'TURISMO' TÓQUIO: ENTRE TRADIÇÃO, MODERNIDADE E UM ENCONTRO COM A SERENIDADE

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TÓQUIO – Poucas cidades no mundo conseguem unir com tanta maestria o passado e o futuro como a capital japonesa. Aqui, a organização e a disciplina se refletem em cada detalhe, desde o trânsito, que segue a mão inglesa, até a pontualidade impecável dos transportes.  

Meu dia começou cedo, às 5h, com um café da manhã reforçado. O itinerário era intenso: visitas a museus e, em seguida, a longa jornada rumo ao Aeroporto de Narita para um voo de 13 horas até Doha, seguido por mais 14 horas até São Paulo. Mas, antes de deixar a cidade, um momento único já fez valer a viagem: sobre um viaduto, ao longe, avistei o majestoso Monte Fuji, imponente com seus 5.000 metros de altura cobertos de neve.  

Tóquio, que no passado se chamava Edo, contrasta com a antiga capital imperial, Kyoto. Em 1709, o Monte Fuji sofreu uma grande erupção, deixando marcas na história da região. Hoje, a cidade é um polo econômico e cultural, onde a tradição convive em harmonia com a modernidade. Os executivos mantêm um dress code impecável: ternos escuros, camisas brancas e gravatas pretas. Apesar da baixa poluição, muitos ainda usam máscaras, reflexo da preocupação com a saúde em uma metrópole que recebe gente de todo o mundo.  

Minha primeira parada foi o Edo-Tokyo Open Air Architectural Museum, um verdadeiro mergulho na história. O museu ocupa 70.000 m² e preserva 30 construções originais do Período Edo, incluindo antigas residências com réplicas realistas de seus habitantes em suas rotinas diárias. Logo na entrada, uma ponte reconstruída recria a antiga passagem para Edo, um detalhe que adiciona ainda mais autenticidade à experiência. Ao sair, fui surpreendido por uma apresentação de música tradicional japonesa, um privilégio inesperado.  

Segui para o National Museum of Western Arts, onde obras icônicas de Diego Velázquez estavam em exibição. Quadros imensos retratavam cenas da vida de Jesus Cristo, além de belas representações de Maria Madalena. Do lado de fora, o ambiente era vibrante: famílias faziam piqueniques nos jardins do museu, enquanto senhoras japonesas, vestindo quimonos elegantes, passeavam tranquilamente.  

Essa atmosfera de paz e organização me trouxe à memória outra grande viagem que fiz: um percurso épico de Ushuaia, na Terra do Fogo, até o extremo norte do Alasca. Durante seis meses, atravessei 17 países, sentindo a diferença a cada fronteira. No México, percebi uma melhora na estrutura, que se acentuou nos Estados Unidos e alcançou o auge no Canadá, onde tudo parecia funcionar em perfeita harmonia. Tóquio me proporciona essa mesma sensação de equilíbrio e serenidade.  

Na hora do almoço, o grupo encontrou uma feira gastronômica local, mas preferiu ir ao Starbucks ao lado. Fui o único a optar pela experiência autêntica, saboreando um prato tradicional japonês com arroz, molho, saladas e uma deliciosa sopa de cogumelos. Para mim, provar a culinária local faz parte da imersão cultural.  

Antes de me despedir do Japão, recordei uma tradição fascinante de Kyoto: no dia 16 de agosto, a cidade se ilumina com o festival Gozan no Okuribi, quando cinco fogueiras gigantes em forma de ideogramas são acesas nas montanhas ao redor. O ritual, carregado de simbolismo, guia os espíritos dos ancestrais de volta ao outro mundo após visitarem seus familiares.  

Por fim, um compromisso importante precisou ser adiado. Recebi a notícia de que teria uma audiência com o Papa Francisco no dia 9 de maio, mas uma emergência médica me impediu de comparecer. Agradeço à Sra. Ivone Ianotti, secretária do Vaticano, por seu empenho em agendar o encontro e espero ter essa oportunidade no futuro.  

Tóquio me encantou com sua fusão perfeita entre tradição e tecnologia. Uma cidade que pulsa com inovação, mas preserva suas raízes. E, acima de tudo, um lugar onde, mesmo em meio ao ritmo acelerado, ainda se pode sentir a serenidade de um eterno domingo.













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