A FLOR DO BURITI

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Drª Virginia Pignot .


 “Por que os fazendeiros pensam que eles têm direito à vida, e as árvores e os índios não”?

Vencedor do Festival do filme de Monique, premiado e acolhido calorosamente no festival de Cannes em 2023, A Flor do Buriti foi filmado e roteirizado parcialmente pelo povo Krahô, no Norte Tocantins, os atores principais são da comunidade.

Com idas e vindas entre o presente e o passado, o filme mostra o modo de vida da comunidade fazendo corpo com e respeitando a natureza. Vemos também a violência à qual são submetidos, as invasões do seu território por fazendeiros, garimpeiros, e suas estratégias de resistência pela preservação da terra, da vida. A viagem para Brasília na luta contra o Marco Temporal e pelo respeito à demarcação da terra, tem a ver, além da luta dos índios, com a nossa sobrevivência no Planeta enquanto humanidade, diz a diretora brasileira Renée Nader Messora em entrevista à RFI. Quando estava contando o filme a uma criança próxima e querida, ela retrucou: “Por que os fazendeiros pensam que eles têm o direito à vida, e as árvores e os índios não”?

Direção luso-brasileira, João e Renée

A dupla já trabalhara em parceria com o povo Krahô e ganhara prêmio no Festival de Cannes em 2018, com “A Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”.

O diretor português João Salaviza explica a velha amizade de mais dez anos da dupla com a comunidade, que permitiu de “trazer a intimidade da comunidade em resistência a pensar e agir”. Se trata de um filme plural que viaja no tempo. Tem os anos 40 com o horrível massacre, cuja repercussão provocou a demarcação da terra, mas a que preço. Tem a entrada clandestina no território indígena de traficantes e ladroes de papagaios, e a organização dos índios para tentar vigiar e impedir a ação dos malfeitores. Nos anos mais recentes, houve a pandemia, a resistência ao governo Bolsonaro que negligenciou o cuidado e o respeito aos povos protetores da floresta; vimos em que estado deplorável se encontrava o povo Yanomani ao final deste mandato.

Fronteira entre ficção e realidade, cosmogonia dos indígenas

O filme retraça a relação da comunidade com o mundo espiritual. Os mortos e os animais estão presentes. Os primeiros são comemorados, vistos ou ouvidos por algumas pessoas, trazem informações sobre o futuro. A menina indígena que dorme mal, tem medo, é “diagnosticada” pelo tio, ela recebe imagens que foram vividas por uma avó. Essa sobreviveu quando criança ao massacre da comunidade, e foi testemunha, no seu esconderijo, das atrocidades cometidas pelo fazendeiro invasor e por seus jagunços. Com a ajuda do tio e da mãe, a menina se libera do medo.

Resumo do filme em uma gazeta: “Drama comovente que explora as tradições e lutas do povo Krahô do Brasil. Os diretores escreveram o argumento com membros da tribo. O filme chegou às telas em maio de 2024, leva-nos à floresta brasileira para acompanhar as lutas trans geracionais do povo Krahô contra as violências físicas ou institucionais que sofrem. O filme oferece um retrato fiel e poderoso dos desafios e da riqueza cultural deste povo.” 

A politica liberal destrói vidas e biomas

O Povo Krahô vive sem destruir a natureza que o protege e alimenta, em harmonia com ela. São os guardiões da floresta. Diferente dos “cortados”, como eles chamam aqueles que vivem destruindo a mata e com ela o oxigênio que respiramos... Podemos chamar de “cortados”, os políticos que são eleitos para servir ao povo, mas que só favorecem a si mesmos, e/ou a uma minoria privilegiada. O financiamento dos governos ao agro negocio tem acelerado a substituição da vegetação nativa, fundamental para reduzir enchentes... Neste sentido a atuação do governo Bolsonaro que “liberou geral” para desmatamentos, queimadas, que vendeu a nossa lucrativa Eletrobras a preço de banana para um grupo do qual faz parte as aves de rapina que depenaram as Americanas, tem recebido criticas; a atuação do prefeito de Porto Alegre do MDB, também tem sido criticada. Ele desmontou os serviços municipais de águas e esgoto e de drenagem urbana de Porto Alegre; assim como a atuação do governador do RS do PSDB que não abriu concurso para substituir os funcionários aposentados dos órgãos de fiscalização e de proteção do meio ambiente. Merecem nosso voto políticos que aprovem leis que protejam e melhorem a qualidade de vida da maioria da população.

Por: Drª Virginia Pignot - Cronista e Psiquiatra.

É Pedopsiquiatra em Toulouse, França.

Se apaixonou por política e pelo jornalismo nos últimos anos. 

Natural de Surubim-PE. Correspondente da França.




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