Diabetes afeta rotina familiar de 80% dos pacientes, diz pesquisa

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Estudo mostra desafios para enfrentar a doença com qualidade de vida




Arquivo/AgĂȘncia Brasil.


Um dia antes de completar 6 anos, o menino Christian Mosimann foi diagnosticado com diabetes tipo 1. A descoberta mudou a vida de toda a família, que se engajou para permitir que ele pudesse continuar com sua rotina de treinos de kart, a escola e a vida normal de uma criança de sua idade. Mesmo precisando de tomar insulina para corrigir a falta de produção do pùncreas e manter o controle dos níveis de glicose no sangue, aos 10 anos, Christian concilia os estudos, o tratamento e a rotina entre treinos semanais e viagens para disputar as 20 corridas de que participa por ano.

“O diabetes tipo 1 influencia muito a vida em famĂ­lia, porque faz com que todos participem de forma integrada desse diagnĂłstico, seja na mudança da rotina, de planos, da alimentação. Tem que trabalhar como um time. Ele Ă© um paciente com diabetes – sĂł que, para o tratamento dar certo, temos que trabalhar com a famĂ­lia toda integrada", disse a mĂŁe de Christian, FlĂĄvia Mosimann. Ela acrescentou que a famĂ­lia tenta tambĂ©m levar o tratamento de forma natural, sem muito ritual, para que seja uma parte da vida de Christian, para que ele aprenda a ter bons cuidados sozinho e seja saudĂĄvel no futuro, durante toda a vida.

O relato de FlĂĄvia mostra, na prĂĄtica, o que revelou a pesquisa Os Altos e Baixos do Diabetes na FamĂ­lia Brasileira, feita por um laboratĂłrio farmacĂȘutico, que mostra dificuldades, desafios e caminhos para viver com mais qualidade de vida essa doença. Segundo as respostas de 1.384 pessoas, entre pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 que fazem uso de insulina e de suas famĂ­lias, a doença afeta a rotina de 80% dos pacientes brasileiros e Ă© um desafio para 24%.

Realizado entre maio e junho deste ano, entre residentes em todas as regiĂ”es do paĂ­s, o estudo indicou que seis em cada dez membros das famĂ­lias participam dos cuidados relacionados Ă  manutenção do tratamento e saĂșde dos pacientes com diabetes, como compra de medicamentos, alimentação, monitoramento e uso de insulina. Apesar de a maioria das pessoas da famĂ­lia consultada pela pesquisa ser constituĂ­da por pais ou cĂŽnjuges, 15% deles nĂŁo sabem com qual tipo de diabetes vive o parente.

FlĂĄvia Mosimann destaca que apesar de todos os cuidados e protocolos adotados para cuidar do filho, ela se preocupa com o risco de hipoglicemia noturna, quadro que ocorre quando hĂĄ queda nos nĂ­veis de açĂșcar no sangue, podendo levar a desmaios ou mesmo Ă  morte. “É um dos perĂ­odos de maior vulnerabilidade, porque os sintomas nĂŁo aparecem quando a pessoa estĂĄ dormindo”, alerta.

Apesar de tal risco, cinco em cada dez entrevistados para a pesquisa admitem nĂŁo estar preparados para ajudar no manejo da hipoglicemia, e mais de 40% dos pacientes dizem enfrentar quadros de queda dos nĂ­veis de açĂșcar no sangue com frequĂȘncia.

Segundo a pesquisa, embora 70% das pessoas com diabetes entrevistadas usem insulina hå pelo menos cinco anos, 43% assumiram não uså-la quando deveriam e atribuem a falha à falta de tempo, esquecimento ou por terem de medir a glicose. Mais da metade considera que a primeira orientação do médico sobre o uso da insulina não foi plenamente satisfatória. De acordo com as respostas à pesquisa, 45% das pessoas ouvidas alegaram que a rotina de aplicaçÔes do hormÎnio impacta o eixo familiar dos pacientes; 49%, a rotina de tr abalho; os estudos e a vida social; 58%, o bem-estar mental; 60%, o lazer; e 63%, as finanças.

O estudo ressalta ainda o fato de mais de 40% dos pacientes utilizarem uma dose fixa de insulina, o que pode acarretar desequilĂ­brio nos nĂ­veis glicĂȘmicos e hipoglicemia, que quatro em cada dez pacientes fazem a contagem dos carboidratos a serem ingeridos e 41% nĂŁo medem a glicose apĂłs as refeiçÔes.

De acordo com o endocrinologista e curador do estudo, Carlos Eduardo Barra Couri, Ă© importante tambĂ©m atentar para a ocorrĂȘncia de hipoglicemia alta entre as pessoas que fazem uso de insulina (44%, com pelo menos uma crise semanal).

“Boa parte nĂŁo anda com cartĂŁo de identificação, e a famĂ­lia e amigos nĂŁo sabem qual o valor abaixo do qual se considera hipoglicemia , nem conhecem os sintomas. NĂŁo Ă© um problema sĂł do indivĂ­duo, Ă© da famĂ­lia e da sociedade. Afeta [a pessoa] tambĂ©m no trabalho e no lazer, e boa parte jĂĄ teve hipoglicemia, inclusive ao dirigir", afirnou Couri. Ele disse que a pesquisa visa alertar toda a comunidade sobre o diabetes, "esse mal sorrateiro, que pode matar" .

A Sociedade Brasileira de Diabetes estima que mais de 12 milhÔes de brasileiros convivam com a doença no país.


Por: AgĂȘncia Brasil.


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