30 anos após sua morte, o sindicalista Evandro Cavalcanti permanece vivo na memória dos trabalhadores rurais de Surubim

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Evandro Cavalcanti.


Em 12 de março de 1949 nasceu uma criança que desde a infância já demonstrava muita inteligência e capacidade de se comunicar com as pessoas. Evandro Cavalcanti cresceu e se tornou um brilhante advogado e um grande sindicalista, além de seguir a carreira política. Era definido como um político de esquerda, socialista, de personalidade forte, determinado, carismático e muito convicto em suas ideias. Formado em Direito, advogou para os trabalhadores rurais durante 12 anos. Atuava como advogado de 14 sindicatos. Foi um grande defensor dos trabalhadores rurais na luta em defesa da reforma agrária, por isso até hoje é lembrado como um grande líder do movimento sindical.

Evandro ingressou na vida política em 1974, quando participou da campanha de Marcos Freire na disputa pelo Senado. Foi eleito vereador de Surubim no ano de 1982, pelo PMDB. Também em Surubim, fundou o antigo MDB. Disputou a eleição para prefeito de Surubim no ano de 1976 e, mesmo não sendo eleito, obteve ampla votação, 46% dos votos válidos. Também disputou o cargo de deputado estadual no ano de 1986 e mesmo sem êxito, obteve, na época, quase dez mil votos.

Era um vereador atuante e em muitos de seus discursos na Câmara de Vereadores defendia os trabalhadores rurais, os sem-terra, a reforma agrária e denunciava atos de violência no campo. Considerava um privilégio desnecessário os latifundiários não quererem abrir mão de parte de suas grandes propriedades de terras para os trabalhadores que não tinham nada. Sendo assim, tornou-se querido pelos trabalhadores rurais, pois fortaleceu a atuação dos sindicatos e contribuiu para melhorar a auto-estima dos agricultores rurais. Mas, ao mesmo tempo, passou a ser visto como um inimigo por muitos latifundiários da região.

O sindicalista mantinha uma intensa agenda de compromissos. Aos sábados, mantinha um programa na Rádio Difusora de Limoeiro, o programa “Luta Popular”, voltado para os agricultores rurais. Fundou também em Surubim, o jornal de mesmo nome, editado pelo partido MDB. Apesar de ser um advogado que mais se destacava na região, sindicalista e político, muitas vezes prestava serviços de advocacia às pessoas mais humildes, sem cobrar nada. Por isso nem tinha residência própria, morava em uma casa alugada, com sua esposa e seus quatro filhos, no cento da cidade de Surubim.

Em 21 de fevereiro de 1987, foi um dia de tristeza para todos os sindicalistas, trabalhadores rurais e surubinenses. O carismático e grande homem partiu por lutar por uma causa justa, o que se tornou um trágico registro histórico para os surubinenses e muitas outras cidades da região. No sábado (21), pela manhã, Evandro caminhava com a esposa e sua filha de apenas 11 anos, quando foi abordado e assassinado com oito tiros de revólver. Naquele mesmo dia Evandro Cavalcanti, estava indo ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais para anunciar aos trabalhadores que tinha conseguido conquistar na Justiça a posse da fazenda de Umari. A morte chocante do advogado Evandro Cavalcanti, aos 38 anos de idade, causou grande repercussão na época. Ele foi assassinado por três policiais paraibanos, a mando de dois latifundiários da região. Mas os sindicalistas acreditam que a morte de Evandro Cavalcanti teve também um interesse de cunho político, por ele ser muito atuante e defender ideias e interesses dos menos favorecidos, fazendo com que conquistasse o respeito e admiração do povo.

Evandro Cavalcanti foi assassinado, mas suas ideias permaneceram, pois ele marcou a história do sindicalismo. Em Surubim, todos os anos na data de sua morte, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e outras instituições importantes prestam homenagens a Evandro Cavalcanti. Este ano, seu nome também foi citado em grandes veículos de comunicação. E também nas redes sociais, Evandro Cavalcanti foi lembrado e homenageado. “Até quando teremos que conviver com tanta violência, tanto barbarismo, com tanta impunidade?” dizia Evandro Cavalcanti.



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