Carta a velhice

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Rosalva Santos.


Um novo olhar sobre a velhice palavra proveniente do termo em latim Vetus, ou seja, velho visão antagônica de uma realidade, projetos de vida sucedidos, reinventados, ou tristemente inesperados, decadentes e invisíveis. É uma fase da vida destinada a várias possibilidades, significados e ressignificados, considerada a terceira idade da vida humana, para uns reconhecidos pelo sucesso e experiência, para outros fase da vida que merece ser vivida com aproveitamento de todos os momentos, antes sufocado pela responsabilidade e compromisso com a família e o trabalho, esses veem a velhice como momento de desfrutar o que realmente querem livres, com total liberdade de expressar seus desejos e suas vontades. No entanto uma grande parte dos idosos vivem o anonimato dessa etapa, são excluídos, não se sentem úteis, sendo tratados como incapazes, muitas vezes tratados de forma pejorativa pela família e a sociedade. O que nos torna pessoas tão indiferentes a essa realidade? Contudo poderíamos pensar e conviver com a velhice de uma forma natural, não a considerando como uma etapa terminal, mas como um novo começo de viver a vida sem preconceito e sem denegrir, inferiorizar. 

Vejo a velhice de forma subjetiva e complexa não apenas pelas mudanças físicas, ou queda de força e degeneração do nosso organismo, mas precisamente porque muitos idosos enfrentam o descaso da família e da sociedade. No Brasil os idosos segundo dados do IBGE só 39,8% milhões (22/07/2022) de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos é uma fase que todos nós estamos destinados a vive-la. Em algumas sociedades o idoso é considerado um exemplo a ser seguido uma pessoa digna eficazmente com experiencias vividas e comprometida com sua família de grande valor no aspecto pessoal e profissional. Apesar dos avanços adquiridos a velhice é sinônimo de dificuldades. Através da legislação lei 10.741 de 1 de outubro de 2003. Com direitos e deveres, percebemos ainda muitos idosos em condições degradantes de desamparo, miséria e solidão, distância da família e de amigos, essas mudanças psicossociais como a afetiva e cognitiva e os efeitos psicológicos do envelhecimento, infelizmente pelo ritmo frenético que vivemos a sociedade contemporânea transformou com imprudência a valiosa experiencia e o saber acumulando ao longo dos anos necessitam se adaptarem e muitas vezes veem-se obrigados a optar por mudanças e transformações de vidas, sem nenhuma conotação de bem estar e prazer consigo mesmo. 

Lamentavelmente constatamos que a pressa que nos impulsiona descarta a racionalidade afetiva, o valor ao próximo e o aconchego da vida e de uma forma amoral, desumana, classificamos ou desclassificamos pessoas, rotulando se são capazes produtivas, ou incapazes inúteis para um contexto produtivo. 

Precisamos urgentemente rever nossos conceitos dentro do âmbito do envelhecimento fragilizado e nos comprometermos a vê a velhice como resultado de um processo ao longo da vida, desta forma medidas preventivas devem ser pensadas para garantir o bem-estar do idoso, na família e na sociedade. A sociedade capitalista visa a produtividade, a força física para a produção de bens e consumo, evidenciando a valorização da juventude, sua resistência e participação ativa. Enquanto o envelhecimento é percebido como negatividade pois já não se adequa às necessidades especificas e ao processo dinâmico e progressivo indissociável aos interesses e padrões da sociedade. 

A aceitação ao envelhecimento tem suas particularidades, depende de como viver bem e com autoestima, altruísta, perceber o declínio físico, as rugas, os cabelos brancos, o enrugar da pele, nem sempre é encarado de uma forma agradável conformidade, com todas essas transformações, o envelhecer ainda enfrenta as injustiças e as desigualdades sociais. Principalmente em nossa sociedade com o culto da beleza, da juventude. No entanto os idosos tem suas particularidades e para muitos idosos essas mudanças, não significa insatisfação consigo mesmo, que apesar de vulnerabilidade de perda de atributos físicos ou de beleza sentem-se bem com a sua aparência cuidando-se e sentindo-se bem. Um exemplo de amor a própria idade é da querida D. Rejane Cavalcanti que com seus 92 anos de idade tem a beleza de sua idade, pinta o cabelo, reinventou-se enfrentando suas limitações e sendo feliz, sempre gostou muito de leitura e hoje escreve poesias, com livros publicados no Brasil e em Portugal que através dessa atividade restabelece os vínculos sociais e culturais.

Envelhecer é um processo vital na vida seres humanos, cabe a sociedade participar eficazmente desse processo seja através das políticas públicas, das políticas de assistência social, das políticas de prevenção a violência e prevenção a doenças, do planejamento familiar, para favorecer o idoso, ou seja, pela preparação da sociedade em investir continuamente, assegurando a qualidade de vida. 

É notório que a sociedade contemporânea deprecia a condição do idoso e a perceba como uma fase improdutiva é preciso consolidar as políticas públicas que considerem esse processo de envelhecimento com serviços públicos que apresentam uma abordagem integrada aos setores de saúde, economia, mercado de trabalho, atualmente o quadro de idosos em condições precárias desceu consideravelmente, para sanar essa exclusão do idoso, sociedade, família, instituição, de acordo com a lei n 10.741 de 1 de outubro de 2003 do estatuto do idoso asseguram aos idosos proteção e seus direitos. Direito, a vida, a saúde, a alimentação, a educação, a cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, a cidadania, a liberdade. Porém essa convivência em família ou na sociedade ocorrem grandes problemas enfrentados pelos idosos como maus tratos, abandono, negligência, violência psicológica, violência física, apropriação dos benefícios e das pensões.

Por: Rosalva Santos - Educadora, Escritora, Empresária, 

Psicopedagoga, Psicologia Clínica em Análise Bioenergética.



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