ENTREVISTA COM MARIA NATIVIDADE SILVA RODRIGUES

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Maria Natividade Silva Rodrigues.

 

MINIBIOGRAFIA 

Maria Natividade Silva Rodrigues: natural e residente no município de João Lisboa-MA. Historiadora, Socióloga, Especialista em História do Brasil e Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão. Professora da rede estadual, pesquisadora de Violência Intrafamiliar e Doméstica, e  da vida e obra da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, é membro do Grupo de Pesquisa MFR; do Institut Cultive Suisse Brasil;  Academia Maranhense de Belas Artes; Academia Internacional de Literatura e Artes Poetas Além do Tempo-AILAP. Atualmente, é presidente da Academia de Ciências, Letras e Artes de João Lisboa- ACLAJOL. Têm três obras solo, e participação em várias antologias.


PRÊMIOS/HOMENAGENS


-Personalidade do Ano- Literarte-Olodum-21 de Outubro de 2023.

-Prêmio Literatura Iberoamericana.AVLA.Santiago,Chile,2023.

-Destaque Literário- 2ª Bienal do Rio de Janeiro- 02 de setembro de 023-ABARS(Academia e Belas Artes do Rio Grande do Sul.


1-Como chegou até você a produção de Maria Firmina dos Reis?


Maria Natividade Silva Rodrigues: Tive conhecimento da obra de Firmina em 2003 quando estava fazendo uma Especialização em História do Brasil, na PUC-MINAS. 


2-De que forma surgiu o interesse em pesquisá-la? 


Maria Natividade Silva Rodrigues: Quase10 anos depois do meu encontro com o romance Úrsula e terminando o mestrado em 2015 iniciei um projeto chamado “Café Sociológico “, na rede estadual com alunos do Ensino Médio, na minha cidade, que é João  Lisboa. Objetivo era pesquisar pra conhecer autores e autoras regionais e de modo especial negros(as). E de l á pra cá  tenho me aprofundado nos estudos de suas obras e também feito diversos eventos tanto na redes estadual, municipal e federal,  bem como nas universidades daqui de Imperatriz.


3- Ao longo dos séculos muitas mulheres foram apagadas. Uma estão surgidas na atualidade; outras ainda estão apagadas. Como vê o papel da mulher e sua contribuição através das artes?


Maria Natividade Silva Rodrigues: Tem uma frase que eu gosto muito, embora não saiba da autoria. “Desde a criação, a mulher vem trazendo a história na mão “. As mulheres tem arte na mão e na criação  cotidiana, e tudo isso é percebido pela inserção delas em diferentes ambientes. Firmina ficou apagada mais de um século. Temos poucas décadas da sua redescoberta de modo mais enfático pelo Nascimento Moraes Filho. Pessoalmente, é um dos gênios que temos no nosso estado. Pensar a arte a partir das mulheres é significativo para nossa existência artística no planeta. Pois, a arte é outro modo do humano vivenciar suas experiências de vida, como: amor, angústia, alegria e o silêncio. E o silenciamento das mulheres tanto nos tempos passados como agora foi construído historicamente nas bases do patriarcado e da escravidão. A sociedade sempre terá medo das mulheres que alcançam voos e sonham além fronteiras.


4-Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira romancista brasileira e precursora abolicionismo. Hoje, temos a expressão “escravidão moderna”. Como vê a questão racial ainda hoje? 


Maria Natividade Silva Rodrigues: Firmina foi uma mulher que abominou a escravidão, o silenciamento das mulheres e dos escravos. As discussões sobre a questão racial é necessária, e urge fazer isso em todos os nossos ambientes.  E de modo importante no espaço das escolas e universidades. É um assunto complexo, principalmente,  porque somos um país  racista e com um número alto de pessoas que resistem em se reconhcer como negro/a .Outro aspecto ao meu ver, é que, um bom número professores  pensam a África só a partir da escravidão. Assim sendo, fica estreito os elementos para uma discussão mais produtiva e com avanços para relações de respeito a diversidades da população. Precisamos desconstruir esse olhar que coloniza o outro/a. Sobre a chamada “encravidão moderna”, não tenho leituras sobre esse assunto. Mas, pessoalmente, não acredito na escravidão com algo moderno, pra mim sempre será algo arcaico e vil à sociedade. Moderno seria não ter ninguém subjugado pela sua cor, ou outro marcador social.


5- Qual a mensagem deixada pelos jovens escritores? 


Maria Natividade Silva Rodrigues: Escrever é arte! Mas, para que se torne arte, na vida das pessoas, é necessário ser um leitor/a assíduo/a. Meu recado é viva a tua juventude, cuidando do corpo e da mente. Pois a tua escrita será a representação de sua vida, dos seus sonhos. Sua história e memória. Deixo seguinte indagação:  Como você quer ser lembrado/a?

Por: Renata Barcellos (BarcellArtes) - Professora, Poetisa, 
Escritora e Membro Correspondente do Instituto Geográfico de Maranhão, 
Apresentadora do programa Pauta Nossa da Mundial News RJ.


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