REVESTINDO-SE DO NOVO

0 Comments
Ronnaldo de Andrade.


Dos Grilhões ao Infinito é um título autoexplicativo deste segundo livro de SPINAS do sensível poeta Lázaro, que será publicado no segundo semestre. Sendo ele o primeiro do gênero seguindo a estrutura do Colar de SPINAS, que nada mais é do que um conjunto de oito SPINAS com suas regras definidas e próprias (ver regras do Colar). Como é experiente versejador, tomou para si a responsabilidade de trazer à luz os conjuntos de textos que o leitor encontrará nas páginas à frente.

Esta nova obra não fala só de luta pela liberdade, do preconceito, da injúria racial. Refere-se também ao amor, às vivências conflituosas e afetuosas. Contudo, é latente a dor encontrada em alguns textos, é como se ouvíssemos um grito de lamento vindo de alguma senzala ou porão. Ouvimos o barulho da chibata estraçalhando o vidro do silêncio e assustando o “Pássaro,/ sinônimo da/ Pura liberdade, beleza/”, como podemos ler no SPINA IV do Colar intitulado Silêncio. É um silêncio que geme e chora sem perder a esperança de ser livre qual os passarinhos que vivem soltos cantarolando de felicidade. Livre de corpo, alma e pensamentos. Livre como as águas que passam sem obstáculo pelo rio e desaguam no mar. Livre sem grilhões que o aprisione, como aprisionaram nossos ancestrais. Com asas belas e fortes como têm e são suas poesias 

O professor e escritor português, J. Leite de Vasconcellos, escreveu que “A poesia é uma necessidade da alma. Se, pela índole dos assuntos que trata, ela pode ser um instrumento de Progresso, e é em todo o caso um documento de inteligência humana”. Inteligência essa que o poeta mineiro, formado em Letras, Lázaro Noé do Nascimento, não deixa a desejar, pois ele em um Spina do Colar “Dos grilhões ao infinito” afirma assim: “Recuso-me aliança com o tormento” e mais abaixo, como quem está sentindo o bálsamo da liberdade, verbaliza: “Entreguei ao mar minhas correntes”. Não aceita continuar preso, se despe das crenças limitantes, abandona velhos hábitos e renasce com a esperança renovada.

O Poeta Lázaro se reveste do novo momento poético para nos agraciar com seus Colares de Spinas, construídos pacientemente e com amor, porque “Quando o coração aprende amar,/ Não existe depressão nem ansiedade,/ Nem dores do passado obscuro.../ Lição aprendida, escola da vida/ Tirando todos do triste escuro.”  Como podemos ver, segue o poeta consciente da lição aprendida e enxergando o amor de uma outra maneira: Sublime! Já não sofre pelo que aconteceu no passado. Olha para o futuro com otimismo.

Os poemas desse livro formam colares primorosos, com temáticas que nos remetem à escravidão, à persistência, ao belo contato com a natureza, ao amor, às batalhas travadas consigo para não deixar de acreditar em dias melhores e, também, nos leva a Deus!

Fiquemos agora com dois SPINAS do Colar que dar nome ao livro:


III

Revelo divinos olhos

Manchados de sangue

Contido pela esperança. 


Confesso: não sou mais criança, 

Meus cabelos clarearam a alma, 

Com Deus firmei eterna aliança, 

Sem retorno, renasci ao universo,

No universo minha alma descansa.



IV

Renasci pelo amor

Gestado pelo tempo

Em ventre eterno...


Detestaria descer ao inglório inferno,

Quando me levantam os divinos seres,

Atrai-me regressar ao domicílio paterno,

Longe das hereditárias dores marcantes,

Sem desfalecer-me verão ou inverno.


Em uma nova edição deste periódico publicarei as regras do Colar de Spinas junto com um Colar para facilitar sua compreensão.  

Excelente mês de julho para todos nós!

Por: Ronnaldo de Andrade - Poeta e Professor, tem quatro livros publicados 
e organizou quatro antologias de poemas SPINAS.


You may also like

Nenhum comentário: