155 ANOS DE NASCIMENTO DE GRAÇA ARANHA

0 Comments

Entrevista com Flaviano Menezes da Costa.

Flaviano Menezes da Costa, Renata Barcellos e Raimundo Campos Filho. (FOTO: Ulmar Junior).



Minibiografia: Mestre em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Licenciado em Letras pelo Centro Universitário do Maranhão. Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela Faculdade Atenas Maranhense. É docente do Departamento de Filosofia do Instituto de Estudos Superiores do Maranhão (IESMA). Docente da Rede Pública Municipal de São Luís - MA. Tem experiência na área de Ciências Humanas, subárea em Filosofia e em Letras, com ênfase em Estética, Hermenêutica, Literatura brasileira e Crítica literária. De 2015-2017, foi docente substituto do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). De 2017-2020, foi docente da Faculdade Pitágoras - MA. É membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso de Filosofia e membro da Comissão Própria de Avaliação (CPA) do Instituto de Estudos Superiores do Maranhão (IESMA). Autor das obras: “Moradas e memórias: o valor patrimonial das residências da São Luís Antiga através da literatura” (São Luís: EDUFMA, 2015. 232p.) e “O sublime jogo estética da vida: ensaios lítero-filosófico sobre a vida e a obra de Graça Aranha” (São Luís: EDUFMA, 2018. 184p. 2ª edição). Organizou a edição da obra “O meu próprio romance: edição comemorativa aos 150 anos de nascimento do escritor Graça Aranha” (São Luís: UFMA, 2018). Integrante do Grupo de Pesquisa Studia Brasiliensia (UFTM/IESMA) desde 2020.

1- Como despertar o interesse de novos pesquisadores na obra de Graça Aranha?


Flaviano Menezes da Costa: Não lendo tais críticas! Tirando suas próprias conclusões ao fazer uma leitura desprovida de preconceitos das obras de Graça Aranha. Já estamos bem distantes daquelas “picuinhas” entre beletristas da década de 20 e 30 do século passado, e o que ficou ainda pode ser percebido como proposta e isso já é uma ótima contribuição. Gosto muito das sugestões estéticas do Graça sobre “uma consciência cultural que pode nos levar a conclusões sobre a estética nacional e sobre a perspectiva histórica do país”. Tal questão pode ser material de pesquisa em diversas áreas, como na filosofia, na teoria literária, sociologia, antropologia, dentre outras.

2-Como analisa as considerações de: Oswald de Andrade (1890-1954) o chamou de “protomártir da nova era”, e Mário de Andrade (1893-1945), de “a antemão da Semana”, durante a Semana de Arte Moderna, em 1922.


Flaviano Menezes da Costa: É relevante ressaltar que a figura perspicaz de Oswald de Andrade destacou-se entre os críticos e jornalistas de sua época e tudo que ele propunha, aos poucos se tornava “ordem aos novos”. Poucos dias após o discurso proferido por Graça Aranha na abertura da Semana de Arte Moderna, o referido modernista publicou um texto no jornal “A Manhã”, no qual criticava severamente o escritor maranhense, descrevendo-o como “um dos fenômenos mais perigosos que uma nação analfabeta pode desejar. Leu duas linhas a mais do que os outros, capturou três ideias além das de uso comum e, enfeitiçado por uma hipnose interior, crédulo e ingênuo, busca impor de forma intransigente seus conhecimentos mais recentes, frequentemente confusos e caóticos” (ANDRADE, Oswald de. Carta aberta a Graça Aranha. In: Jornal A Manhã, 1924). Esse comentário, assim como os citados acima, não surpreendeu aqueles que ajudaram na realização da “festa modernista”, uma vez que todos estavam cientes da árdua batalha que Oswald de Andrade travava para ser reconhecido como o “pai do modernismo brasileiro”. Graça Aranha e, posteriormente, o próprio “melhor amigo” de Oswald, o Mário de Andrade, tornaram-se obstáculos significativos nessa longa jornada; pois estes também almejavam tal epíteto. No entanto, é possível afirmar que tais críticas de Oswald em relação a Graça Aranha carecem de fundamentação sólida e são influenciadas pelos embates e competições no meio intelectual da época. Sobre a afirmação de que Graça Aranha foi “a antemão da Semana”, é importante lembrar que quinze dias após sua palestra polêmica na Academia Brasileira de Letras (onde proferi a famosa frase “Se a Academia não se renova, morra a Academia”) Graça Aranha submeteu à apreciação da mesma um projeto de reforma intitulado “O espírito moderno” (1924), no qual propunha, de maneira assertiva, a exclusão dos concursos e da atividade crítica da instituição de conferências e revistas que não fossem consideradas “atual” e “brasileiras”. Além disso, o escritor defendia a imediata criação de um Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, que abrangeria todos os vocábulos e expressões presentes na linguagem corrente do Brasil. O projeto também contemplava a promoção de conferências públicas realizadas pelos acadêmicos, abordando temas filosóficos e literários contemporâneos, e o compromisso da Academia Brasileira de Letras de imprimir e divulgar as obras de jovens escritores que não encontrassem editores. No entanto, a “proposta moderna” de reforma não foi aceita pela instituição. Em face das críticas recebidas por seu protesto em relação à imobilidade da literatura nacional, Graça Aranha rompeu definitivamente com a Academia, retirando-se voluntariamente de uma instituição à qual inicialmente havia recusado integrar, apenas alterando sua posição por solicitação direta de Machado de Assis. O mesmo Graça Aranha que depois de toda uma luta em favor do ideário modernista contra a própria Academia Brasileira de Letras, tornando-se, posteriormente, uma “pedra-no-sapato” para ambos.

Para quem quiser saber mais sobre o autor brasileiro, membro da ABL, assista à entrevista no canal BarcellArtes: https://www.youtube.com/atch?v=MsHECfnt5PU

Por: Renata Barcellos (BarcellArtes) - Professora, Poetisa, 
Escritora e Membro Correspondente do Instituto Geográfico de Maranhão, 
Apresentadora do programa Pauta Nossa da Mundial News RJ.



You may also like

Nenhum comentário: