RECORDANDO NOSSA INFÂNCIA...

0 Comments
Isaias Munhoz .



Quanta saudade do calor humano que cultuávamos em nossa infância. Filhos abraçavam os pais e pediam sua bênção antes de dormir. Crianças brincavam com bola de gude, pião, empinavam pipas, faziam carrinhos de madeira ou rolinhos puxados por arame, corda e uma lata de leite ninho. Criavam “tropas de gado” com ossinhos de animais, jogavam bilboquê, jogo do bafo, construíam estilingues. Lembro da bola de gude vem e refere-se a uma pequena pedra redonda, geralmente de vidro, inicialmente eram importadas da Inglaterra. As primeiras bolas foram de sementes de nozes, utilizadas inicialmente pelos romanos. A expressão originária chamava-se: “nuces relinquere” (deixar as nozes). Com o tempo, surgiu a bola de vidro, pedra, metal, madeira, mármore, argila e cerâmica normalmente escura, manchada ou intensamente colorida, com tamanho variável e usada em jogos infantis. Usavam-se ainda sementes de avelãs, castanhas, azeitonas, todas com formas arredondadas. Estas também eram conhecidas por berlinde, bolita, bolinha, birosca ou bila. As modalidades são tão variadas quanto os nomes que recebem. Estas originaram a brincadeira mais popular, da sua época, que consistia em um círculo ou triângulo desenhado no chão. Nele, os jogadores com um impulso do dedo polegar sobre o indicador lançam-na com o objetivo de acertar e retirar as que se encontram dentro do triângulo e, quando conseguem afastá-las para fora, tornam-se suas. A expressão as devas significava valendo ou jogo válido.

Relembro o jogo do bafo, comum entre os colecionadores de figurinhas, tem esse nome porque o bafo (vácuo) produzido pela mão durante a batida é que faz a virada. O objetivo do jogo é ganhar figurinhas e as regras são simples. Dois ou mais formam um círculo em torno das figurinhas que estão sendo disputadas. Cada jogador deve colocar uma mesma quantidade no centro previamente definido. O monte é agrupado e a ordem de ação dos participantes é sorteada. As figurinhas que virarem são recolhidas pelo participante que acabou de bater e assim sucessivamente. Não é permitido utilizar os dedos para virar as figurinhas; deve-se bater com a mão completamente aberta ou levemente em forma de concha. Hoje em dia ganha força em época de copa do mundo quando são colecionadas figurinhas dos craques.

Quem não recorda do aviãozinho de papel normalmente é sem cortes e sem o uso de colas ou adesivos. Utiliza-se apenas a técnica de dobraduras, também chamada de origami. A origem dos aviões de papel começou na China antiga, embora haja evidências de que foi aperfeiçoada e desenvolvida no Japão. Quem nunca produziu um avião de papel, principalmente em sala de aula?

A pipa, papagaio de papel, pandorga ou raia, um brinquedo que voa baseado em oposição à força do vento e da corda do operador. São feitascom papel fino (seda), madeirinhas leves e finas, cordas e uma rabiola, geralmente de alguma sobra de tecido cortado em tiras. O adereço é preso na parte inferior para dar estabilidade. Esse artefato é um dos brinquedos mais utilizados por crianças, adolescentes e até adultos. As pipas nasceram na China antiga e por volta do ano 1200 a. C. eram usadas como dispositivo de sinalização militar; seus movimentos e cores eram mensagens transmitidas à distância entre os destacamentos. 

O jogo de pião, pinhão, piôrro, corruptela, entre outros, é como chamamos os vários tipos desse brinquedo e consiste na clássica e antiga prática de arremessá-los com uma corda. É um objeto afunilado, geralmente feito de madeira com uma ponteira de ferro que ao ser lançado, entra em movimento de rotação no solo. A técnica de arremesso transmite a força motriz do braço do jogador, fazendo-o girar em equilíbrio em torno do próprio eixo que, em decorrência da inércia do solo, fica em pé até perder sua força e parar. Quanto mais rápido girar, mais equilibrado permanece. É necessário enrolar a corda no pião de forma uniforme, sem folgas. Segura-se o cordel com a mão pela extremidade solta, em seguida faz-se um movimento firme de arremesso por impulso de braço e mão respectivamente, depois puxa-se para trás. Ocorre aí a ação e a reação pela força motriz cuja corda é o intermediário. Além do movimento tradicional poderão ser realizadas outras manobras ou movimentos como deixar o pião dormindo, resultado de um arremesso tecnicamente perfeito em que parece realizar uma espécie de dança suave.

O bilboquê misto de jogo e brinquedo tem origem na França. Consiste em um cone de madeira com um orifício central na parte superior para a passagem da corda e abertura na parte inferior (boca). O cone fica invertido e preso por uma corda a um suporte. Por meio do movimento do braço e da mão uma esfera deve ser encaixada nesse suporte. O objetivo do jogo é acertar o alvo com essa ação. 

Em minha vida a infância não foi diferente e estes brinquedos estiveram muito presentes. Não existe a menor chance de voltarmos no tempo, mas importa conservar na lembrança os registros daquilo que marcou nossa história e retirar destas lembranças exemplos positivos para a nossa vida.

Lamentavelmente estas relíquias perderam-se no tempo e poucos ainda lembram-se estes momentos que tantas lembranças nos trazem e nos tornam um pouco que  nostálgicos...

Feliz dia da criança...

Por: Isaias Munhoz - Escritor, Cantor, Contador e Servidor Público Federal.


You may also like

Nenhum comentário: