ZÉ VICTOR RICO E ZÉ VICTOR POBRE

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Malude Maciel.


Como acontece em diversas localidades, muitas vezes, pessoas se confundem por terem nomes parecidos, e, por esse tipo de coincidência, esses indivíduos carregam por toda a existência, uma identidade e familiaridade com o personagem homônimo, sem parentesco nem afinidade.

Em Caruaru, cidade interiorana do Agreste pernambucano, ocorreu um fato interessante nesse sentido: É que havia na sociedade dois cidadãos que possuíam a mesma alcunha de : Zé Victor. Um deles era o comendador José Victor de Albuquerque e o outro era o bancário de depois advogado, José Victor de Sousa Nascimento. Para saber de quem se estava falando o próprio povo apelidou a ambos da seguinte forma: Zé Victor rico e Zé Victor pobre. Ambos frequentavam o ambiente bancário; o primeiro como grande acionista, e o outro como funcionário e ninguém evitava as constantes piadas dos colegas.

Zé Victor rico era realmente detentor de grande fortuna e sua fama de Comendador se espalhou por toda a região e até pelo exterior, pois foi bastante comentada pela imprensa da época sua majestosa viagem à Europa, com direito a visitar o Papa, acompanhado da sua esposa D Grinaura e uma filha adotiva. Também era alto acionista da Cooperativa Banco Popular de Caruaru, sob a gerência do Dr. Clóvis Cursino e outros bancos locais, sendo famoso e respeitado pelo poderio econômico e financeiro que possuía. Morava num belo palacete à Av. Rio Branco (Rua da Matriz), centro principal da cidade e destacava-se pelos empreendimentos em geral. Marcou a história futebolística da “Capital do Agreste” com a doação do terreno e construção do estádio que recebeu o nome de : “Pedro Victor de Albuquerque” em homenagem póstuma a seu irmão que foi Vereador no município, demonstrando sua paixão pelo Central Sport Clube. Era uma fidalga figura que arrancava comentários elogiosos ao seu status por onde passava, apesar da arrogância e antipatia. Também atuou na política local como Vereador, assumindo a PMC temporariamente em 1951 e, recebendo críticas, devido sua defesa do capitalismo. Tinha na exportação de café seu próspero negócio. Dizia que sua caneta só assinava compras de imóveis, nunca vendas. Faleceu em 29 de julho de 1971, vítima de um acidente automobilístico na Serra das Russas.

Zé Victor pobre nasceu em Arcoverde na data de 8 de maio de 1925, mas veio logo cedo morar em Caruaru onde desenvolveu sua personalidade austera de trabalho, estudo, honestidade e valor próprio. Constituiu família, casando com a também sertaneja, Isabel de Sousa Guerra, natural de Triunfo, que veio de São Serafim, atual Calumbi, passear no “País de Caruaru”, conquistando o coração do então alfaiate da famosa alfaiataria do Sr. Walfrido Nunes à Rua Dr. José Mariano, em frente da residência do casal: Sr. Eduardo Rodrigues de Sousa e Sra. Gertudes, conhecida como Louzinha, irmã de Isabel.

Zé Victor pobre serviu ao Exército Nacional e quase fez carreira militar, mas depois de casado, submeteu-se a concurso para dois bancos, o Banc do Povo e o Banco Popular de Caruaru onde exerceu vários cargos como bancário até o fechamento da referida Cooperativa. Ele batalhou muito por melhor status e sua honradez sempre o acompanhou nos postos que galgou. Foi presidente da Liga Desportiva Caruaruense por várias gestões e, em 28 de fevereiro de 1991, recebeu um diploma em homenagem por seu desempenho como Presidente daquele órgão em 1967. Estudou Direito na Faculdade de Direito de Caruaru (FADICA), hoje ASCES – Associação Caruaruense de Ensino Superior, sucessora da Sociedade Caruaruense de Ensino Superior que também lhe prestou homenagem pelos vinte e cinco anos de trabalhos prestados à Instituição, e, no seu centenário, em 11.05.2009, concedeu um troféu ao ex-administrador. Além disso ainda exerceu a advocacia por vários anos.

A honestidade foi sua maior riqueza e o legado que deixou aos descendentes como exemplo.

Faleceu em 31 de agosto de 2011 aos 86 anos de idade, deixando a viúva Isabel e os filhos: Maria de Lourdes (Malude), Victória Maria, Victor Júnior e Walter Victor.

Por: Malude Maciel - Membro da ACACCIL – Cadeira 15 – Profa. Sinhazinha.


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