MULHERES: DA GRÉCIA AOS DIAS DE HOJE

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 “Você pode ignorar a realidade, mas não pode evitar as consequências de ignorar a realidade”. (Ayn Rand)

Arlinda Lamêgo.



No século XXI, verificam-se violência contra mulher com feminicídios, espancamentos, estupros, discriminações, abuso de poder e sexual por machismo. As raízes da cultura ocidental estão fincadas na Grécia clássica. Filósofos elaboraram ideias que atravessaram séculos nas percepções do pensamento humano. A genialidade dos filósofos Platão e Aristóteles influencia a sociedade até hoje. Para Tomás de Aquino, Agostinho e Tertuliano, a mulher é um ser incompleto, defeituosa no corpo e no espírito, um descuido da natureza, perigosa. Estava na lista dos escravos e aleijados, sem direitos. 

A mulher ainda não pode sacerdotisa, bispo ou papa na Igreja Católica.  A um tempo curto, a mulher não podia ter carteira de motorista conta bancária, passaporte sem autorização do marido. 

Os alicerces da filosofia e da teologia, Aristóteles (384-322 a.C.) e Tomás de Aquino, frade dominicano do século XIII, o maior filósofo e teólogo medieval, popularizou o aristotelismo no Ocidente.  Para ele, a mulher é um homem fracassado, o homem é detentor da razão e mais inteligente que a mulher. 

Aristóteles foi influenciado pelas contingências sociais de sua época. Seu ensaio sociológico e estudo comportamental humano “A Ética a Nicômaco” o colocou na eternidade. Nada o superou, nem Shakespeare, a Renascença, o Iluminismo, que também foram influenciados e condicionados ao passado clássico grego.

Aristóteles levou à aceitação passiva um inconsciente coletivo por séculos na sociedade até os dias de hoje. Seus fundamentos sustentam o machismo, a misoginia, o patriarcalismo, o feminicídio. De Aristóteles, recebemos a lógica, a metafisica, a ontologia da natureza política, e princípios éticos fundamentais.  Aristóteles rechaça a igualdade dos sexos nas bases biológicas, ao dissecar animais. Para ele, homens têm thumos, ardor, são quentes e as mulheres têm andreia, são frias, incapazes de governar e de tomar decisões. Devem se recolher ao lar, afastadas da vida urbana, silenciosas, obedecer a pais e maridos em uma relação hierárquica superior/inferior. A virtude está na mediania”, no justo meio... os extremos são defeitos a serem evitados, em tudo!

Aristóteles diz que cada um tem seu lugar no universo. Defende a escravidão e deprecia a mulher. O escravo é ‘ferramenta viva’ ou ‘ferramenta animada’, a democracia é perversão, “não há governo de um só homem”. A classe dominante sustenta as ditaduras e formas de governo. O escrevo não faz parte da vida humana” (cap. X, nº 6, p. 228). o melhor regime político-administrativo é a monarquia e o pior, a democracia, mesmo que a maioria lhe chame ‘governo do povo’ e seja “governo da maioria”.  O escravo nasceu com ‘alma de escravo’, destituído de alma noética, ou seja, incapaz de fazer ciência e filosofia. O caráter da mulher é inferior ao insignificante escravo. O corpo feminino está dotado de um cérebro menor, sem capacidade racional e intelectual. 

Por: Arlinda Lamêgo - Recifense, Médica, Escritora e Poeta.



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