ROMANTISMO E PERIGO

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Maria Teresa Freire.


Felizes da vida, Fernanda e Júlio chegam ao local em que passarão a lua de mel. Paradisíaco! Montanhas exuberantes que descem até o mar formando pequenas enseadas de águas tranquilas, verdes tal qual a vegetação pujante refletida. Ondas suaves dão movimento à pequena parcela do oceano que beija a areia branca e fina. O marulho quebra o silêncio, eleva o pensamento e cria um terno aconchego para os amantes que buscam isolamento para marcarem seus momentos amorosos no fundo de seus corações e de suas mentes.

O lugar é perfeito para os dois se distanciarem de seus afazeres profissionais e das aventuras em que sempre se envolvem. Ao chegarem, são conduzidos para um sofisticado chalé. O resort tem uma construção central com recepção, uma espaçosa sala de estar, um restaurante, salas de jogos, de televisão, de música, biblioteca, um pequeno auditório, varandas contornando a edificação. A decoração é despojada, mas muito chic e de extremo bom gosto ao combinar cores e enfeites. Na parte externa, um colorido e bem cuidado jardim com bancos, mesas e cadeiras para que os hóspedes possam se sentar e apreciar a paisagem, desfrutar o clima agradável e deliciarem-se com petiscos, bebidas e refeições divinamente preparadas.

O chalé reservado, confortável e caprichosamente decorado, com janelas de vidro e ampla varanda propicia uma vista estonteante da praia, do mar e das montanhas ao redor. Realmente, só a vista encantadora instiga a permanência dos dois para que se deleitem com a natureza que os envolve e graciosamente os recebe. Os dois saem para explorar o local. A cada passo um encantamento. Almoçam, descansam e vão à praia nadar naquele mar calmo e convidativo. À noite, um delicioso jantar, regado a um bom vinho, embalado pelas músicas suaves de um pianista talentoso.

Finalmente, a noite é só deles. Com amor e paixão envolvendo-os, a porta é fechada, as luzes elétricas são substituídas por velas aromatizadas. Uma bisa suave entra pelas janelas, revoando as cortinas finas, compondo o cenário para os inebriados amantes. 

O casal pretende que os dias sejam aproveitados junto à natureza. Mas, as noites serão dedicadas ao amor, sem freios ou amarras. Entrega de dois seres que se completam, que se fundem em um só. 

Na terceira noite, adormecidos, acordam com um barulho esquisito.  Som de folhas sendo pisadas, passos rápidos, janelas batendo. No dia seguinte, comentam com a gerente, mas ela não ouviu nada. Certamente, algum bicho em busca de comida. Outra noite, mais barulhos, próximos do chalé deles, tentativa de abrir a porta. Os dois correm para fechar as janelas. Mais um comentário com a gerente, mais uma resposta evasiva. Que estranho! 

Na noite seguinte, os dois ficam de tocaia. Conseguem pegar o invasor. Um rapaz jovem. Fernanda e Júlio experientes com suas aventuras sabem como amarrar o ‘ladrão’. Eles o levam para a recepção e acordam a todos. Querem providências. A gerente, aturdida não sabe o que fazer. Tem pouca experiência, quase nada de iniciativa. Foi admitida recentemente e se atrapalha com a situação desafiante.  Júlio chama a Polícia. Enquanto isso, os hóspedes relatam terem ouvido o invasor caminhando por entre os chalés. Amedrontados, não comentaram nada. Agora, apoiam Fernanda e Júlio. A Polícia chega, ouve a todos e prende o rapaz. Na realidade, era um ex-funcionário, demitido, vingando-se da injustiça cometida, na opinião dele. Ao atemorizar os hóspedes, ele os afastava, para que o hotel entrasse em declínio. Entretanto, ele não esperava encontrar um casal destemido que iria enfrentá-lo e capturá-lo. Ele havia praticado pequenos roubos nos chalés. A Polícia tomaria as providências para puni-lo.

Um alívio para a gerente e os hóspedes que ainda tinham permanecido. Agradecimentos comovidos de todos ao casal corajoso que resolvera o problema eficientemente. Fernanda e Júlio agradecem e voltam ao seu chalé para relaxar. Um vinho espumante e uma cesta de frutas os esperam. Depois de se recomporem da confusão toda com a bebida saborosa, os dois se entreolham e caem na gargalhada! Júlio comenta: “não temos jeito. Onde vamos atraímos situações problemáticas que exigem nossa interferência e solução”! Fernanda completa: “meu amor, estamos nas profissões erradas!” 

E vocês, caros leitores, o que acham? Profissões erradas dos dois? Deixo a resposta para vocês! 


Por: Maria Teresa Freire - Jornalista, Escritora, Poeta, 

Presidente da AJEB – Coordenadoria do Paraná.





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