'OPINIÃO' MINHA DUPLA NATURALIDADE

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José Nivaldo Junior - Publicitário, Escritor, Membro da Academia Pernambucana de Letras e Autor do Best-Seller internacional “Maquiavel, o Poder”
Nasci em dia de sábado, em julho de 1951, no Recife.

Nascer é circunstância. Na época, os meus pais, o casal de médicos Neíse Gondim de Souza e José Nivaldo, moravam em Surubim, para onde vieram logo depois de formados e casados. E aqui viveram todo o restante de sua vida longa e produtiva. Aqui morreram. Aqui estão enterrados os seus corações.

A questão é que a maternidade Nossa Senhora do Bom Despacho ainda encontrava-se em construção. Para não assumir a responsabilidade do parto do primogênito, os meus pais preferiram que fosse nascer no Recife.

Era inverno. Na época, muitas vezes, as chuvas interrompiam as comunicações rodoviárias por dias e até semanas. Então, precavidamente, lá se foi minha mãe com antecedência para a capital, onde vim ao mundo.

Tão logo as águas baixaram vim para Surubim. Aqui me criei. Aqui passei a infância e parte da juventude. Aqui estudei com D. Letícia Medeiros e depois no então Ginásio Pio XII.

Foi em Surubim que descobri os melhores valores da sociedade brasileira. Nas feiras, mergulhei na cultura do povo. Na convivência com pessoas de todas as condições sociais, descobri a alma e os contrastes do Brasil. Aqui construí as mais fiéis amizades, que são as da infância.

A bagagem cultural que aprendi em Surubim me renderam dois romances (“O Atestado da Donzela 2” e “1964, O Julgamento de Deus”, e tem material para mais), que me levaram à Academia Pernambucana de Letras.

Assim, considero-me surubinense da gema. Tanto que cometi a grosseria com o querido amigo Flávio Guerra, que nos anos 90 do século passado me concedeu o título de Cidadão Surubinense. E recentemente com um grupo de vereadores amigos que queriam generosamente promover a entrega do título.

Aproveito para agradecer a eles e justificar minha atitude mais uma vez: receber este título significaria admitir para mim mesmo que não fui surubinense um dia sequer da minha vida. Algo impensável para o meu eu. Tenho dupla e indissociável naturalidade. Pertenço a duas localidades, Surubim onde fui concebido, e Recife onde nasci. Amo, respeito, valorizo as duas e delas me orgulho em igual intensidade. Sou, pois, um privilegiado: tenho duas cidades para chamar de minhas.

Por: José Nivaldo Júnior.


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