MELHOR OLHAR PARA AS NUVENS

0 Comments

Diziam sabiamente os antigos que política é como as nuvens: você olha está de um jeito, no momento seguinte está tudo diferente.

A frase se aplica como nunca ao momento que o Brasil vive. Simplesmente, não dá para antecipar o que vai ocorrer na próxima semana. Nem amanhã.

As dificuldades que o país atravessa vêm de longe. Independente dos problemas anteriores, o governo federal começou a perder o prumo no momento em que Lula fez pouco da crise internacional.

A conduta irresponsável do então presidente, tratando a crise como “marolinha” e deixando de adotar as medidas amargas necessárias naquele momento, destrambelhou tudo.
Preferindo não correr riscos nas eleições que se aproximavam, jogou a crise para debaixo do tapete, o que produziu pelo menos dois graves efeitos: comprometeu os avanços sociais obtidos até então, e jogou o País nesse buraco que parece sem fundo.

Tudo o mais são consequências, agravadas pela incompetência de Dilma, pela crise ética e pelo conflito entre os poderes da República.

Não vou rediscutir aqui a legalidade do governo Temer. Ele está aí seguindo os procedimentos institucionais e ponto. Entretanto, pelas circunstâncias, é um governo sem apoio popular, que começou provisório, em baixa, e com enormes tarefas para realizar.

Reformas que deveriam ter sido feitas ao longo de 14 anos, agora se acumulam de forma urgente para serem resolvidas em algumas semanas.

Aqueles que levaram o País para a UTI e fracassaram no seu receituário, vão para as ruas reclamar dos remédios amargos.

Fragilizado, o governo se apega a uma base partidária e parlamentar em parte comprometida ou ameaçada pela onda investigativa da operação Lava Jato.

Como se não bastasse tudo isso, algumas áreas do próprio governo não param de produzir novas dificuldades por motivos banais, para dizer o mínimo.

Nesse deserto, é bom registrar para fazer justiça e levantar a autoestima do Estado: até o momento, os ministros pernambucanos têm tido um comportamento exemplar, dos pontos de vista da ética e da eficiência. Mas o governo como um todo continua a sangrar.
Com tantos ingredientes conflituosos, resta ao presidente Temer tentar se manter no cargo, como se fosse um badalo de sino. Firme no pino, porém oscilando de um lado para o outro de acordo com quem puxa a corda com mais força.

Abro a janela da política e vejo o céu cinzento.
Mas, nós, do Agreste e do Sertão sabemos que nuvens carregadas são as que fazem chover.
E tudo o que o Nordeste e o Brasil precisam é de um bom inverno.
Na região, literalmente, para encher os reservatórios em colapso.
No país, no sentido figurado, para fazer fluir a correnteza das reformas.
Resta torcer para que a sabedoria popular aconteça mais uma vez: “Depois da tempestade, vem a bonança”.

Portanto, olho nas nuvens. Se chover, a gente pode se molhar, mas se salva da seca.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário, Escritor, 
Membro da Academia Pernambucana de Letras e Autor do Best-Seller internacional “Maquiavel, o Poder”


You may also like

Nenhum comentário: