FÉRIAS E A QUESTÃO CLIMÁTICA

0 Comments


Durante esse mês de julho, eu me divido no papel de vóvó, e não ia escrever para esta coluna. Mas a nossa amiga Maluma Marques volta a solicitar em cima da hora nossa habitual participação mensal. E dia do aniversario do meu filho, mas já festejamos juntos no almoço, agora ele está com a sua família. E Maluma liga quando estou lendo o editorial do jornal L’Humanité de hoje, tão interessante que decido simplesmente traduzi-lo.

SEU TÍTULO: “E NO ENTANTO, ELA ESTÁ QUEIMANDO”. SEU AUTOR:MAURICE ULRICH, EDITORIALISTA DO JORNAL L’HUMANITÉ

Como viver ou melhor sobreviver com temperatura superior a cinquenta graus? A questão é de atualidade hoje para centenas de milhões de seres humanos no nosso planeta. Como enfrentar incêndios gigantescos e cada vez mais frequentes, decorrentes de secas dramáticas? Como lidar com inundações como estas deste inverno na França, que atrapalharam a vida de centenas de famílias, etc. Nossa Terra, esse milagre do Universo, está em perigo. Tem algo de vertiginoso e de trágico de se imaginar que com seus rios, suas montanhas cobertas de neve, suas florestas, ela possa se tornar inabitável.

Existem aqueles, como Trump e os seus, aqui na França o “Rassemblement National” (partido de extrema direita), que negam esta realidade, por estupidez ou cinismo. Existem também aqueles que sabem, mas não fazem nada. Nós estamos caminhando para uma catástrofe. Se não pararmos nas próximas décadas o aquecimento devido a emissão de gases de efeito serra, não poderemos voltar atrás. Nós não somos todos iguais diante desta perspectiva. Os 1% mais ricos representam 15% das emissões, os 50% mais pobres, 7% das emissões. Cobrar mais imposto dos super-ricos, como propôs o presidente Lula no G20 do Rio há alguns dias, não é só uma questão de justiça, é uma necessidade, inclusive para financiar a luta contra o aquecimento.

Depois de meses com um clima caprichoso, é um eufemismo, nós entramos em um período que esperamos seja curto, de temperaturas muito elevadas. Vai ser quente para todo mundo, mas não do mesmo modo, é evidente. Há mais pessoas em perigo em função da idade, da saúde, do setor de trabalho, as pessoas desfavorecidas, com moradias precárias ou sem-teto, tendo acesso limitado a cuidados médicos, são as mais vulneráveis. O calor excessivo exacerba as desigualdades sociais, e neste caso, não se trata das próximas décadas, nem de decisões, como esta, que esperamos, do G20, mas de políticas públicas, necessárias, aqui e agora. Parece que é a trégua (na batalha política que a França atravessa). Mas não para o clima.

Por:DRª Virginia Pignot - Cronista e Psiquiatra.
É Pedopsiquiatra em Toulouse, França.
Se apaixonou por política e pelo jornalismo nos últimos anos. 
Natural de Surubim-PE


You may also like

Nenhum comentário: