VOCÊ JÁ SORRIU HOJE? BOM HUMOR É UM SANTO REMÉDIO

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Marcos Eugênio Welter.


Quando foi a última vez em que você deu uma boa risada? Não conseguir se lembrar é sinal de que pode estar faltando na sua vida um elemento fundamental. bom humor. Neste novo milênio, são tantos os problemas-pessoais, sociais, planetários que deixamos de lado as coisas mais simples, como sorrir, por exemplo. As más notícias chegam rapidamente, o pessimismo contagia e parece que o universo conspira para nos deixar tristes e deprimidos. Então, que tal se esforçar para encarar a vida de uma maneira mais leve e otimista? Experimente colocar mais bom humor em seu cotidiano, aprenda a rir das coisas e até de si mesmo. A tarefa é árdua, mas vale a pena. Tudo em sua volta vai melhorar a comunicação, os relacionamentos e até a saúde. E não esqueça de compartilhar com outras pessoas sua nova filosofia de vida: o bom humor também contagia.

Na definição do dicionário, humor significa a capacidade de perceber, apreciar ou expressar o que é cômico ou divertido. Mas a palavra também batiza os “humores”, substâncias liquidas ou semilíquidas produzidas pelo organismo. A origem é do latim “umor”, que significa fluidez. Ser humorado é, portanto, ser fluido, flexível “Uma pessoa bem-humorada deixa fluir e circular sua energia vital, se torna descontraída, solta e comunicativa”, diz o clinico-geral, homeopata e médico ortomolecular Eduardo Lambert, autor do livro Relaxterapia.

O bom humor seduz e conquista, enquanto o mau humor bloqueia e gera antipatia. Uma pessoa com pouco senso de humor pode, mesmo sem querer, fazer mal a si mesma e ficar doente. Sim, porque a alegria ajuda até a prevenir e curar doenças. Corpo e mente são indissociáveis, como a medicina já comprovou, e um estado de espirito é capaz de influenciar o bem-estar físico, para melhor ou para pior, “Pessoas ansiosas, deprimidas, melancólicas tendem a ter pensamentos negativos e se tornam mais suscetíveis a gastrites, úlceras, tumores e câncer”, explica Lambert.

Por outro lado, a alegria e o otimismo produzem um profundo efeito curativo sobre o organismo. Uma simples risada desencadeia a produção de endorfinas, substâncias que provocam sensação de bem-estar e estimulam o sistema imunológico, aumentando as defesas do corpo contra vírus e bactérias. Além disso, as endorfinas liberadas pelo riso ajudam a baixar o nível de adrenalina, substância intimamente relacionada ao estresse. E não é só uma boa gargalhada também funciona como um “exercício” para o corpo, aumentando a oxigenação dos pulmões, estimulando os batimentos cardíacos e a atividade muscular Tudo isso confirma a sabedoria do ditado “Rir é o melhor remédio, ou ainda “Aquele que ri vive mais!”

Na antiga Grécia, Hipócrates, o pai da medicina, relacionava diretamente os estados de espirito do ser humano aos “humores”, os líquidos do corpo. Segundo sua teoria, pelo sangue, linfa, líquor e bile, por exemplo, circulariam energias boas e más, responsáveis pelas alterações emocionais. O humor, por sua vez, estaria intimamente ligado ao funcionamento do fígado, o que tornaria uma pessoa mais ou menos “amarga” de acordo com a quantidade de bile acumulada. Mas a teoria de Hipócrates não é absurda como parece. Tanto que é corrente a afirmação de que rir “desopila”(desobstrui, alivia) o fígado. “Sabe-se que o bom humor estimula o metabolismo do fígado”, diz o médico antroposófico, homeopata e acupunturista Sérgio Mortari. “Quando a pessoa está alegre, o metabolismo do órgão se acelera e as toxinas são eliminadas mais facilmente.”

Hoje, a medicina já consegue explicar o humor de forma bem mais cientifica do que nos tempos de Hipócrates. Sabe-se, por exemplo, que ele depende de uma série de condições corporais e emocionais. Do ponto de vista orgânico, disfunções bioquímicas ou elétricas do sistema nervoso podem ser a causa dos estados alterados de humor, levando o indivíduo à depressão, à apatia e à tristeza ou a sensações de euforia. prazer e bem-estar completamente desvinculadas da realidade.

Quanto aos aspectos emocionais, todos nós temos um “perfil de humor influenciado pela soma de duas fontes de estímulos emocionais, internos e externos “Crenças, regras, leis e tabus adquiridos em nossa formação familiar e social moldam nosso jeito de ver o mundo”, explica a psicóloga e psicodramatista lara Sodré Hunnicutt, presidente do Instituto Brasileiro de Psicodrama. Mas, mesmo que nossa formação tenha sido marcada pela rigidez e negatividade, nunca é tarde para tentar modificá-la e encarar a vida sob um ponto de vista mais otimista e bem-humorado, diz lara “Temos de mais “ação” e menos “reação” movida a condicionamentos do passado”, recomenda a psicóloga.

O mundo exterior, por sua vez, fornece estímulos que são captados pelos cinco sentidos e transmitidos ao sistema nervoso. Nesse ponto, é capaz que cotidiano não nos de muitos motivos para sustentar o senso de humor, principalmente em tempos tão difíceis quanto esta virada de milênio, em que um dos efeitos colaterais da globalização é nos aproximar ainda mais das várias “desgraças do mundo. Crise econômica internacional, pobreza, desemprego, injustiça social e falta de perspectiva tentam continuamente nos empurrar para o poço sem fundo da depressão. do mau humor. Assim, a mudança de sintonia não representa tarefa exatamente simples e requer esforço e força de vontade. Mas, se dificilmente podemos modificar as circunstâncias externas, com certeza podemos tentar mudar a nós mesmos. E uma das chaves da mudança está em não levar tudo demasiado a sério. É preciso saber rir das coisas e, inclusive, de si mesmo. Outro passo importante é procurar “doçura” em, qualquer situação, o que, muitas vezes, exige uma guinada de 180 graus em nossa maneira de encarar a vida.

“Tudo tem um lado bom e um lado ruim, e é preciso saber enxergar o ângulo melhor e mais enriquecedor em cada experiência”, diz a psicóloga lara Sodré. Ela dá um exemplo: “Se convidamos um otimista e um pessimista para viajar, o primeiro vai se empolgar com a possibilidade de fazer uma coisa diferente, conhecer novos lugares e apreciar as paisagens. Já o pessimista irá colocar empecilhos e pensar no pior, como nos caminhões fazendo ultrapassagens perigosas numa estrada esburacada ou no incômodo de viajar tantas horas.”

O livro Nome da Rosa, best-seller do italiano Umberto Eco que virou filme estrelado por Sean Connery, pode ser “lido” como uma parábola sobre a alegria escondida sob o medo e a rigidez. A trama parte de uma série de assassinatos que abala uma austera abadia na Itália medieval. Durante a investigação, no meio da cortina de silêncio dos monges, descobre-se que as mortes estão relacionadas a um segredo guardado a sete chaves na biblioteca. No final, revela-se o mistério: um livro antigo que pregava nada mais que o poder do riso. Talvez a tarefa de quem ama os homens seja fazer rir de verdade, rir da verdade, fazer rir a verdade, porque a única verdade é aprendermos a nos libertar da paixão insana pela verdade”, diz o frei Guilherme de Baskerville, responsável pela investigação, quando descobre a motivação por trás dos crimes.

Tentando evitar a todo custo que a lição do livro proibido se propagasse - por isso, a biblioteca inteira chega a ser incendiada, os religiosos davam mostra de saber que a alegria e o bom humor se alastram com facilidade. Não é difícil lembrarmos de um amigo que, com seu bom humor “contagiante”, é capaz de descontrair um ambiente ou desanuviar um clima “pesado”. A pessoa bem-humorada conquista sem esforço a simpatia dos outros e quase sempre consegue o que quer, pois tem uma energia aberta, voltada para fora”, ressalta o homeopata Eduardo Lambert

Infelizmente, porém, o mau humor possui um poder de propagação que parece ser mais eficiente do que o do bom humor. É o caso do torcedor que vai ao estádio e, ao ver seu time perder, grita e xinga os jogadores. No carro a caminho de casa, dá “fechadas” a torto e a direito, deflagrando o mau-humor dos outros motoristas. Isso se não provoca arruaças e parte para a violência como forma de extravasar a raiva. Chegando em casa, o mal-humorado ainda briga com a mulher, grita com os filhos e chuta o cachorro. Pronto: ele contaminou a todos com seu mau humor, por todos os lugares por onde passou. “Uma pessoa mal-humorada tem a capacidade de despertar nos outros a negatividade adormecida”, explica Lambert.

Quem não se lembra de “Hardy HarHar”, e hiena pessimista do desenho animado de Hanna & Barbera, que vivia se lamentando: “O vida, o dor, ó azar” Reclamar o tempo todo da vida também pode ser um sintoma de falta de autoestima. O eterno mal-humorado, nesse caso, é alguém que gosta pouco de si mesmo e sente dificuldade em dar e receber afeto. “Assim ele acha que consegue se manter à distância dos outros, se protegendo e evitando sair frustrado ou magoado das relações”, diz lara Sodré. A solução, nesse caso, é tentarmos melhorar nossa autoimagem, o que pode ser feito por meio de visualizações e afirmações positivas. O grande remédio, porém, é mesmo o afeto. “Ele é a pílula mágica da felicidade, melhor que qualquer Prozac ou Viagra”, defende lara. E uma das formas de dar afeto e ajudar outra pessoa a melhorar sua autoimagem é simplesmente fazendo um elogio. “Receber um elogio alimenta a autoestima tanto quanto a comida alimenta o corpo”, diz a psicóloga.

Outro ponto importante para melhorar o senso de humor é desenvolver a capacidade de ser tolerante. A maioria de nós costuma idealizar as situações e as reações dos outros antes que elas aconteçam e ter pouco jogo de cintura quando elas não se encaixam nos “modelos” criados pela nossa cabeça. Uma pessoa mal-humorada é, antes de tudo, alguém que faz julgamentos o tempo todo. Se vivemos julgando, quase sempre chegamos a veredictos desfavoráveis as pessoas ou acontecimentos não correspondem às nossas expectativas, o mundo é ruim, ou somos uns injustiçados.

Viver plenamente o presente também é um segredo para viver bem, acredita o homeopata Eduardo Lambert. “A maioria das pessoas passa 75% de seu tempo remoendo o passado, 20% pensando no futuro, e só dedica 5% a viver o presente. O aqui-e-agora fica relegado a último plano”, afirma Lambert. Curtir cada momento da vida com naturalidade e espontaneidade é fundamental para aliviar o peso das responsabilidades e obrigações. O médico Sérgio Mortari dá uma receita de visualização para resgatar o bom humor na adversidade: “Quando sentir que nuvens escuras estão se formando sobre sua cabeça, imagine que elas se afastam e que por baixo o Sol estará sempre brilhando.

Portanto, comece agora mesmo a rir ou tente pelo menos fazer uma careta sorridente Mantenha-se assim por alguns segundos, tempo suficiente para que seu cérebro receba a mensagem e libere os “hormônios da felicidade”- como são chamados alguns neurotransmissores, entre eles a endorfina - que dão a sensação de bem-estar.

Não perca tempo. Acostume-se desde já a dar boas gargalhadas várias vezes ao dia. Pratique o exercício do “cérebro risonho”, mesmo que você não tenha muitos motivos para ficar rindo à toa. O que importa é que, aos poucos, você vai acabar melhorando seu humor.

Por: Marcos Eugênio Welter - Trabalhou como Advogado e Funcionário do Banco do Brasil, 
Membro do Conselho Superior Internacional da ALB.


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