O que deixamos para a história

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Eu apenas queria que você soubesse... Começo esse texto ouvindo, sentindo e cantando essa bela música de Gonzaguinha, pois muitas pessoas fazem história e outras apenas passam pela história. Construo este texto no dia posterior a morte de um dos mais polêmicos, amados e odiados homens do século XX, Fidel Castro. Na conjuntura política mundial atual precisamos compreender que algumas pessoas deixaram sua marca impregnada na história. Castro foi um desses homens, personagem emblemático, construtor de um país utópico que só existia de forma perfeita na sua cabeça. Uma pequena ilha que apesar da pobreza extrema, apresenta índices interessantes na educação e na saúde. Pudemos constatar isso quando recebemos os médicos cubanos que para cá vieram e nos surpreenderam com tamanha simplicidade e competência.

Hoje, estamos passando por um período conturbado, delicado e controverso. Há quem diga que a situação atual do mundo e por consequência do Brasil é fruto de extravagâncias do passado. Não sabemos ao certo, mas após seis meses de mudanças no nosso país, as coisas parecem ainda não ter melhorado. O discurso repetido de que é preciso cortar gastos para obter melhorias parece ser obrigatório apenas para a maioria dos brasileiros, aqueles que vivem com menos de cinco salários. Alguns setores têm se mobilizado, outros não sei se por medo ou receio, tem recuado, uns gritam outros calam, uns atacam, outros defendem, mas o trabalhador continua na mesma, pagando a conta de jantares caros oferecidos pelo nosso presidente. O Palácio da Alvorada tem sido palco para vários jantares em que os deputados e senadores que integram os partidos da base aliada tem se refestelado às custas do povo. O objetivo dos encontros é buscar o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento dos gastos públicos e também para ratificar que o governo federal tem grande influência na câmara e no senado.

O site de notícias Congresso em Foco de 01 de março de 2016 trazia a notícia que deputados custam R$ 1 bilhão por ano ao contribuinte. Então nos perguntamos, por que não diminuir o número de deputados e senadores? Os gastos com eles são tão elevados que chegamos a ficar com raiva de tamanhas regalias que eles têm, segundo a mesma reportagem, o Salário de um deputado é de R$ 33.763 e, além disso ele tem direito a auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça para morar, verba de R$ 92 mil para contratar até 25 funcionários, de R$ 30.416,80 a R$ 45.240,67 por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículo e escritório, divulgação do mandato, entre outras despesas. Dois salários no primeiro e no último mês da legislatura como ajuda de custo, ressarcimento de gastos com médicos. Esses são os principais benefícios de um deputado federal brasileiro, que somam R$ 168,6 mil por mês. Juntos, os 513 custam, em média, R$ 86 milhões ao contribuinte todo mês. Ou R$ 1 bilhão por ano. Eh Brasil... grande e desigual, terra em que um agricultor ao tentar se aposentar para receber um salário mínimo passa por tantas humilhações. 

No panorama mundial temos passado por um período não menos conturbado, fruto de um descontentamento por parte das pessoas, mas que precisa ser visto e sentido com responsabilidade, pois temos visto o conservadorismo se perpetuando em alguns locais, e sabemos que os excessos só nos podem trazer conflitos, exclusão e desrespeito. Acontecimentos recentes têm deixado o mundo de orelha em pé, a eleição americana que o diga, ou a criminalidade tão ativa que tem invadido as nossas cidades. Em tempos de inclusão, a exclusão vem se fortalecendo. A intolerância aumentando.

Esses dias, ao conversar com um conhecido, fiquei admirado positivamente com o seu discurso, três semanas depois me admirei negativamente ainda mais com suas atitudes. Então pensei: “palavras, apenas palavras”, parafraseio aqui a Cássia Eller. As pessoas mudam, e muito.

De 2008 a 2016 o mundo acostumou-se a ver a casa branca americana refletindo uma imagem mais humana, menos engessada e sisuda, mais alegre e pés no chão. Obama quebrou alguns paradigmas, não apenas por ser negro, mas principalmente por diminuir a imagem de donos da verdade que sempre esteve atrelada aos nossos irmãos do norte. Mas parece que os americanos não estavam gostando muito, ou a democracia de lá assim como a de cá precisa ser melhorada.


Passamos pelo período do é proibido proibir, mas ainda corremos o risco de vivermos uma nova etapa onde é proibido reclamar, questionar, filosofar, refletir... Parece que estamos retornando no tempo em que era preciso aceitar a opressão, fechar os olhos e os ouvidos. Mas como me atrevo a escrever, não tenho conseguido ficar quieto, espero que apareçam outros Obamas e Franciscos com atitudes mais humanas. Espero ainda que não nos corrompamos com as pequenas esmolas que são atiradas ao cidadão comum, aquele que não é de família rica, importante ou que não é afeito a politicagem. Dessa forma, repito mais uma vez: EU APENAS QUERIA QUE VOCÊ SOUBESSE...

Por Avaci Xavier - Professor de História . Mestre em Educação 

Surubim,  27 de novembro de 2016.



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