Dores articulares durante o trabalho. O que é? Como tratar?

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Dr. Breno Alexandre.


O que é LER ou DORT?

A Lesão por Esforço Repetitivo - LER ou Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho – DORT são um grupo de problemas relacionados ao trabalho e ao esforço físico repetitivo, monótono, pela pressão por produção que está presente em uma grande parcela da sociedade especialmente em pacientes que realizam trabalhos mecânicos repetitivos diários e persistentes levando a dores musculares e articulares. É importante frisar que a LER ou DORT não corresponde a nenhuma enfermidade ou doença, pois a mesma não apresenta na maioria dos casos nenhuma evidencia de lesão em qualquer estrutura corporal, mas sim uma classificação de saúde do trabalhador inadequada. É de extrema importância para a sociedade entender um pouco sobre esse distúrbio e saber como lidar com ele.

Como ela se desenvolve?

A maioria dos distúrbios são causados em geral por dois motivos. Um deles por esforço repetitivo ou chamado sobrecarga dinâmica no qual o paciente realiza uma tarefa que exija movimento repetitivo como costurar, escrever, cortar, cerrar, pregar, dentre outras. A segunda causa é a chamada sobrecarga estática no qual existe a contração muscular por períodos prolongados em geral pela a manutenção da postura tanto correta como incorreta como permanecer muito tempo sentado, em pé ou transportar cargas contraindo músculos e sobrecarregando-os especialmente o grande dorsal ou musculo das costas. A LER ou DORT se desenvolve especialmente ao preparo físico insuficiente, ausência de pausa e descanso durante o trabalho, ambiente de trabalho inadequado como mesas e cadeiras com ergonomia não adaptada, jornadas de trabalho excessivas dentre outras.

Existe algum exemplo prático de como a LER ou a DORT está presente em nossas vidas e quais suas consequências?

Com certeza temos e todos nós sabemos quais são! Em cidades onde o trabalho braçal está presente, as tendinites de ombro, cotovelo e punhos, as lombalgias, famosas dores nas costas, e as mialgias também chamadas de dores musculares em diversos locais do corpo são apenas alguns exemplos práticos de como a sobrecarga de trabalho pode nos afetar de maneira persistente em nossas vidas. Porém é importante entender que o trabalhador com dor ou outro sintoma não necessariamente é portador de LER ou DORT. Sintomas como dormência, formigamento, sensação de choques, pontadas ou agulhadas além de diminuição de força podem ser decorrentes de diversas condições não relacionadas às sobrecargas no ambiente de trabalho. Muitos distúrbios reumáticos, metabólicos, neurológicos podem estar presentes e um profissional treinado e capacitado deve saber lidar e diferenciar outras doenças que não a LER ou DORT.

As consequências são inevitavelmente inflamações de tendões, de bursas e dores de cunho mecânico nas áreas de uso excessivo. Existe uma infinidade de problemas como consequência do uso excessivo: síndrome miofascial, síndrome do túnel do carpo, síndrome do desfiladeiro torácico, epicondilite. Um exemplo bastante presente no ambiente no consultório médico é o famoso dedo em gatilho ou também chamado de tenossinovite estenosante: doença na qual existe edema nos tendões dos flexores das mãos levando a dor e rigidez articular ao estender os dedos muito presente em pacientes agricultores, escritores, costureiros e trabalhadores braçais em geral.

Existe alguma maneira de evitar e tratar?

Sem sombra de dúvidas. Lembre-se de que o trabalho não pode causar dor. Caso a dor seja um sinal presente em seu ambiente de trabalho, podemos orientar a princípio que a pausa de 10 minutos a cada hora trabalhada é uma estratégia importante que ajuda a evitar sobrecarga de articulações e músculos. Outra conduta extremamente importante e, diga-se de passagem, para evitar inclusive diversas patologias articulares são a pratica de exercícios físicos diariamente, pois o fortalecimento e condicionamento dos músculos são o princípio básico de manutenção de uma boa funcionalidade osteomuscular evitam dores de diversas patologias. Em alguns casos, quando existe dano articular, a prescrição de anti-inflamatórios e analgésicos podem ser de grande valia e o fortalecimento com a fisioterapia em casos mais graves tem ótimos resultados. Em outros casos, é necessário procedimento com injeções intra-articulares de corticoide e em outros o procedimento cirúrgico local. Sempre que possível e caso necessário, procure seu médico reumatologista para evitar, tratar e sanar suas dúvidas. 

Por: Dr. Breno Alexandre - Médico graduado pela Universidade de Pernambuco (UPE);
Residência em Clínica Médica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
Pós-graduado em Reumatologia pelo Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (IPEMED).


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