CHUVAS INTENSAS

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José Vieira Passos Filho.


Chamamos de chuva intensa, quando chove, em uma determinada localidade, acima de 30 mm em uma hora. Os desastres geralmente ocorrem com precipitações que chegam a 180 mm em apenas 24 horas (que deveriam ocorrer somente num ciclo de 10 anos). Nesse caso, as galerias, momentaneamente, ficam incapazes de coletar todo esse aguaceiro – as ruas transformam-se em coletores (a espessura da água pode chegar até 15 cm – sem atingir o passeio: é a prática). 

Tempestades são comuns, mas elas estão acontecendo com mais frequência, castigando principalmente as grandes cidades. É o clima que, já faz alguns anos, está apresentando mudanças. Isso seria natural, se levarmos em conta as estatísticas de milhares de anos, mas a acentuada agressão ao meio ambiente tem aumentado a periodicidade dos desastres. 

Trago esse comentário para nossa metrópole Maceió, que atingiu em 2014 a população de um milhão de habitantes. A cidade tinha em 1960 apenas 170.134 habitantes, - um acréscimo populacional de 500% em apenas 54 anos – estimo que Maceió terá três milhões de residentes em 2065.

Maceió se desenvolveu desordenadamente, sem um devido planejamento; isso porque a ocupação de seus espaços foi mais rápida que a capacidade de o poder público investir em infraestrutura: água potável, esgoto, drenagem pluvial, grandes avenidas para escoamento do tráfego etc.

O espaço urbano de Maceió, aquele que não devia ter sido ocupado – suas grotas e encostas, as margens da lagoa Mundaú, as áreas verdes dos principais loteamentos – foram tomados por mais de 120 aglomerados urbanos inadequadas – pasmem, muitos deles sendo urbanizados, quando deviam ter sua população removida para locais mais adequados.      

Maceió não tem tido grandes cheias nos últimos 15 anos. Seus pontos vulneráveis são perfeitamente conhecidos: Rua Miguel Palmeira, Mercado da Produção, muitas encostas vulneráveis pela ocupação urbana, ruas pontuais na bacia da Pajuçara, o transbordamento do Riacho do Silva. Mas a cidade está carente de um sistema de drenagem pluvial mais confiável devido a precariedade de suas galerias e canais, por causa da sua idade construtiva e seu sub dimensionamento, visto o adensamento urbano (aumento do run off)  

É tempo de planejar uma Maceió para a grande metrópole que deverá ser. Podemos ainda nos livrarmos dos problemas que estão afetando cidades como São Paulo – que deixou ocupar seus grandes vales - e o Rio de Janeiro, onde os morros foram densamente ocupados por favelas, responsáveis por fazer jorrar, com grande velocidade, os aguaceiros ladeira abaixo, promovendo as incontroláveis inundações.    

É tempo da administração pública – como foi feito no passado – construir uma equipe técnica de carreira e competente para promover o planejamento da Maceió do futuro.  

Por: José Vieira Passos Filho - Pres. da Academia Alagoana de Cultura, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Sócio Efetivo da Academia Maceioense de Letras, Sócio Honorário do SOBRAMES (AL), Sócio Efetivo da Comissão Alagoana de Folclore.




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