O RECADO DAS URNAS

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Foto: Reprodução/Internet.

Cada eleição municipal sempre parece para os envolvidos no pleito, um fato local.

Na verdade, as circunstâncias locais têm o seu peso, sem dúvida. No entanto, computados e analisados os votos no seu conjunto, fica clara uma mensagem coletiva emitida pelo eleitor, uma espécie de recado para os donos do poder e os ocupantes dos cargos públicos.

A mensagem deste ano, antes mesmo da finalização do pleito nas cidades onde haverá segundo turno, é muito clara e pode ser resumida em uma palavra: mudança.

A partir das maiores cidades do Brasil, São Paulo e o Rio de Janeiro, de onde os fenômenos políticos costumam se irradiar, a mensagem de mudança, mais ainda, de renovação de quadros, foi claramente emitida pela sociedade.

Em São Paulo, pela primeira vez na história, um novato que se apresentou como gestor e não como político, derrotou logo no primeiro turno, o prefeito, duas ex-prefeitas e um deputado populista detentor de vários mandatos consecutivos, entre outros candidatos.

No Rio, o representante do prefeito, do governador e do partido do presidente da República, também foi alijado da disputa logo na primeira rodada,

Em Pernambuco, cerca de 75% dos vitoriosos nos municípios que não têm segundo turno representaram alternância de grupos nas prefeituras.

Pesou também uma certa rejeição ao PT, legenda nacionalmente maculada pelos escândalos que todos conhecem, e que atingiram inclusive políticos sérios, competentes e honestos. O alto índice de perdas sofridas pelo partido puniu candidatos não por um trabalho deficiente ou por uma biografia contaminada, mas sim pelo associação com a legenda ou em virtude de posicionamentos alinhados com ela, como na questão do impeachment, por exemplo.

A maioria das Câmaras de Vereadores, ao contrário do que a voz corrente dos analista preconizavam, também apresentaram altos índices de renovação.

Esse sentimento de insatisfação expressa, país afora, causou um certo cansaço da população , uma dose de rejeição aos políticos, mesmo que aqui/acolá algum ocupante do poder carimbado pelo conservadorismo tenha preservado o mandato enquanto outros, que representavam inovação de métodos e modelos administrativos, tenham sido injustamente vitimados pelo vendaval.

Esse claro recado das urnas traz embutida uma questão muito séria: a descrença da sociedade com a política.

É aí que mora o perigo. Para que a essa tendência não se acentue, o que é ruim para todos e para a própria democracia, cabe aos vitoriosos a grande responsabilidade de se fazerem dignos da honrosa confiança que receberam do eleitor.

A sociedade espera deles atuações éticas, inovadoras, transparentes e pautadas pelo interesse público.


Essa será a melhor demonstração de que o recado das urnas foi ouvido e entendido.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário, Escritor, Membro da Academia Pernambucana de Letras e Autor do Best-Seller internacional "Maquiavel, o Poder"


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