O ANEL E A ALIANÇA ETERNA

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Marcos Eugênio Welter.


ANEL - Devido ao formato circular, o Anel simboliza a “aliança” protetora, imitando o “arco-íris”. Os Hebreus o consideravam como representante do poder; Salomão o usava à guisa de selo; era um anel formado por uma metade em ferro e outra em bronze. Na época dos Romanos, seu uso passou a ser meramente ornamental; podiam ser usados nos dedos das mãos, como nos dos pés, e os escravos não podiam tê-los. Mais tarde, passou o uso às orelhas, como brincos; certas tribos usavam anéis no nariz, perfurando a parte de baixo. Na Igreja católica, as freiras, ao serem ordenadas, recebem uma aliança simbolizando “o casamento espiritual com Jesus”. No casamento, é usada uma aliança em ouro no dedo anelar da mão esquerda e se denomina também de “fé”.

ALIANÇA - Palavra composta de origem latino-francesa que significa reunir, juntar, associar, derivada do verbo “aliar”. É expressa na atualidade por um anel colocado no dedo anelar, na ocasião de um casamento..

Teologicamente, diz-se Aliança a união do homem com o seu Criador, e a História Sagrada nos revela que a primeira Aliança foi por Jeová com Abraão.

Aliança ou Pacto foi o “contrato” que Deus formulou com o homem que criou e valorizou acima de tudo; até mesmo sobre todo o conteúdo do Cosmos e de todos os universos. Sabemos que o Homem tem domínio sobre tudo o que existe na Terra e, há poucas décadas, subiu até a Lua e viaja pelo Cosmos com pretensões inimagináveis.

Esse “salto” para fora da Terra não está previsto nas Sagradas Escrituras. Ao criar a terra dissera Javé: “Façamos o homem a nossa semelhança para que domine sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre o gado e sobre toda a terra e sobre todo animal réptil que se arrasta sobre o solo ”( Gênesis 1, 26,28). 

A primeira Aliança foi o acerto de Deus para consigo mesmo, foi uma sua disposição unilateral, pois considerava o homem como sua criação tendo sobre ele pleno domínio. Assim que dispôs: “Javé Deus tomou ao homem e colocou no jardim do Éden para que o cultivasse e guardasse. E Javé Deus impôs ao homem um preceito, dizendo: De todas as árvores do jardim podes comer sem receio. Porém, da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que comeres, morreras irremediavelmente.

Esse pacto, Adão e Eva aceitaram tacitamente, pois ignoravam o que poderia significar “o conhecimento”.

Essa aliança durou pouco porque a inteligência nata começou a despertar, sendo mais acentuada em Eva, pela intuição. Aceitou a sugestão e, atraída pela beleza do fruto daquela árvore proibida, não só colheu como também comeu e deu a Adão para que o ingerisse.

Rompera-se o pacto.

Os primeiros seres humanos passaram a usar dos meios que tinham e procriaram até estabelecerem, após inúmeros séculos, uma comunidade que desenvolvia paralelamente com a inteligência os seus instintos, provocando grande preocupação a Javé.

Temos o episódio do Dilúvio, o sacrifício da grande maioria do povo e a preservação dos que ingressaram na Arca.

Repovoada a Terra, tanto com animais selecionados como com pessoas, Javé propôs o segundo pacto: “Estabelecerei uma Aliança convosco e com a vossa descendência de que não haverá mais um dilúvio para destruir a Terra, como símbolo, porei um arco entre as nuvens como sinal de minha Aliança”.

Novamente passados séculos, o homem esqueceu a proteção de Deus que dispôs de forma a depurar seu povo, os maus, ordenando a Abraão que deixasse família e propriedades e se dirigisse à Terra de Canaã apresentando-lhe uma nova aliança: “Eis aqui meu pacto contigo: serás pai de uma multidão de povos. Eu estabeleço contigo e com tua descendência depois de ti por suas gerações  meu pacto eterno de ser teu Deus e o de tua descendência, depois de ti; circundaras todo varão e isso será o sinal do pacto entre mim e vós”.

As Alianças estabelecidas representavam sempre um símbolo.

A circuncisão que é a retirada da pele que encobre o prepúcio do membro sexual masculino manteve a simbologia do Círculo; o primeiro foi o Arco-íris, um semicírculo; depois, a pele em forma de anel.

Passaram-se os séculos, milhares deles, e vamos encontrar o povo de Deus envolvido nas mais emocionantes sagas até que, assolados por uma interminável seca, buscaram nas terras egípcias o alimento e ali se estabeleceram e cresceram a ponto de preocupar os egípcios que ficaram em minoria.

Após duras provas, perseguições e escravidão, Moisés os retirou do Egito e na longa caminhada expiatória, andando em círculos no deserto, surge o episódio da Aliança do Sinai, quando Moisés recebeu condições da nova Aliança representadas pelos 10 Mandamentos.

As tábuas da lei foram um novo símbolo visível que seria preservado e colocado dentro de uma Arca que passou a denominar-se “Arca da Aliança”, misteriosamente desaparecida quando Babilônios arrasaram o Grande Templo de Salomão.

Quando essa Arca foi encontrada, eis que permanece misteriosamente oculta, hão de surgir acontecimentos estranhos.

Longo período de desencanto e desobediências, referido pelo profeta Jeremias, sucedeu-se: “Desde o dia em que vossos pais saíram do Egito até hoje lhes enviei meus servos, os profetas, dia após dia; porém, não me escutaram, não me prestaram ouvidos e endureceram seus corações e obraram pior do que seus pais”.

O Profeta Jeremias anuncia uma nova Aliança: ”E aí vem dias, dia do Senhor, e firmarei nova Aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a Aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, porquanto eles anularam a minha Aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o senhor. Porque esta é a Aliança que firmei com a Casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. 

Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhes inscreverei; Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei suas iniquidades, e dos seus pecados jamais me lembrarei”.

Contudo o povo de Deus não se manteve fiel com o pacto e como castigo houve a “Diáspora”, ou seja, a dispersão do povo hebreu.

O símbolo dessa Aliança foi o Templo de Salomão e os demais que lhes sucederam, ou seja, o de Zorobabel e o de Heródes.

Finalmente, surge uma ”penúltima Aliança”, denominada “ A Aliança do Espírito” tendo por símbolo a pessoa de Jesus. O plano da salvação através de que Deus denominou seu Filho Predileto.

Seria alcançar o esperado retorno às primeiras condições, a um segundo jardim do Éden numa concepção esotérico-espiritual. Até lá, os místicos estão na expectativa de uma ultima Aliança, porque durante dois mil anos a pregação de Jesus perde-se no egocentrismo da Humanidade que tem Deus como um mito e não como seu Criador.

Por: Marcos Eugênio Welter - Trabalhou como Advogado e Funcionário do Banco do Brasil, 
Membro do Conselho Superior Internacional da Academia de
 Letras do Brasil.


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