Procura por vacina contra febre amarela triplica em policlínica do Recife

0 Comments

Infectologistas alertam que vacinação só deve ser feita com indicação médica. Pernambuco tem risco mínimo de contaminação desde a década de 1930.


Aumenta a procura pela vacina de febre amarela no Recife (Foto: Eder Ribeiro/ EPTV)
Com o recente surto de febre amarela registrado na região Centro-Oeste do Brasil, aumentou o número de pessoas que procuraram as unidades de referência em imunização do Recife, em busca da vacina que previne contra a doença. Na Policlínica Lessa de Andrade, bairro da Madalena, Zona Oeste da cidade, o balanço divulgado em janeiro registrou que o índice triplicou, saindo de uma média de 300 aplicações mensais a 1.015, até o dia 25 do mês. Médicos e autoridades em Saúde dizem que não há motivo para pânico em Pernambuco.

Os casos de febre amarela já superaram o pior ano da doença no Brasil, batendo o recorde histórico, principalmente no Espírito Santo e Minas Gerais. Apesar disso, autoridades em Saúde de Pernambuco alertam para os riscos que podem ser ocasionados pela aplicação indiscriminada das vacinas, já que o risco de transmissão em Pernambuco são mínimos. Especialistas dizem que as pessoas só precisam se imunizar caso estejam com viagens programadas para os locais onde há risco de transmissão.

Professora do departamento de Medicina Tropical da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a infectologista Vera Magalhães explicou que, no Brasil, o último caso de febre amarela registrado em zona urbana ocorreu em 1942 e que o novo surto tem se dado em áreas florestais e rurais, sendo especialmente difícil a transmissão em regiões litorâneas. Por essa razão, as mortes naturais de macacos servem como um termômetro para a suspeita da doença. Não há ocorrência da doença desde 1930.

"Não dá pra dizer que não há risco em Pernambuco, mas ele é mínimo. A vacina é segura e eficaz, mas temos que saber o limite de quando indicá-la. Como todo medicamento que tem vírus atenuado, ela oferece riscos de efeitos colaterais. Para quem mora em Pernambuco e não vai viajar, não vale a pena o risco. É contraindicada a utilização em pessoas com idade maior que 60 anos, menor que nove meses e imunodeprimidas, como pessoas com câncer", explicou Vera.

A doença é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, que são vetores silvestres e, por isso, macacos são espécies de 'sentinelas'. Apesar disso, a doença também pode ser transmitida ao ambiente urbano pelo Aedes aegypti, que também é o vetor da dengue, zika e chikungunya, mas casos assim não ocorrem desde 1942. Ainda segundo Vera Magalhães, mesmo com a suspeita de subnotificação dos casos de arboviroses em Pernambuco, houve a diminuição considerável da contaminação, o que dificulta ainda mais a transmissão da febre amarela em Pernambuco.

Em todo o ano de 2016, a Secretaria de Saúde do Recife aplicou 6.240 doses da vacina em toda a capital. Com o aumento na procura, a expectativa é de que esse número tenha um aumento considerável. "Durante o carnaval, haverá um trabalho de conscientização com orientações, folhetos e ações com turistas que vêm do Centro-Oeste, taxistas e hotéis da cidade. Recomendamos notificar imediatamente se alguém tiver alguns dos sintomas principais da doença, como febre alta, pele e olho amarelos (o vírus lesiona o fígado) e hemorragia", disse o secretário municipal de Saúde, Jailson Correia.

Macacos

A Secretaria de Saúde de Pernambuco está monitorando os casos de mortes naturais de macacos no estado, como forma de prevenir possíveis casos de febre amarela. Órgãos municipais recolherão os animais e levarão à unidade mais próxima de controle de zoonoses. Quem encontrar os macacos mortos não deve manuseá-los, por causa do risco de contrair outras doenças, mas é necessário alertar com urgência a vigilância ambiental municipal.

Em todo, o estado, há quatro centros de referência, com profissionais veterinários e equipamentos especializados para a necropsia dos bichos. No Recife e em Garanhuns, no Agreste, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) fica responsável pela análise, enquanto em Serra Talhada, no Sertão, o trabalho fica com o Centro de Controle de Zoonoses e na Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Petrolina, também no Sertão.

No Recife, a solicitação de recolhimento de animais oide ser feita através do Centro de Vigilância Ambiental, através dos telefones (81) 3355.7704 ou 3355.7705.

Imunização

Para quem vai viajar para locais onde há risco de contaminação, no Recife, há sete unidades de referência para vacina contra a doença. Confira abaixo:

Recife tem diversos locais para vacinação contra febre amarela (Foto: Divulgação/Prefeitura do Recife)



You may also like

Nenhum comentário: