COPA DO MUNDO DE 1950

0 Comments
José Vieira Passos Filho.


O Brasil é o país de todas a copas. Participou das 20 competições mundiais, desde quando os eventos começaram em 1930. Já foi campeão mundial 5 vezes (único pais a ocupar essa honrosa colocação); foi vice-campeão duas vezes; ocupou o 3º e 4º lugar duas vezes; a 5ª e 6ª colocações três vezes, a 9ª, 11ª e 14 colocações uma vez.

Meu primo, Jaime Victal, falecido em 2007, era um entusiasta do futebol, residiu no Rio de Janeiro por 51 anos (1934-1985), sempre contava-me os bastidores e pormenores da Copa de 1950. Pedi que escrevesse sobre aquela memorável partida, que o próprio estava presente. Sintetizei o que escreveu.   

O Brasil foi escolhido para patrocinar a Copa de 1950. São Paulo já tinha o Pacaembu, mas no Rio só havia o campo do Vasco. Foi então que, na administração do Prefeito General Ângelo Mendes de Moraes, foi construído o MARACANÃ. A decisão do campeonato aconteceu em 16 de julho de 1950. Brasil x Uruguai. O Brasil inteiro estava preparado para a festa de seu primeiro título de Campeão Mundial de Futebol. Um jornal do Rio estava com a primeira página pronta. Apresentava a foto dos jogadores com letras bem grandes: ESTES SÃO OS CAMPEÕES DO MUNDO. No Maracanã, o locutor anuncia: Acabam de entrar em campo os campeões do mundo. O prefeito discursa: dei o estádio e vocês vão nos dar o título de campeão. O Brasil era o favorito, precisava apenas empatar. No vestiário, Flávio Costa, o técnico brasileiro, recomenda aos jogadores: nada de botinadas, de faltas brutas ou demonstração de indisciplina. No Brasil, apenas uma alteração: Fiança, no lugar de Maneca, na ponta direita. O estádio recebeu a maior plateia de um jogo de futebol.

Começa a partida. Nos primeiros minutos a bola é lançada para a extrema direita do Uruguai. Gighia, ao receber a pelota, tenta dar um drible em Bigode, seu marcador é contido com uma falta dura. Forma-se uma roda em torno de Bigode. Obdúlio Varela, o capitão do Uruguai, de dedo em riste, dirige-se ao nosso lateral de forma acintosa. Dizem que chegou a dar um empurrão em Bigode, fato negado por vários jogadores.  Termina o primeiro tempo com o placar em branco. Esse resultado dava o título ao Brasil.

Reinicia a partida e o Brasil abre o marcador por intermédio de Fiança. O Maracanã estourava nos aplausos. Ainda sob aplausos da torcida brasileira é iniciado um ataque do Uruguai que empata a partida. O Brasil ainda era campeão. Num segundo lance, Gighia conseguiu chutar a bola e o nosso grande goleiro foi vencido mais uma vez. 

O Maracanã estava mudo. Nossos atacantes se lançaram em busca do empate mas nada dava certo. Maspoli, goleiro uruguaio defendia tudo. Termina a partida e a desolação de duzentas mil pessoas é tremenda. Muita gente chorando. O vestuário do Brasil era de um silêncio desolador.

Depois da derrota, a crônica esportiva começou a apresentar os culpados. Bigode, Barbosa e Flávio Costa eram os mais atingidos. A seleção brasileira foi considerada pela crônica internacional como a que apresentou o melhor futebol. Ademir foi o artilheiro, título já conseguido por Leônidas, em 1938. Mas o campeão foi o Uruguai, que conquistou seu segundo título mundial.

Por:  José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto 
Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia 
Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), 
Sócio Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.


You may also like

Nenhum comentário: