VIENA

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Marcos Eugênio Welter.

À primeira vista, o maior parque de Viena, o Stadtpark, não tem nada que o diferencie de qualquer outro parque do mundo. Lá estão as árvores, o verde, crianças brincando, lago com patinhos, casais namorando, o sol brilhando acima de tudo. Nem muito grande ele é, ainda mais se comparado aos frondosos contornos do Parque Ibirapuera, em São Paulo, do Central Park, em Nova York, ou do Hyde Park, de Londres. Mas na verdade, o que há lá dentro não tem paralelo: o espírito e os símbolos de uma das eras mais esplendorosas da arte e da cultura ocidentais, uma era que divagava com Freud e Wittgenstein, e depois relaxava com Mozart, Mahler, Strauss, Schubert, Brahms e Boethoven.

NO STADTPARK, depois que se passa o lago, há uma coluna de árvores que faz a curva à direita. Assim que a folhagem vai permitindo a visão, aparece à frente um monumento dourado, rodeado de flores coloridas. É a estátua de Johann Strauss, autor da valsa mais conhecida do mundo, o Danúbio Azul. Prestando-se a atenção percebe-se que há música no ar, uma peça do próprio Strauss. Você está perto de uma das doces surpresas de Viena. Mais alguns passos adiante e lá está a origem da música.

Debaixo do sol de fim de tarde dominical e da brisa fresca, em um pequeno coreto, o maestro rege um quarteto de cordas, violinos, contrabaixos, o farfalhar das árvores como um pano de fundo, sonatas, valsas, a música dos anjos num domingo no parque. Defronte do quarteto, cerca de 100 pessoas estão sentadas às mesas do Kursalon, um dos milhares de cafés vienenses, que mais do que estabelecimentos propícios para os encontros, para ler jornais à la francesa ou tomar drinques, são uma instituição da cidade. Eles são tantos que já se disse que Viena foi construída ao redor de seus cafés. Elas tomam algum dos quinze tipos de café do menu, saboreiam tortas esplêndidas e apreciam o espetáculo. Sentando-se ali, a impressão que se tem  é que Viena, seus palácios, balés, museus, cafés, parques e concertos parecem ter sido feitos para que a alma se delicie e a memória não se desfaça jamais do que os olhos vieram e o corpo sentiu.

VIENA é a cidade mais musical da Europa, talvez do mundo,  e era a capital de um império gigantesco, o austro-húngaro, cujo hino nacional era cantado em treze diferentes línguas e que abrangia desde o norte da Itália passando pela Europa Central até as mais distantes fronteiras dos Balcãs, abarcando dezessete nacionalidades diferentes. O Império não existe mais desde a Primeira Guerra Mundial, e as bombas  da Segunda ceifaram as inteligências mais cintilantes de então e também arrasaram com igrejas, a animação dos bailes, salas de concerto e muitas outras coisas e edificações centenárias, mas a cidade ainda hoje, e cada vez mais respira música de todos os tipos.

DANÚBIO, AS ÁGUAS QUE VIRARAM MÚSICA – O Danúbio era apenas um rio que nascia na Alemanha, cruzava a Áustria e desembocava em terras russas até o dia em que Strauss compôs a valsa mais famosa do mundo. A partir daí, tornou-se símbolo de Viena – embora, na verdade, o rio em si, passe meio longe do centro da cidade. O que se vê ao lado é apenas um canal dele, este sim enfeitando uma região mais central. Hoje, de azul e Danúbio não tem nada. A poluição tornou-o esverdeado. 

MOZART, O TALENTO GENIAL DE UMA LENDA – O pequeno Wolf nasceu em 1756 em Salzburgo, a 298 quilômetros da capital do império. Mudou-se para Viena só aos 26 anos. Aos 6, tocou piano para a corte e, aos 12, escreveu sua primeira sinfonia. Até aí era apenas um talento precoce. Com o passar dos anos, no entanto, compôs obras sublimes como a  Flauta Mágica, as Bodas de Figaro etc. Com isso, o menino precoce virava lenda e dava lugar a um dos maiores gênios musicais da humanidade.       

Por: Marcos Eugênio Welter - Trabalhou como Advogado e Funcionário do Banco do Brasil, 
Membro do Conselho Superior Internacional da Academia de
 Letras do Brasil.


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