FIM DE SEMANA CULTURAL EM PARIS

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O Rei  

Nossa filha mora na Paris Metropolitana, a 700 km de Toulouse, onde moramos e ela nasceu. Ela acompanha o programa cultural da cena parisiense, nos informa, e oferece assim oportunidades de vir vê-la. Foi assim que cheguei ao show de Roberto Carlos Lhe Ofereço Flores, no Teatro Adidas Arena em 28 de setembro último. O descritivo do teatro evoca “Uma noitada excepcional com este ídolo da música brasileira, que traz um painel de sonoridades indo da bossa nova dos anos 60, às baladas românticas dos anos 70. Seu repertorio evoca a fé, a família, mas principalmente o amor, e continua a ninar hoje um público internacional.”

O “Rei” avança na idade mas sua voz continua potente e melodiosa, e ele guarda boa memória dos textos para dar o seu recado de tolerância, amizade, fé, esperança. Ele mantém um contato excelente com o publico, contando histórias de músicas, da sua experiência íntima pessoal, de musas inspiradoras. Tive a impressão que ele permanece um homem humilde, que sabe reconhecer o valor dos músicos que o acompanham, do publico que lhe “alimenta” literalmente e com o carinho que  lhe dá. Além de se despedir oferecendo muitas flores lindas e verdadeiras no fim do show, soube que o Padre Julio Lancelloti, que organiza o preparo de refeições para moradores de rua de S.Paulo, pode contar, sempre que precisa, com doações financeiras do “Rei”, para permiti-lo de continuar a sua obra de caridade.

Palco de muitas emoções e de belas histórias

Fui com minha filha Marianne que na lista de músicas que fez para os filhos incluiu “Como é grande, o meu amor por você”. Marcamos para encontrar la com duas grandes amigas, Ísis, e sua filha Clementine. Ambas vieram da Côte d’Azur, de Antibes e de Nice. Amizade que data dos anos oitenta, quando moramos no Rio, e nossos filhos estudaram juntos no Liceu Molière. Isis tinha assistido shows de Roberto Carlos no Canecão, nos anos 70, quando ainda era solteira. Só agora, 50 anos depois, reviu pessoalmente o seu ídolo, do qual ela é mais que “fã de carteirinha”. Tatine, como os amigos que a conheceram pequena ainda a chamam carinhosamente, cresceu ouvindo a mãe cantar Roberto Carlos, conhece músicas dele, e quis acompanhá-la para vê-lo e ouvi-lo pessoalmente pela primeira vez. La encontramos uma jovem amiga de Ísis, Lane, uma nordestina “puro charme” que trabalha para uma grande empresa francesa na Côte d’Azur. Ela assistia todo ano o Especial de Roberto Carlos na televisão com sua mãe Fátima, e nos falou disto com lágrimas nos olhos de emoção. Escolheu seu presente de aniversario: ir à Paris para assistir o show, em homenagem a esses dois ídolos seus, sua mãe de quem esta geograficamente afastada, e o “rei”.

A Dança

O outro espetáculo deste programa cultural foi a apresentação do Ballets Jazz Montreal no Teatro do Chatelet, intitulado “Dança-me”, com música de Leonardo Cohen, poeta canadense conhecido internacionalmente. Este balé de dança contemporânea foi fundado em 1972. Como o Grupo Corpo, de Minas Gerais, o grupo cria, produz e apresenta seu repertorio original, acessível a todos os públicos e reconhecido pela excelência da sua interpretação, com representações em 60 países. 

As obras do grupo trazem humanidade, emoção, habilidade técnica. As peças são com frequência multidisciplinares, misturando outras disciplinas artísticas como teatro, vídeo, canto. Por exemplo uma bola de luz é jogada com maestria e humor pelos bailarinos, ou numa cena urbana os bailarinos engravatados atravessam uma rua cuja faixa pedestre é feita de barras de luz; duas músicas de Leonardo Cohen foram cantadas in solo: Halleluyah, e So Long.

Ballets jazz de Montreal é considerado um dos principais embaixadores da dança e da vitalidade artística canadense no mundo.

Nem só de arte se vive

Neste fim de semana prolongado, além da participação a esse programa cultural, o tempo foi preenchido com tarefas de avó. Levar um neto para o catequismo, outro menorzinho para o “Despertar à fé”, brincar de esconde-esconde, ensinar a andar de bicicleta…

E assim vai se levando a vida, como canta Zeca Pagodinho, “Deixa a vida me levar, Vida leva eu”.

Obrigada pela leitura, um abraço.

Por: DRª Virginia Pignot - Cronista e Psiquiatra.
É Pedopsiquiatra em Toulouse, França.
Se apaixonou por política e pelo jornalismo nos últimos anos. 
Natural de Surubim-PE


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