Artista reinventa-se com talento da infância

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Sucesso na 18ª edição da Fenearte, as peças em madeira feitas pelo artesão Sinvaldo Nóbrega, conhecido como Bolinha, são das mais prestigiadas do Nordeste. Em sua residência, no bairro Cidade Alta, em Limoeiro –PE, Bolinha mantém uma oficina onde cria, inventa e retrata personagens míticos da cultura nordestina.

Ex-gerente do antigo Bandepe (hoje Santander), onde atuou por 30 anos, o artista se aposentou em 1996, há 21 anos. Durante todo esse tempo, ele aproveitou para reinventar seu talento adormecido desde a infância. O pai de Bolinha, Júlio Nobrega, era caminhoneiro. Portanto, o garoto fazia os caminhões de madeira e vendia aos colegas. À época, não havia ônibus e, para ir para o Juazeiro do Norte, tinha que ser no caminhão. Havia aquela coberta e bancos no caminhão. “Eu fazia a mesma coisa; fazia o caminhão, colocava aquela cobertura de lona, os bancos e os bonequinhos de madeira. Então começou ai né! Depois fui para banco em 1967, quando eu terminei o ginásio no Colégio Marista, em Surubim”, conta Bolinha.

Daí, ele resolveu morar em Limoeiro e ingressou na carreira bancária. “No banco a gente não tem tempo de ir nem no banheiro. Então, depois de 30 anos, quando eu me aposentei, coloquei aquilo para fora; a arte de reinventar a vida e fazer história”, explica.

Bolinha começou a fazer suas obras de arte para presentear as pessoas. Em geral são réplicas de Lampião, Maria Bonita, e trio de forrozeiros. Dessa forma, seu trabalho ficou reconhecido internacional. Ultimamente ele fez uma exportação para o Canadá “e eu estou mandando para vários países”, comemora.

Com um toque artístico singular, o artesão preocupa-se com o meio ambiente. Por isso trabalha ecologicamente correto com madeira de reflorestamento, fazendo seus bonecos com eucalipto e pinho. Além de não agredir a natureza, preserva a mata nativa.

A divulgação maior do trabalho do artesão se deu quando ele concedeu uma entrevista ao jornal do Bandepe. “Aí eu comecei a fazer os folders, rebusquei o sonho de criança para representar a nossa cultura regional, gerando um negócio sustentável a partir da arte. No final da entrevista a entrevistadora perguntou qual é o recado que eu tinha para os colegas aposentados e eu disse: ‘utilize o seu tempo de forma saudável, de forma criativa e, assim, renove- se”.

Bolinha se diz uma pessoa realizada. “Agradeço muito a Deus porque, imagina, eu aposentado esperando a morte chegar e graças a Deus peguei essa arte que para mim é uma terapia. Eu adoro. Eu faço com maior amor do mundo”, declarou. Sinvaldo Nóbrega é natural do município de Surubim.




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