PERFIL DE UMA VENCEDORA

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Mitiko.


 Mitiko é filha de Midori e Takeki Yanaga. Midori, a primogênita do casal Seiji e Tome Shimoide, veio aos nove anos de idade acompanhando a família em 1929. Takeki Yanaga migrou para o Brasil, aos dezoito anos de idade, atrás do seu sonho de enriquecer como apregoava a propaganda sobre o Brasil, lá no Japão.  O casamento foi realizado a contento dos pais Shimoide.

No ano seguinte nasce a primogênita Mitiko. Mitiko se escreve com os ideogramas Miti de caminho e ko, de filho. Mitiko, primeira da terceira geração Shimoide deveria ser um caminho para as gerações futuras. Yanaga era lavrador, plantando algodão. Tempos depois muda para o núcleo urbano de Bastos. no oeste do Estado de São Paulo. Em Bastos, nasce a segunda filha do casal: a Yoshiko em 1940 Nesse mesmo ano Yanaga é convidado a trabalhar na BRATAC, empresa japonesa colonizadora de Bastos, nos rincões mineiros para comprar minérios para exportar para o Japão.

Inicia no Estado de Minas Gerais o real convívio com brasileiros, ou seja, com mineiros. Agora são realmente imigrantes. Têm de aprender o idioma da nova pátria, aprender a etiqueta, a comida, o vestir, e se adaptarem com as com letras ocidentais. Vivem uma curta temporada em Figueira do Rio Doce, hoje Governador Valadares, em São Tomé, hoje Galileia, em Coroaci comprando malacacheta, depois vão para Sete Lagos. Agora o objetivo é comprar cristal de rocha. Nasce aí a terceira menina a Leiko. É o tempo que a segunda guerra mundial se torna conhecida no interior mineiro e os japoneses são presos simplesmente por serem japoneses, descendentes do país inimigo: o Japão. Iniciam os ataques a casas dos japoneses. Diante disso, sem condições de retornarem ao Estado de São Paulo, mais especificamente para Bastos. Vão todos morarem um Inhaúma, um vilarejo distante de Sete Lagoas. Em Inhaúma nasce o primogênito Lyo. É a grande alegria dos pais. Ele cuidará dos pais quando forem idosos, segundo a tradição japonesa.

Enquanto isso a segunda guerra continua e desde 1941 encerraram as relações comerciais entre o Brasil e o Japão. Estão desempregados. É o momento de procurar outro trabalho. Assim Yanaga, em 1945, muda para o Venda Nova, hoje bairro de Belo Horizonte, e se torna agricultor,

Mitiko entra para o curso primário. É uma estudante. Os pais cercam-na de cuidados pois estudar era muito importante lá no Japão. Mas embora Mitiko se sinta importante perante os irmãos menores, os colegas chamam-na de Mitiko cocô, Mitiko cocô. Isto porque em japonês as letras “o” e “e” não mudam o som . “O” é sempre Ô assim como “E” é Ê.. Diante disso, um amigo do pai mudou a pronuncia para Mitikó. Ai nascem os irmãos Ken e a pequena Hiromi.

Em 1948 a família muda para Taubaté. É avida de cigano do imigrante que não se apega muito a dado lugar por não conseguir fazer amigos devido a dificuldade de comunicação em português.   

Mitiko presta exame de admissão ao ginásio e conclui também o curso científico.

Em Taubaté não havia curso superior e o sonho da Mitiko era estudar Diante disso, foi para São Paulo e concluiu o curso de geografia na USP Durante as aulas havia muita pesquisa a ser realizada nas publicações do IBGE, ou seja, na Revista Brasileira de Geografia e no Boletim Geográfico, Ela alimentou o sonho de trabalhar no IBGE.

Em 1960, após um concurso público ela iniciou a trabalhar no IBGE. Em 1962, Mitiko após uma recebeu um convite do Consulado japonês para uma bolsa de estudos no Japão patrocinado pela Ministério de Educação japonês. Assim concluiu o mestrado em climatologia pela Tokyo Kyoiku Daigaku (Universidade de Educação de Tóquio). Esta Universidade foi posteriormente encampada pela Universidade de Tsukuba. 

Em 1966, casou com Yosimori Une e vieram os filhos Monica, Mauricio e Karina. 

No IBGE, Mitiko desenvolveu trabalhos relacionados ao trabalho agrícola e também no ramo de clima interferindo na agricultura. Em consequência,   voltou-se para a questão ambiental realizando trabalhos nessa área. .

Aposentada, foi consultora em geografia, professora de japonês para principiantes e se dedicou a prática da cerimonia de chá, ikebana e culinária japonesa.

Relembrando o avô materno, Seiji Shimoide, decidiu escrever um livro falando sobre o avô e os tios - Seiji Shimoide em busca do eldorado brasileiro A pedido dos primos escreveu Yumê Sonhos.) contando os sonhos dos da geração mais moça. Depois Anos Cinquenta com contos da colônia japonesa nos anos 60 e 70.

Participou do “Talentos da maturidade” em três anos seguidos. Ganhou o concurso literário promovido pela Zélia Fernandes da Silva e desde então vem se dedicando a escrever contos e poemas. Zelia foi a madrinha para inclui-la no meio literário Hoje é membros de academias literárias com muito orgulho e participa de antologias com contos e poemas.  




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3 comentários:

  1. Mitiko representa a continuação da saga dos japoneses no Brasil, sempre em busca do desenvolvimento da nação e cultura brasileira, temperado com a tradição japonesa, colaborando para a formação do Caldeirão cultura brasileiro, que é a soma de todas as raças e cores.em um povo único, desprovido de guetos e apendices raciais comuns ao redor do mundo. Esse é o grande legado dos imigrantes, desde os involuntários africanos, como os asiáticos e europeus. Bolsonaro é neto de.imigrante, assim como Mitiko, assim como Juscelino, situação impossível no Japão, China, Europa na sua totalidade Assim é o Brasil, só o Brasil é assim.

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  2. Que orgulho de ter há conhecido,que legado para a sua família e todos em sua volta parabéns.....

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  3. Maluma, bom dia! Muito linda ❤️ esta homenagem a Mitiko San, como a chamamos no grupo Tomonokai do Rio de janeiro, que lamentavelmente encerrou suas atividades em 2019. Porém, amizade transcende rótulos e hoje o grupo das poucas nisseis de terceira idade continuam a conversar diariamente com a Mitiko. Ela que é sinônimo de cultura e exemplo de família! Saúde, alegrias e eterno amor pela Vida a todos!!!

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