PRAIA E PERIGO

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 Maria Teresa Freire.


Fernanda, jornalista em férias, pretende descansar após as atividades de trabalho estressantes. Convidada por amigos, prepara-se para passar alguns dias em uma aprazível cidadezinha litorânea, onde eles têm uma casa, extremamente confortável. Uns dias calmos, próxima ao mar que é um dos seus locais preferidos lhe fará bem.  A companhia do casal amigo completa essa tranquilidade com longas conversas, que se tornam ainda mais agradáveis nas noites quentes de céu estrelado e lua prateada.

Uma noite, sentados na varanda, aproveitando a brisa suave, refrescante, aproxima-se uma vizinha para pedir ajuda. Pelo relato nervoso da moça, ficam sabendo que se alastra pela cidade um problema dermatológico que inicia com algumas manchas que coçam e espalham-se pelo corpo todo. O médico da Unidade de Saúde não está dando conta, sozinho, dos atendimentos, explica a vizinha. 

Pelo diagnóstico do médico, o episódio dermatológico é causado principalmente pela água do mar, que deve estar contaminada por elemento químico que causa a alergia. Os medicamentos prescritos pouco ajudam. Outros exames laboratoriais são necessários para identificar a causa das reações alérgicas tão graves.   

A notícia alarma a todos. A região tem um meio ambiente limpo, sem degradação, fato que facilita entender a preocupação da população. Os três resolvem acompanhar mais de perto o caso.  Fernanda tem alguns contatos médicos e apela para um deles. Na realidade, ela tem um contato, em especial. É o primeiro a quem ela procura, explicando a situação. Júlio, o médico, responde à mensagem dela: “estou em férias e você me dá trabalho? Mas, por sua causa eu irei. É o jeito de vê-la nesses dias de folga!”

Enquanto Júlio não chega, a jornalista resolve investigar um pouco mais a fundo o que está acontecendo. Levanta mais informações com a vizinhança. Descobre que o número de pessoas afetadas por uma espécie de alergia, em nível grave, é maior do que aparenta. A água do mar contém manchas amarronzadas. Os córregos que abastecem a cidade estão com a mesma aparência.

Ao chegar, Júlio é atualizado sobre a contaminação na região. No final da tarde, com a brisa fresca e sol ameno, saem a caminhar pela beirada do mar e redondezas. Júlio que já conhecia o local, surpreende-se com a coloração marrom da água. 

No dia seguinte, Fernanda leva Júlio à Unidade de Saúde (US) onde conversam com o único médico que atende a comunidade.  As alergias causadas não são comuns e estão sendo difíceis de serem tratadas. Coletam o material e enviam para outra cidade com laboratórios melhor equipados. Até receberem o resultado laboratorial, os dois médicos realizam tratamento medicamentoso disponível. 

Enquanto isso, Fernanda continua a observar as atividades dos barcos e constata que alguns se desgarram dos pesqueiros e seguem para as cavernas.  O comportamento daqueles pescadores é muito suspeito. Ela passa a vigiar a movimentação dos homens. Entretanto, distraída com a observação, é pega por eles, sem perceber a aproximação. Ela tenta se safar, debatendo-se freneticamente. Fazem-na cheirar clorofórmio e ela perde os sentidos. Ela fica presa junto com os meliantes e, dessa forma, acompanha o trabalho dos três homens usando máscaras e luvas grossas para misturar líquidos com cheiro muito forte (provavelmente clorofórmio e outros). Depois de misturados passam a encher recipientes e levam para fora, para colocá-los no barco e vão embora.

Amarrada com cordas grossas, utilizadas nos barcos, Fernanda consegue se soltar, aproveitando-se da frouxidão das amarras. Foge para buscar ajuda. Alcança uma estrada e caminha por ela. Encontra uma moradia e pede orientação para voltar à cidade. Com as informações segue pela estrada com esperança que alguém passe de carro para lhe dar carona.  

Como Fernanda não retorna para casa no fim do dia, os três resolvem ir para procurá-la. Após algumas horas, encontram-na à beira da estrada, andando lentamente, como se estivera com as forças exauridas. Colocam-na no carro. Júlio cuida dela com muito carinho. Mesmo depauperada, Fernanda quer ir direto para a Delegacia, onde encontram dois policiais de plantão. Fernanda narra o acontecido com objetividade e detalhamentos. Os policiais saem para fazer a busca pelos locais descritos por Fernanda. Facilmente, os policiais encontram os locais das atividades, inclusive o casebre. Falta prender os traficantes.

Dias depois, localizam os três homens e chegam ao laboratório improvisado, em um galpão velho e mal cuidado. Fazem parte de uma quadrilha maior, que atua em outras pequenas cidades também. O tráfico de drogas é totalmente desbaratado! E a ação policial também se inicia em outros locais em que a quadrilha se ramifica, com a divulgação para outras Delegacias.

Após a resolução da grave situação, Júlio e Fernanda resolvem ficar mais uns dias para, verdadeiramente, aproveitarem as férias que haviam planejado. Para desfrutarem a companhia um do outro. Curtir os dias de folga. Saem a caminhar pela praia, despreocupados, de mãos dadas, cientes de que estes momentos tranquilos devem ser absorvidos pelos corpos, mentes e almas.

Por: Maria Teresa Freire - Jornalista, Escritora, Poeta, 
Presidente da AJEB – Coordenadoria do Paraná.
Presidente da ALB - Paraná.



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