COMO VAI NOSSO BRASIL?

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DRª Virginia Pignot.


Razões de orgulho e de vergonha

Quando cheguei na França nos anos oitenta, assisti uma reportagem sobre os “boias-frias” cortadores de cana brasileiros e fiquei envergonhada com a precariedade das condições de vida destes. Achei que só podia realmente me orgulhar de ser brasileira quando os empregos e salários do país permitissem a todos de viver com dignidade.  

Agora constato que o Brasil progrediu na questão da inclusão sociorracial, a classe media cresceu. Em 2025, pela primeira vez nos últimos dez anos, a soma das classes A, B, e C é superior a soma das classes D e E, fruto da retomada dos investimentos do governo. A lei das cotas e bolsas de estudo permitiram o acesso às universidades de estudantes brilhantes de famílias com baixa renda. O aumento do salário mínimo e do acesso ao emprego se acompanha de aumento do consumo, fazendo a roda da economia girar. O PIB brasileiro é o quinto maior do mundo. Mas, como dizia a economista Conceição Tavares, “ninguém come PIB”.   

Prestigio 

O Brasil e o governo Lula têm sido muito prestigiados e bem recebidos mundo afora. O Presidente é o segundo brasileiro, depois do Imperador Pedro II, a ser homenageado pela Academia Francesa, que incluiu no dicionário a palavra “multilateralismo” em homenagem à ele. Na ocasião, Lula lembrou que a Academia Brasileira de Letras nasceu do sonho de intelectuais de criar nos trópicos, um espaço de reflexão e de criação semelhante ao da Academia Francesa. 

Lula é considerado um grande estadista pelo sucesso de programas de combate à fome nos seus primeiros mandatos, por ter permitido ao Brasil de sair da crise econômica de 2008 através de investimentos públicos massivos, pela sua biografia, por ser um defensor incansável da negociação pela paz, contra os conflitos armados. Ele também é apreciado por ter introduzido o estilo informal do tocar, do abraço brasileiro nas relações internacionais. 

Quais são as razoes deste sucesso?

Lula toma posições corajosas. Ele defende mudanças no modo de governança mundial. O fracasso atual das Instituições para resolver conflitos diplomáticos ou comerciais entre países como ocorre com a Organização das Nações Unidas, ou com a Organização Mundial do Comércio, levaram Lula a propor modificações democráticas destas, como a ampliação de países com direito de voto, e a impossibilidade do direito de veto por um país, ou por uma minoria de países. No funcionamento atual 5 países têm individualmente o direito de anular decisoes da maioria. Neste ponto, e sobre a defesa de negociações para evitar a guerra, Lula foi seguido por outras lideranças mundiais.   

Povo que elege governo de esquerda deve votar em representantes do povo de esquerda.

O prestígio internacional de Lula, junto com os dados positivos da macroeconomia contrastam com o clima de “fracasso mania” dos editoriais brasileiros, diz o jornalista Luis Nassif. 

O governo paga 156 bilhões de Reais/ano de dinheiro publico para o Bolsa Família, enquanto paga 850 bilhões de Reais/ano aos especuladores; a cada 1% de aumento da taxa SELIC o governo desembolsa  55 bilhões de R./ano para estes. Enquanto a classe média paga 30% de imposto, quem ganha mais de 50 mil R./ mês não quer pagar 10% e são apoiados por congressistas de direita que também não querem perder privilégios, as emendas absurdas concedidas pelo bolsonarismo. O Ministério da Fazenda propôs taxação para lucros financeiros, mas a “grita” dos super-ricos que especulam e embolsam o lucro sem contribuir com um centavo para as contas públicas, é grande. 

Para cumprir promessa de campanha governo tem que frustrar ânsia de especuladores

Se não quiser perder o apoio da maioria da sua base, e arriscar de perder as eleições de 2026, o governo vai ter cuidar melhor do dinheiro publico. Flexibilizando a meta da inflação, visando o limite superior da meta, para não ficar amarrado numa meta irrealizável; não cortando gastos com aposentadoria, saúde, educação, como querem os bolsonaristas e outros representantes do mercado financeiro. Os membros indicados pelo governo ao Conselho Monetário Nacional do B.C. devem ser orientados  a baixar a taxa de juros SELIC, das mais altas do mundo. Os grandes ricos lucrarão menos, mas o governo terá meios para cumprir promessa de campanha, de fazer “mais e melhor pelo povo brasileiro”.

Por: DRª Virginia Pignot - Cronista e Psiquiatra.
É Pedopsiquiatra em Toulouse, França.
Se apaixonou por política e pelo jornalismo nos últimos anos. 
Natural de Surubim-PE


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