QUARENTA ANOS DE UMA ACADEMIA ITINERANTE

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A Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro já nasceu com foro privilegiado na imprensa pernambucana. Fundada em 27 de janeiro de 1978, no mês seguinte, o Jornal do Commercio publicava nota intitulada Intelectuais e artistas fundam nova academia. Os membros fundadores, representativos das artes e das letras dos Estados de Pernambuco – sede da Entidade – Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, iniciavam intensa atividade no sentido de estimular e difundir a cultura artística e literária no Nordeste brasileiro. O escritor Nilo Pereira, em suas Notas Avulsas, fala dessa nova academia – notícia que me trazem o general Hélio de Albuquerque Mello e Nicolino Limongi – na qual enxerga o espírito de Nordestinidade que imperava na região. Até o Monitor, de Garanhuns, noticia a criação da entidade, “um dos mais importantes passos tomado pela nossa intelectualidade, no sentido de romper a barreira que isola o norte do sul do País, criando um suposto eixo cultural brasileiro”.

Em agosto, Carta aberta aos intelectuais nordestinos trazia a público a proposta da Entidade de não só representar as letras e as artes nordestinas, mas “se tornar instrumento de sua defesa e promoção dentro e fora do Território Nacional”.

Assim foi e assim tem sido. Nos seus quarenta anos, vem realizando reuniões, encontros, congressos, sempre colocando em evidência os liames da região que seu território abarca. Durante essas quatro décadas, presidiram a instituição: Nicolino Limongi, Aluísio Furtado de Mendonça, Margarida Matheus de Lima, Benedito Cohen, Mozard Borges Bezerra, William Ferrer Coelho, Alvacir Raposo Filho, Ana Maria César, Bernadete Serpa Lopes, Alexandre Santos, Melchiades Montenegro Filho e Valderez de Freitas Leite.

Com o título “Academia itinerante reúne escritores pernambucanos”, a jornalista Verônica Pragana escreveu reportagem especial para a Folha de Pernambuco. Corria o ano de 1997 e a Academia completava vinte anos.

“De Boa Viagem, pode ir para Casa Forte, mudar-se para Surubim ou São Benedito do Sul. Seja onde for, lá vão eles, animados e divertidos. Entre um assunto importante e outro, brincadeiras e risos. É assim que um grupo de escritores realiza os encontros da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro. As sessões têm dia e hora sagrados, mas o mesmo não se diz do local. Sem uma casa sequer para guardar o acervo -  motivo de preocupação para a diretoria – os encontros da academia itinerante, como é conhecida no meio literário, acontecem sempre num endereço diferente”.

O núcleo sede, mantidos contatos com intelectuais dos estados membros, se pôs em campo para instalar os núcleos: Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Piauí e finalmente a Paraíba. Percorríamos os caminhos em caravanas, utilizando ônibus, carros de passeio e até transporte aéreo, criando pontes a ligar Estados nordestinos.

Hoje, ao completar quatro décadas, sentimos que a Alane, mais que uma Academia, é um espaço de congraçamento, com a troca de ideias, a permuta de trabalhos e o abraço fraterno.

Por: Ana Maria César.


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