª Virginia Pignot - Cronista e Psiquiatra.
É Pedopsiquiatra em Toulouse, França.
Se apaixonou por política e pelo jornalismo nos últimos anos. 
Natural de Surubim-PE.


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