Nenhuma cidade nasce por acaso, em cada surgimento tem uma história de lutas, conquistas, não é diferente em Surubim. Antes de sua emancipação política, pertencia   a cidade de Bom Jardim,  município circunvizinho,  que por ironia do destino, hoje Surubim apesar de ter sido seu distrito, é uma cidade muito desenvolvida, em termos  econômicos e culturais.

Surubim faz parte do Polo de Confecções do Agreste, também é conhecida como a  Capital da Vaquejada, terra de Chacrinha e de Capiba, e  de tantos surubinenses que construíram a história do município. Entre eles, o Senhor Antônio José de Arruda, Antônio Justino, como era conhecido. Segundo seus parentes e amigos,  era uma pessoa obstinada, além de seu tempo, e que queria ver a Vila de São José prosperar, que hoje  é o bairro de São José, no centro  de Surubim.

No último sábado (06) a família de Antônio Justino resolveu fazer uma homenagem ao surubinense que, se estivesse vivo, completaria 130 anos na mesma data. Sobre a homenagem, Maria José  de Arruda, conhecida por Moça, neta de Antônio Justino, disse que esta homenagem era um sonho da família, principalmente por parte de Inês e Ilaíse Arruda. “Não tem felicidade maior nesse momento do que trazer a Surubim o resgate histórico de Antônio José de Arruda, Antônio Justino. Acreditamos que estamos trazendo para Surubim não apenas um passado presente, mas um legado a toda comunidade surubinense deixado por ele.

A homenagem a Antônio Justino recebeu também o incentivo do surubinense Edvaldo Clemente, através de seu projeto “Minha Rua tem Memória”, que tem por objetivo resgatar a memória histórica da cidade de Surubim. Segundo informações do site “Minha Rua Tem Memória” Antônio Justino foi muito importante para a construção da  História de Surubim. Ele tinha características de uma personalidade diferenciada, um espírito empreendedor, corajoso, audacioso. Foi o primeiro surubinense a possuir um carro, inclusive ele adquiriu também um ônibus para transportar passageiros, através de sociedade  com uma empresa de transportes coletivos. Antônio Justino  carregava também o desejo de muitos outros moradores do distrito de Surubim, na época, e que antes mesmo da construção da estrada que ligaria Surubim a Bom Jardim, este surubinense e alguns outros, já haviam desbravado não só este trecho como outros percursos que levariam as atuais cidades de Salgadinho, Frei Miguelinho,  Casinhas, Vertente do Lério, bem como ao Tambor, zona rural que pertence a Vertente do Lério.    

Antônio Justino era comerciante e negociava com couro. Ele tinha tanto interesse que  Surubim se desenvolvesse que em 1925, ainda segundo o site de Edvaldo Clemente, ele trouxe para Surubim  um Cinema Mudo, que na época fazia muito sucesso, e que foi um diferencial para o lugar, algo inusitado, era sem dúvida um homem a frente do seu tempo. O Cinema Mudo ficava na atual Rua Quinze de Novembro, número 44, era, na época, uma casa simples e comprida, com duas portas e um salão, cujo primeiro operador foi contratado por Antônio Justino. Antônio Justino  também  foi importante na ascensão da Vila São José, além de trazer o primeiro Cinema Mudo para o local, também foi pioneiro ao trazer o motor de luz para a Vila São José. “ Com ele a Vila se transformou, progrediu, sua audácia clareou casas, ruas, corações e mentes,” explica um de seus parentes.

A homenagem ao ilustre surubinense aconteceu no último sábado, das 16h às 18h30,   em frente à Igreja de São José, no centro de Surubim, e foi  fixada uma placa onde ele residiu, hoje a Cognati Aliança de Ouro em frente a referida Igreja. Estiveram presentes parentes e amigos, e o cerimonial foi realizado por Roberto Pessoa. Surubinenses e familiares também  compareceram a cerimônia. A família ficou emocionada durante a bonita homenagem, abrilhantando o evento, o coral da Escola de Referência Severino Farias regido por Célia Farias.

Impulsionada pelo projeto do Sr. Edvaldo Clemente, “MINHA RUA TEM MEMÓRIA”, Maria José Arruda (Moça), encabeçou no início do ano 2018, o conselho da Psicologia: O passado deve ser visto como um professor de coisas boas. Desafiada a um trabalho de resgate à memória de Antônio Justino reportou-se à sábia afirmação de um escritor cuja identidade não lembro, mas diz assim: “Não imobilizes a memória em caminhos percorridos. O passado pode e deve ser consultado a fim de clarear as diretrizes do presente”. Utopia? Talvez... O sonho de Moça tomou corpo quando decidiu fazer a festa para homenagear o seu avô. É preciso arriscar, Maria José rebuscou artigos de décadas atrás sem repercutir como “coisa do passado” mas avivando-os com muita arte e pertença. Emitiu situações baseando-se em fatos reais que nos circundam e que podem ser tratados como focos informativos satisfazendo a curiosidade tão inerente a cada um de nós. O seu dinamismo contagiou! No desenvolvimento da história, destacou uma raiz existencial marcante na vida dos surubinenses: Antônio Justino! Revelando seus ancestrais, Moça estabelece laços de amizade impregnada no que o poeta Fernando Pessoa expressou: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Só se fala com entusiasmo daquilo que se conhece bem. Ela teve a coragem e humildade para pedir ajuda a pessoas mais conhecedoras da vida do seu avô, criando um clima de autodomínio. Por isso, Moça, você celebrou a vida na sua breve, porém, justa homenagem a Antônio Justino, homem empreendedor e humanizado. Eis um legado que viverá nas gerações atuais e nas gerações futuras.

Moça, o Espírito de Deus paira em você, inspirando-a para ações eficazes. Cultive-as! Acredite em seu potencial lítero-cultural e avance...

A festa simbolizou os familiares do seu avô. A festa foi deles, sua, nossa e de quem participou. A razão que justifica o evento está na frase de Rubem Alves: “Quem é rico em sonhos não envelhece nunca”.

Abraços Tia Ilaíse.