RELÍQUIAS

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Malude Maciel.


Em minha casa ficam me caçoando por gostar de guardar jornais, revistas, livros com assuntos importantes. É que acho desperdício, simplesmente jogar fora tanta boa referência, trabalho, pensamentos, idéias, estilo e registros de pessoas fantásticas que podem abrir caminho para outras pessoas e, dói ver todo aquele acervo ser rapidamente destruído na condição de papel velho. Há até um slogan que diz: “Nada mais velho do que jornal de ontem”. Mas, não é verdade. A gente encontra preciosidades em artigos bem redigidos, opiniões, assuntos tratados altamente interessantes e tudo isso tem sentido e nos faz crescer, basta se ter afinidade com esse tipo de coisas.

Há realmente uma corrente modernista que não concorda em se guardar reminiscências. Até mesmo os espaços hoje em dia são poucos para se armazenar o que é considerado por alguns como: “bobagem” e, a tendência é eliminar aquilo que não está sendo útil naquela ocasião. Alguns psicólogos buscam no imediatismo do aqui e agora a fórmula acertada de viver melhor e dizer que o passado ficou pra trás e só o momento presente vale a pena. Combatem o apego às pessoas e ao passado para evitar sofrimento de perdas e fazem disso uma filosofia de vida. Porém, há emoções e sentimentos que ressuscitarão sempre na memória. Passagens da existência que não gostaríamos de esquecer e, são dessas lembranças boas que a gente nutre a importância dos acontecimentos, dos feitos, dos momentos felizes e constitui a história dos povos. Complementando essas recordações estão as coisas, objetos, roupas, brinquedos, fotos, cartas, recortes, músicas, documentações diversas, enfim, as histórias de nossas vidas que ninguém conseguirá apagar do nosso íntimo, nem mesmo nós. Daí, termos as “relíquias”, ou seja, as preciosidades, os restos respeitáveis de um contexto, resgatando uma imagem valorosa para cada um. As vezes um pequeno objeto é considerado sem valor para uns e, extremamente importante para outros, pois significam algo sagrado. Existe o valor estimativo que não há dinheiro que pague. Encontramos por aí afora, inúmeros colecionadores de diversos objetos que eles cuidam com carinho e, por onde passam, recolhem mais alguma espécie, como: chaveiros, bonés, selos, moedas, carros, etc. É uma fascinação, um passa-tempo, uma mania, um prazer. São das pequenas coisas que construímos os grandes sentimentos. 

Quanta felicidade nos pode trazer uma pequena “relíquia”? São detalhes mágicos que podem nos transportar à distância e isto é muitíssimo importante. Esse aspecto deve ser respeitado.

Antigamente, era de praxe a gente guardar livros, papéis e mais papéis, pensando nos irmãos, filhos, netos, e assim havia um grande patrimônio a ser transmitido às novas gerações. Os pais e mestres primavam em deixar dados biográficos para a posteridade. Atualmente, se entra na Internet e logo se encontra TUDO de que se necessita para qualquer pesquisa, estudo e informação. Isso é maravilhoso para maior desenvolvimento cultural, científico e intelectual. Torna-se desnecessário gastar tempo e espaço acumulando bens, porém ainda concordo que as Bibliotecas são mais seguras e os acervos particulares mais minuciosos, pois basta um apagão e tudo realmente se apaga no computador e as célebres bibliotecas estão aí, séculos e séculos com seus documentos intactos. 

Normalmente as fotografias guardam as mais nítidas recordações de ocasiões especiais. Com elas podemos ter idéia da arquitetura, moda, meios de transportes, costumes e demais maneiras de viver nos tempos idos.(Guardo, com carinho, fotos do Jardim Siqueira Campos e Catedral N.Sra. das Dores na Rua da Matriz em Caruaru, que não existem mais) Novas tecnologias surgiram e também registram os fatos de maneira extraordinária, como o vídeo, as filmagens, a Internet, e outros recursos imensuráveis para os recordativos sonhadores, “poetas e seresteiros” que preservam o passado como forma de melhorar o futuro, mas ainda são as fotos que imperam nessa condição porque se pode ter à mão, levar na bolsa ou no bolso, junto a nós onde estamos. Sempre gostamos de uma revelação de amor. É comum: termos retratos dos entes queridos num lugarzinho bem fácil de encontrar, de preferência, perto do coração. Para nós são: “Relíquias”.

Por: Malude Maciel - Membro da ACACCIL – Cadeira 15 – Profa. Sinhazinha.




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