HOJE APRESENTO O LIVRO PALAVRAS DESPIDAS EM NOITES NUAS DO POETA ANTÔNIO QUEIROZ, O COSTUREIRO DE SENTIMENTOS

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Ronnaldo de Andrade.


Parodiando Lucas e Mateus 4:4: “Nem só de pão viverá o homem”, digo que nem só de inspiração ser faz poesia (muitos estudiosos da área já falaram sobre isso).

É preciso de uma boa dose de criatividade, técnica, paciência, autoanálise etc. para compor poesia. Chomsky enxerga dois níveis no fato linguístico. 1) o da competência, que se refere ao nível de domínio técnico; 2) o do desempenho, que é aquele em que o falante cria em cima do nível da competência (Pignatari,2011, p.12) A meu ver, essas particularidades fazem a diferença na obra de um poeta. A criatividade deixa impressa as características do(a) autor(a), ou seja, a marca de sua escrita, que pode se assemelhar a características alheias; contudo, não é igual devido ao toque pessoal de cada autor(a). Sabemos que, como falou Ezra Pound em seu célebre livro Abc da Literatura (1977, p. 41), as palavras são repletas de significados, principalmente, por três modos, os quais ele chamou de fonopeia, melopeia e logopeia. Determinada palavra quando dita ou escrita pode lançar uma imagem visual na imaginação do leitor ou ouvinte; também pode representar algum tipo de som; usando a figura de linguagem onomatopeia. 

Os textos poéticos são carregados de figuras de linguagem, tais como aliteração, assonância, metáfora, comparação e, entre outras, paranomásia, que O poeta Antônio Queiroz, apreciador da poesia concreta, faz uso com admirável propriedade em muitos dos seus poemas. Leiamos um trecho do seu ESFORÇO DA VIDA, para nos certificarmos do que foi dito acima:


“O preço do meu apreço

é o terço que eu rezo.

O forço do meu esforço

é o torço que eu prezo.”


Como podemos perceber, as palavras preço/apreço/terço do primeiro dístico, e as forço/esforço e torço do segundo, trazem uma repetição de sons parecidos, formando uma paronomásia. Há uma elaboração pensada para cada verso dos poemas deste e de seu primeiro livro (Queiroz, 2021), sendo esse todo de poesias SPINAS de excelente qualidade literária e estética! Esta sua nova obra traz alguns SPINAS e cito um, com o objetivo de o leitor tomar conhecimento do refinamento linguístico, da estética-visual e dos níveis de competência e desempenho do poeta, filho do Nordeste (Juazeiro, Ceará) Antônio Queiroz, que com delicadeza e ternura pede: 


“DESPRENDA-TE DE MIM!


Medonho o querer

que quer somente

meu hálito jasmim!


Com tanta gente no firmamento,

carente de outros quereres afins,

ressentes sede apenas por mim?

Sejas feliz, olvides, sintas outros

áridos aromas de beijos carmim!”


Queiroz demonstra zelo e paciência, à semelhança de um artesão, e mesmo tendo nascido poeta e poetizando a vida com sua filosofia particular, não se opõe ao que diz seu eu lírico (SER E ESTAR): “Jamais te direi quem eu sou”. Nada o eu lírico confessa, mas deixa, no final do texto, explícito o motivo, o porquê nada dirá, “Pois tudo muda a toda hora, /Nos ponteiros deste tempo do agora.”, o que nos faz pensar que vive receoso de dizer quem é no “agora-presente” e não o ser mais no “agora-depois”, ou tem alguma dúvida sobre quem realmente é. Quanto a isso “mais nada te direi”, caro leitor. O próprio texto irá falar para e com você. Ouça-o atentamente. E em caso de “DÚVIDA”, ou seja, “Na certeza da dúvida,/ volte atrás e recomece”. Não fique estático nem siga adiante com incerteza, dúvidas. Não se deixe abater. Seja resiliente e mais tarde dirá que (RENASCER EM MIM) “Em trilhas da minha vida por onde andei,/ ganhei vigor em tudo que muito aprendi.”, e “Renasço todo dia de escuras nuvens para ser feliz”. O eu lírico demonstra que os percalços do dia a dia fizeram e fazem o poeta ser mais forte e experiente, até mesmo nos “embates constantes entre a essência e a aparência”. Como se vivesse uma constante dualidade.

Você, leitor(a), pode adquirir os livros do poeta Antônio Queiroz (Procissão de Palavras e Palavras Despidas em Noites Nuas) pelas lojas virtuais ou pedindo pelo nosso e-mail: ronnaldoandrade@yahoo.com

Por: Ronnaldo de Andrade - Poeta e Professor, tem quatro livros publicados 
e organizou quatro antologias de poemas SPINAS.


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Um comentário:

  1. Gosto desse olhar atento, não apenas à beleza textual mas fazendo observações sobre a qualidade do autor apresentado.

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