José Vieira Passos Filho.

O mundo tem passado por uma transformação estupenda. E todos (ou quase) procuram, euforicamente, aderir a nova modernidade: smartphones, internet, computadores, tevês de plasma, redes sociais, drones, celulares, tabletes, notebook, laptop. Acrescentemos os confortáveis automóveis, as aeronaves que nos levam aos cinco continentes em poucas horas, os remédios que curam e os procedimentos cirúrgicos que fazem prolongar nossa vida. Ônibus espaciais e super telescópios procurando outros mundos (que um dia iremos povoar). É sensacional!

Mesmo com essa gama de facilidades, os avós de hoje lembram seu tempo quando eram mais moços. Sentem saudade de quando podiam andar livremente pelas ruas, sem medo de serem assaltados. Do tempo que iam para a escola a pé ou brincavam com os amigos até o anoitecer, no bairro, sem nenhum receio de agressões, de algum desocupado a procura de dinheiro fácil. Naquele tempo os parentes moravam na mesma rua; os primos eram como irmãos, porque viam-se todos os dias. A criançada jogava bola na rua, sem calçamento, em frente à casa; quando tinham sede, bebiam água da torneira. 

Os avós de hoje, lembram também que até meados do século 20, cozinhava-se em fogões a lenha (depois carvão vegetal); as roupas eram engomadas com o ferro de passar, pesado, esquentado com brasas; as casas eram iluminadas por lampiões a querosene; não havia banheiro dentro de casa; para as necessidades fisiológicas, usava-se o urinol e o sanitário era um buraco; a carne consumida, durante toda a semana, era cozinhada com banha de porco e conservada numa panela de barro. Não havia energia elétrica, geladeira, fogão a gás, telefone, nem água encanada. 

Os jovens de hoje, quando escutam seus avós falar sobre esses costumes do tempo antigo, pasmos, perguntam: como vocês viviam, sem toda nossa modernidade? Como é possível prescindir as facilidades que o mundo hoje oferece: qualidade de vida, globalização. Tecnologia, liberdade. 

Porém, a modernidade, talvez tenha vindo depressa. Grande parte do mundo não estava preparada para assimilá-la. São muitos os contrastes: os avanços tecnológicos fazem diferença com a miséria ainda reinante em grande parte do mundo. Boa parte da população do mundo ainda é semianalfabeta, passa fome.

Creio que, a trancos e barrancos, os povos irão superar essa fase de grande disparidade do antigo com o moderno. Quando isso acontecer, o mundo dará um salto de qualidade. Então poderemos dizer, sem restrições: afortunada modernidade!