ESPETACULAR

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Malude Maciel.


Há muito tempo não ia ao teatro. Nem sei precisar qual a data que fui ver um espetáculo teatral da última vez. Uma das causas proeminentes foi a pandemia do corona vírus que fez todo mundo ficar em casa e fechou as casas de show. Mas, graças a Deus tudo está voltando ao “normal” apesar dos pesares. Sei que nesta noite de sábado resolvi assistir uma peça, pois aprecio muitíssimo observar o trabalho de bons atores e atrizes, sendo hoje a última apresentação de: “Padre Cícero” que já estava em cartaz com boa divulgação. Sou apaixonada por teatro.

Primeiramente não é fácil tirar minha cara metade do seu aconchego familiar depois de um dia de atividades, ainda por cima me equivoquei no horário e chegamos uma hora antes; e até me explicaram que mudaram pra vinte e uma horas por conta da novela das oito. E aí, fomos ao shopping enquanto o tempo passava e regressamos posteriormente. Comprados os ingressos ficamos num espaço aberto, anexo ao teatro, onde existem árvores e um cachorro assustando o povo com seus latidos fortes. Nesse local vi um painel com fotografias de muitas personalidades destaques na vida do teatro caruaruense; localizei as fotos de: Arary e Argemiro Pascoal, Prazeres Barbosa, Prezado e Creusa, Erenice Lisboa, Lídio Cavalcante, Antônio Medeiros e outros. Mas, os nomes estavam ilegíveis dificultando o reconhecimento de alguns, porém é muito interessante recordar tais figuras.

O público amante das artes cênicas prestigiou o evento, mesmo usando máscaras e álcool em gel. Como o recinto é pequeno, parecia uma aglomeração, mas tudo estava organizado dentro das normas vigentes, apenas sentia-se aquela ansiedade de que as cortinas da entrada logo se abrissem permitindo a passagem, pois já se escutava os acordes das violas e as cantorias de alguns atores: Valdemar Neto (cego/músico); Ednice Souza, com sua voz aguda e potente (mulher do cego/cantora); Carlos Filho (cego/músico/cantor).

O tema é a história do Pe. Cícero Romão Batista, nascido no Crato em 1844 e o desfecho se dá no Juazeiro onde ele exerceu seu ofício de sacerdote e dedicou-se de tal maneira aos pobres que foi considerado “O Santo Nordestino”, sendo estimado pelo povo da Região suscitando romarias àquelas plagas, as quais ainda hoje acontecem. São incontáveis os aspectos positivos de sua vida junto à população carente, pois ele atuou também na política e demais setores sociais. Todos queriam sua bênção e seu conselho e muita gente chegada de longe para beijar sua mão e receber uma palavra de conforto e orientação. Até mesmo o cangaceiro Lampião foi recebido pelo padre que não fazia acepção de pessoas. Muito interessante!

Essa história verídica precisa ser conhecida dos brasileiros em geral, aliás, a História do Brasil não é contada nem mostrada nos meios de comunicação como merece, no entanto, desta feita a Associação dos Artistas de Caruaru – ASSARTIC com o apoio cultural do Colégio Conect apresentou a magnífica obra do talentoso ator e autor Jô Albuquerque que também fez parte do primoroso elenco, interpretando o Pe. Cícero, com perfeição. A beata “Mocinha”, interpretada por Vânia Patrício, foi de uma fidelidade incrível às tradições; não desmerecendo os demais. Confesso que me lembrei de uma canção de quando eu era menina: “Minha santa beata Mocinha, eu vim aqui, vim ver meu Padim…Meu Padim fez uma viagem e deixou Juazeiro sozinho”. Outra canção executada foi “Jesus Sertanejo” do confrade Janduyr Finizola; uma beleza que me emocionou.

No final, mostra a morte do já então idoso e doente Cícero Romão Batista, sofrido e destituído de suas funções sacerdotais, por ordem superior da arquidiocese do Ceará, tudo num clima de muita piedade e tristeza gerais. Encerrando o espetáculo com uma figura do padre vestido de branco, acompanhado pelos seus adeptos e fiéis escudeiros, todos com uma alvura nas vestimentas como se estivessem, de repente, no céu.

Há uma frase marcante do padre Cícero que diz: “Nós nascemos para ser santos, mas os homens estão se desviando da santidade”.

Em resumo: A Fé é a esperança do povo nordestino.

Valeu muito a pena ter visto este espetáculo que foi, sem dúvidas, ESPETACULAR!!!

Por: Malude Maciel - Membro da ACACCIL – Cadeira 15 – Profa. Sinhazinha.


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