DESASTRES

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José Vieira Passos Filho.


Eventos catastróficos são possibilidades de acontecer, seja por causas naturais ou por falha humana. Terremotos, erupções vulcânicas, tem poder de destruição devastador. Em Alagoas, citamos a catástrofe da cheia de São José da Lage, em 14 de março de 1969, que provocou mais de 400 mortes e destruiu praticamente toda a cidade.  Em 2010, Alagoas foi castigada por outra enchente, provocada pela fúria dos Rios Mundaú e Paraíba; destruiu 15 cidades ribeirinhas, ceifou a vida de mais de uma centena de pessoas e deixou milhares de desabrigados. 

Em 05 de novembro de 2015 o brasileiro presenciou o desastre de Mariana, em Minas Gerais. Uma barragem de rejeitos minerais rompeu-se, ceifou vidas e provocou danos ambientais incalculáveis. Agora, em 25 de janeiro de 2019, foi a barragem de Brumadinho, também em Minas; aconteceu a repetição catastrófica de Mariana, com um número bem maior de vítimas. Essas barragens, foram construídas na década de 1970, quando ainda não havia uma legislação brasileira adequada. Elas foram erguidas em um vale elevado, que é obstruído por um dique inicial; a medida que enchem de rejeito do minério, seus paredões são complementados para o alto, de forma escalonada. Brumadinho tinha uma altura de 86 m, quando rompeu. 

Brumadinho e Mariana são exemplos claros de falha humana e fiscalização negligente. Em todos os países do mundo, não se estoca mais a sobra de mineração em estado pastoso, é muito perigoso; existe um processo, um pouco mais dispendioso, porém mais eficiente: o barro é secado e depois estocado em local seguro. Já está sendo apurado que a barragem de Brumadinho dava sinais de rompimento iminente. Os culpados responderão pelas vidas ceifadas, mas não trarão essas vidas de volta, nunca mais. 

Em Maceió, um bairro inteiro – o Pinheiro – pode ser palco de uma tragédia sem precedentes no Brasil. Está acontecendo um fenômeno ainda não conhecido pelos técnicos brasileiros. No Pinheiro tem aparecido rachaduras há mais de 20 anos. Essas fissuras ficaram evidentes nos últimos 3 anos. O abatimento do solo e as rachaduras nos prédios aumentaram consideravelmente desde 3 de março de 2018, quando houve um abalo sísmico no bairro. Foi também sentido em outros bairros de Maceió. No bairro residem mais de 20.000 pessoas. A área de risco abrange em torno de 2 km². O fato é muito grave, pois o poder público já está recomendando aos moradores dos locais com mais perigo de desabamento, desocuparem os imóveis e vai pagar um aluguel social.  

Qual vai ser o futuro do bairro Pinheiro? Creio que dificilmente seus moradores voltarão para as antigas moradias. São pessoas que moravam no bairro há mais de 50 anos, criaram-se juntos; vizinhos que se visitavam diariamente, que se auxiliavam, iam para a escola juntos, namoraram e casaram. O que fazer para minimizar essa ruptura familiar dos moradores do Pinheiro?

Seria de bom alvitre o poder público já ir providenciando a implantação de um grande conjunto habitacional para essa população (sugiro 40 blocos, com 10 apartamentos por andar, com 5 pavimentos, área de 60 m² por apartamento). Um empreendimento para abrigar 2.000 famílias necessitaria de uma área de 10ha. Investimento de 200 milhões de reais. O mínimo que o Governo poderia fazer.  

Por: José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.




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