FORA BOLSONARO. E QUEM NA CADEIRA, POR FAVOR?

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José Nivaldo Junior.


 

A verdade eleitoral vale pouco para muitas pessoas que só praticam a democracia quando é da sua conveniência.  Isso não envolve apenas militantes de todos os matizes ideologicos,  que parecem sempre disponíveis para ocuparem as ruas puxando palavras de ordem anti-democráticas. Envolve também uma parcela da intelectualidade elitista e da classe média que se acha progressista e formadora de opinião.  

Vamos para um exemplo desse inconformismo: já tivemos na nossa história dois plebiscitos sobre parlamentarismo. O primeiro ocorreu em 1963, e devolveu a João Goulart (Jango), por mais de 80% dos votos,   os poderes presidenciais que lhe tinham sido usurpado em 1961, após a renúncia do presidente Jânio Quadros. O inconformismo com a vontade popular levou ao Golpe de 1o de Abril de 1964, que depôs Jango e implantou 21 anos de ditadura no Brasil.

A VOZ DO POVO

Depois da redemocratização,  em agosto de 1993, aconteceu novo plebiscito sobre o sistema de governo. Novamente, de lavada,  o povo escolheu o regime presidencialista.

Aqueles setores da intelectualidade e da classe média que se julgam  qualificados para decidir o que é melhor para o país, em nome do povo,  não perdem oportunidade para reacenderem a proposta parlamentarista. Sem entender que, por vontade própria, o povo jamais abre mão de um direito que é seu. Pode até fazer mau uso dele, mas abdicar, jamais. Podem fazer 300 plebiscitos. O resultado será o mesmo.

Agora, prospera no Congresso Nacional uma proposta escorregadia para, através de Emenda à Constituição, sem ouvir o povo, se implantar o chamado semi presidencialismo. O Presidente da República passaria a ser uma espécie de rainha da Inglaterra. Olho neles.

FORA PRESIDENTE

Outra forma de questionar o sistema democrático é não aceitar a decisão da maioria. Assim, mal tomam posse, os presidentes legítimos  enfrentam o movimento Fora Fulano.

Foi assim com Sarney,  Collor (que sofreu impeachment),  Itamar. Depois veio o Fora FHC. Não houve fora Lula nem fora Dilma, no primeiro mandato. Após o impeachment de Dilma, foi Temer assumindo e começando o Fora Temer. Com Bolsonaro não podia ser diferente.

ISSO É SER ESQUERDA?

Sou um democrata convicto. Conheço os limites da democracia que temos. Porém, mesmo imperfeita, ela representa conquistas resultantes de lutas seculares. Não deve ser descartada, e sim, aprimorada. Esse é o desafio dessa geração que vem renovando a política.

Nem vou discutir uma mudança revolucionária no Brasil de hoje. Não há clima para isso, nem pela direita nem pela esquerda.  Uma revolução  se legitima pela existência de condições históricas   objetivas para sua efetivação. Não basta a vontade.   A chamada correlação de forças no interior do sistema, repito, não favorece golpes. Mas em caso de bola dividida, só vislumbro danos para os  verdadeiros democratas. Acho que a democracia deve ser aperfeiçoada. Os mecanismos de efetiva participação popular, ampliados. Mas de aventuras que possam por em risco o que foi conquistado, estou fora. Por isso, sempre que ouço “Fora Fulano”, sempre pergunto : “E dentro quem?”

NÃO ESTÁ GOSTANDO?

Em outubro de 2022, se tudo correr bem, o eleitorado tem a mudança ou continuidade nas mãos. Como diz a música de Petrucio Amorim,  “ bom jogador conhece o jogo pela regra”. Adapto: quem é você para querer derrubar o munguzá da democracia?

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário. Historiador. Da Academia Pernambucana de Letras.  
Autor do best-seller internacional “Maquiavel, o Poder”. 


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