ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE

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José Nivaldo Júnior.


Estive recentemente em Surubim, a convite do professor Avaci Xavier. Participei de um evento criativo e inspirador, um bate papo com professores, alunos, convidados e visitantes na ETE Antônio Farias.

Registro o valor da iniciativa, que abre a escola ao debate de experiências bem sucedidas nas mais diversas áreas do conhecimento e da atividade profissional.
Ampliando as dimensões da troca de informações e dos limites do aprendizado. Sinalizando um novo caminho para o modelo educacional.

Voltar a Surubim é sempre uma emoção. Discutir minha vida e obra, fez cair a ficha de muitas realidades pouco ou mal percebidas por mim mesmo.

A pauta da conversa, o questionamento pertinente de Fernando Guerra sobre “O Julgamento de Deus”, as intervenções da plateia, tudo contribuiu para um mergulho no passado e para o esclarecimento de muitos aspectos.

O primeiro registro: toda a minha base educacional, cultural e de visão do mundo foi construída aqui.

Estudei na Escola de D. Letícia Medeiros, onde aprendi as primeiras letras.

Frequentei por pouco tempo o Colégio N.S. do Amparo, na turma pioneira de alunado misto.

Fiz o Exame de Admissão e o então Curso Ginasial no Pio XII.

Convivendo com o povo, na feira, nas fazendas, no consultório dos meus  pais; conversando com pessoas das mais diversas condições sociais, formei a base do meu caráter, personalidade e visão do mundo.

Pude dialogar com a plateia acerca do perfil da ditadura militar, a censura que impunha sobre a criação artística e a perseguição a quem pensasse ou agisse diferente. Falei de cassações de mandatos legítimos, sequestros, torturas, assassinatos cruéis. A ditadura é sempre um mal, desnecessário.

Falei da resistência à tirania e sobre a reconquista da liberdade, que é o maior bem da terra.

Confessei que “1964, O Julgamento de Deus”, um livro 100% surubinense, na verdade é um desdobramento de “Terra de Coronel”, consagrado romance do meu pai.

A exemplo do que ocorreu declaradamente com “O Atestado da Donzela 2”. A primeira vez na literatura que um filho escreveu a continuação de um romance do seu pai.

Ambientados no Cedro, distrito de Limoeiro e sua terra natal, os “Atestado”, o dele e o meu, incorporam muitas figuras típicas de Surubim.

Comentei com a plateia os episódios que fizeram com que os meus romances contem histórias que acontecem no interior, porém repercutam nos principais lugares e interfiram nos destinos do mundo. É talvez a principal originalidade deles. Fruto de vivências que ocorreram em Surubim, na minha juventude.

Reafirmei que é impossível separar nos romances o que é realidade do que é produto da mais pura imaginação. É essa mistura que cria a boa ficção, capaz de prender, encantar, emocionar o leitor.

O que vivi e aprendi no interior constituem a matéria-prima dos meus romances, até agora. E ainda há muito para ser explorado. O filão está longe de se esgotar.

PS. Estava concluindo este depoimento quando recebi consternado a notícia do falecimento da grande matriarca Maria José Medeiros. Uma mulher extraordinária, exemplo e modelo para muitas gerações.

Personagem da vida real que parece produto da mais refinada ficção.

Obrigado a ela pelo que me acolheu e inspirou.

Minhas sinceras condolências à sua numerosa e digna descendência.

Por: José Nivaldo Junior - Publicitário, Escritor, Membro da Academia Pernambucana de Letras e Autor do Best-Seller internacional “Maquiavel, o Poder”



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