CARTÃO POSTAL

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Malude Maciel.


Quando recebemos visitas de outras plagas, quando o turista chega em nossa terra, normalmente queremos mostrar os pontos pitorescos de nossa cidade, os lugares mais bonitos, aprazíveis, diferentes, marcantes, cheios de belezas e curiosidades. Assim acontece em toda parte do mundo. Aqui, em Caruaru, houve um tempo em que o Morro do Bom Jesus fazia esse papel exemplarmente, pois, subíamos pelas escadarias contando os degraus e parando para tomar fôlego e contemplar a paisagem ou íamos de carro pela rodagem. Era uma maravilha de passeio!

Lá em cima encontrávamos a igrejinha centenária, de Santa Luzia, no topo, com o cruzeiro e aquelas enormes pedras com os mirantes de onde avistávamos a cidade inteira e mostrávamos aos visitantes onde ficava esse ou aquele edifício, apreciando-se o conjunto arquitetônico, pois há mais beleza observando do alto. Ali, a vegetação é rústica e seca, natural da nossa Capital do Agreste e, sem dúvida deixávamos impressionados os convidados desfrutando, daqueles momentos de contemplação e de aventura saudável para o corpo e para a alma, afinal, nas altitudes naturais nos sentimos mais leves e mais perto do céu. (Rezam as Escrituras que Jesus sempre procurava se refugiar num monte para orar).

Guardo na memória alguns passeios esplêndidos ao cume do morro, tanto nos tempos de criança, como na companhia de meu marido e filhos. Lembro também das vias sacras que nós acompanhávamos pelas ladeiras, monte acima, junto com as colegas do Colégio Sagrado Coração e familiares. O pároco e o pessoal da igreja faziam o cortejo, parando nas estações e celebrando os rituais inerentes da Paixão de Cristo. Era um sacrifício gostoso!

Sei que tudo continua em seus lugares, mas extremamente diferente; o tempo não é o mesmo, a época é outra, cheia de receios e reclusões. Preferimos ficar dentro de casa, cumprindo um adágio que diz: “boa romaria faz, quem em sua casa está em paz”. Todo mundo teme ser assaltado naquele lugar e a TV tem mostrado reportagens sobre agressões sofridas naquelas imediações. A situação, piora nos tempos de chuvas quando dificulta mais ainda a vida do pessoal. A imagem não é mais a mesma de outrora, o perfil também. As necessidades são muitas. Ainda bem que a diocese tem feito um trabalho digno de respeito naquele setor, no entanto, sentimos saudades do que considerávamos um local privilegiado, quase sagrado, que era o melhor cartão postal da nossa terra. 

O Morro também já foi muito temido pelos moradores em geral pelo fato de que apareceram uns estrondos na cidade, uns tremores de terra e os habitantes sofrerem,  temendo que algo tenebroso acontecesse e, se acusava o morro como principal fator dos abalos que tanto apavoraram os cidadãos. Muita gente vendeu casa, negócio e mudou daqui achando que aconteceria uma catástrofe.

Têm acontecido encontros de representantes dos mais diversos seguimentos da sociedade, associações, instituições, entidades administrativas para debater a respeito da revitalização do Morro Bom Jesus onde foram projetadas algumas providências para o Centro Cultural Morro Bom Jesus com o engajamento de todo o povo caruaruense. Isto nos deu ânimo e esperança de que as coisas melhorarão e retornaremos a ver o morro como um lugar ideal para passeios ecológicos e vista das belezas de Caruaru, especialmente com uma comunidade educada e orientada para atrair o turista com o folclore regional.

Agradecemos a Deus por essas iniciativas a fim de que volte aquele recanto abençoado, a ser cantado e decantado pelos poetas e seresteiros como na música popular que o cantor Azulão tão bem executa falando no Bom Jesus do Monte que representa um marco nessa terra dos avelozes esmeraldinos.

Cabe às autoridades transformarem o “Monte” em cenário lindo, com pintura da capela, policiamento, atrações diversas (quem sabe um periférico) para que se reconstitua o melhor cartão postal dessa “terrinha santa”, que tanto amamos.

Por: Malude Maciel - Jornalista, Escritora e Membro da ACACCIL 
Cadeira 15 – Profa. Sinhazinha.


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