O médico ortopedista Anderson Ary Dias de Oliveira Silva, um dos mais conceituados ortopedistas de Pernambuco, testou positivo para o coronovírus. Por estar na linha de frente no atendimento a pacientes com vários tipos de doença, ele passou pela experiência de ter contraído o vírus que causa a Covid-19.

Em Surubim ele atende na Clínica Mais Saúde, onde dedica atenção especial aos pacientes. O médico também atende em Caruaru, no Hospital Regional do Agreste e na UPAE.

Saindo da recuperação, Dr. Anderson é mais um caso bem sucedido entre os profissionais que testam positivo para o vírus chinês e têm a saúde restabelecida.

BMM - O que é mais importante na prevenção do coronavirus nesse momento?

Dr. Anderson - O fundamental é a conscientização da população de que TODOS estamos vulneráveis a esse vírus. Como ainda não existe vacina ou um protocolo de tratamento que se prove eficaz, devemos adotar o isolamento sempre que possível. Nesse momento, é a principal ação.

BMM -  Por que as pessoas teimam em pensar no contágio como uma coisa distante?

Dr. Anderson - Felizmente a maioria dos casos são leves ou assintomáticos. Como nosso país não testa massivamente a população, existe a sensação de pouco contágio. Como o brasileiro é igual a Tomé, ele precisa ver para crer que existe.

BMM - Qual a sensação em ter enfrentado e vencido o vírus?

Dr. Anderson - Infelizmente quem está na linha de frente à Covid, como eu, tem poucas chances de escapar sem o contágio. O uso adequado dos EPI' s diminui muito as chances de contágio, mas não as elimina. Um local de uso comum a todos os profissionais é o refeitório, onde não se usa a maioria dos EPI s.

Inicialmente a doença se apresentou como uma gripe forte: muita coriza, espirros e dor de cabeça. Dois dias depois veio muita dor no corpo e prostração, não sentia vontade de me levantar. Associado a isso perdi o olfato e paladar (até agora não recuperei). Sinto que passei por uma doença nova, de apresentação e tratamento desconhecido e agradeço a Deus por não ter desenvolvido a forma grave da doença. Perdi um professor e amigo para a Covid. Isso poderia ter acontecido comigo, mas Deus me permitiu continuar a jornada aqui na Terra para que possa continuar ajudando aos meus pacientes.

BMM - O número de profissionais da saúde contagiado é alto. Que medidas poderiam amenizar isso?

Dr. Anderson - Em relação a essa pergunta, existe uma deficiência enorme em diagnosticar os profissionais infectados e afastá-los de suas funções, levando a maior contaminação dos colegas de trabalho. A testagem massiva dos profissionais seria de grande ajuda no enfrentamento a essa doença.

BMM - Quais recomendações o senhor deixaria aos colegas de profissão e população em geral?

Dr. Anderson - A mensagem que deixo é que respeitem as recomendações das autoridades, usem máscara e procurem ao máximo o isolamento social. Sei que isso não é possível para grande parte da população, mas quem puder fique em casa. A Covid-19 mata jovem, idoso, enfim, não queira ser mais um número em meio às estatísticas. Se proteja e proteja a quem você ama. Em breve isso irá passar.