NATAL: UM REENCONTRO

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 Por: Naércio José Pessoa (In memorian). (Naércio foi o primeiro colaborador do Jornal terra da Gente há 27 anos.)

Dos Natais tenho agradáveis lembranças e trago a nitidez dos meus sonhos sobre um tempo impagável. Os enfeites natalinos continuam a me fascinar. As suas luzes multicolores parecem ser um mundo feérico que nos embala num clima alegre e que me fortalece espiritualmente. As noites de Natal são ainda uma ternura que nos enternece e que nos leva a debruçar-se nos castelos das nossas fantasias e esperanças. São os Natais de ontem iguais aos de hoje?  Mudou o Natal ou mudamos nós? Interrogação machadiana que nos faz pensar acerca das evoluções e transformações técnico-humanas por que passa a atualidade. A ciência médica está aí em busca de novas descobertas científicas a combater as enfermidades que afetam a humanidade. O avanço surpreendente da comunicação nos leva a acreditar numa sociedade mais solidária. O encurtamento das distâncias através do progresso dos meios de transportes. A informática dando-nos facilidade a “conviver” com outros mundos. Graças às necessidades e à criatividade humana é que usufruímos e nos deleitamos desses fantásticos empreendimentos. Esse progresso, não há dúvidas, traz o bem-estar, conforto, comodidade. Todavia, fico a imaginar que falta muito a completar o real e verdadeiro desenvolvimento.

Entendo que o centro de todas as ações deve estar voltado ao homem. É necessário ter o humano uma vida mais decente, digna em que o mundo respire confiança, paz, tranquilidade. Não vale a pena conquistar o mundo se o homem vier a perder sua alma. A humanidade é imperfeita e sabe muito bem que os desencontros, os desentendimentos, o egoísmo, parecem tomar conta das pessoas, substituindo a vontade do bem-viver, do bom relacionamento entre os seres humanos.

Acho que enquanto a fome e a miséria existirem não haverá sossego no coração da humanidade. É lamentável que as pessoas vivam sempre em conflito consigo mesmo, vomitando violência e levando ao seu semelhante a raiva, o ódio, o desespero. Que bom seria que nos jornais de todo o mundo, lêssemos manchetes assim: Não há mais guerra. A pobreza está extinta. Todos estão trabalhando com um salário digno. Todo mundo tem as três refeições diárias. Todos têm casa para morar. Não existem mais filas nos hospitais públicos. Ah, é um sonho. Que bom seria se todos desses as mãos uns aos outros na construção de uma sociedade alicerçada na amizade sincera, no comportamento fraterno.

Que o Natal seja um encontro amical onde as pessoas realmente se tornem camaradas de verdade. Porque o Natal é um reencontro com o ontem, levando-nos a meditar sobre a distância e árdua caminhada que tivemos. Sabe-se que o tempo é o senhor dos nossos passos. E nele estamos a navegar sem que saibamos o rumo certo a tomar. As direções são muitas e não se sabe qual a seguir. Uns vão. Outros ficam. Enfim, ninguém fica nem vai. Apenas nos transportamos a lugares nenhures. Mas no Natal há uma convergência que reacende o sentimento cristão entre as pessoas. E neste embalo tomemos como referência o Messias que veio à terra para nos salvar, dar-nos forças e nos transmitir as suas sábias lições.



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